23 agosto 2006


o transe da transição
(em 23/02/2003)

a maior parte daqueles que apoiam o Governo Lula se nega a aceitar a realidade deste início de mandato, em que o único aspecto inquestionável é a continuidade da política econômica neoliberal de FHC.

como se estivessem em transe, recusam-se de todas as formas a reconhecer o óbvio : a esperança mais uma vez está sendo derrotada pelo medo, sendo que desta vez, dentro do próprio Governo.

o estado de negação produz raciocínios complexos para se justificar, numa vã tentativa de manter viva a esperança, mesmo que artificialmente.

assim surge a “teoria da transição”, segundo a qual em algum momento futuro enfim Lula abraçará os objetivos para o qual foi eleito, abandonando de vez a herança maldita de FHC.

“transição” é estabelecer um rumo e se colocar em marcha em direção a ele. e não andar de costas voltado para o passado, sem ousar encarar um futuro que se tem medo e incompetência para enfrentar.

para existir “transição” é necessário dar o primeiro passo, e não repetir uma trajetória que reconhecidamente nos lançará no caos.

o mais repugnante é que esta “transição” tende a se alongar mais e mais, até o absurdo de exigir sua continuidade num hipotético segundo mandato.

o Governo Lula erra.

e erram ainda mais aqueles que procuram defender o indefensável, ao invés de serem os primeiros a exigir que se cumpra a vontade das urnas.

cada dia perdido no patético transe de uma transição que ainda não se iniciou, implica não somente em desgaste futuro para Lula como no fortalecimento da Direita, que poderá retornar com ferocidade nunca antes vista no Brasil.

Lula tem um mundo a ganhar, mas parece determinado a botar tudo a perder ao se esquivar daquilo que se tornou : um símbolo vivo do desejo de mudança do eleitorado Brasileiro.

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