16 agosto 2006

não interessa

Olavo Setúbal afirmou, em entrevista à Folha de São Paulo em 13/08/2006, que “é claro que os juros podem e devem baixar”. agora, como? isso é problema do governo, não dele.

para o presidente do conselho de administração da Itaúsa, holding que controla o banco Itaú, “nunca o Brasil esteve tão bem como hoje”. exceto por um detalhe: a taxa de natalidade que “ainda cresce de forma absurda no Brasil”.

não resta dúvida que Setúbal tem todos os motivos para estar muito satisfeito com o país. o lucro líquido semestral dos cinco grandes bancos brasileiros (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Unibanco e Banespa) cresceu 132,5% do início do governo Lula a junho deste ano.

e é óbvio que os juros não são mesmo um problema para ele, já que as receitas de tesouraria (em sua maior parte decorrentes de aplicações em títulos públicos) no Itaú cresceram 335% entre junho de 2003 e junho deste ano.

como se vê, muito mais que a taxa de natalidade, o que cresce de forma absurda no Brasil é o lucro dos bancos. a consequência é baixo desempenho econômico, aumento do desemprego, da miséria e da insegurança pública.

mas Setúbal não está nem aí prá nada disto. e ao se importar com a taxa de natalidade é porque entende que o único modo de acabar com a miséria é impedir os miseráveis de nascerem.

sendo um legítimo membro das classes dominantes Brasileiras, Setúbal considera que não são de sua conta os problemas do país, tampouco os problemas da população.

problema dele são seus negócios particulares. já o bem estar público da sociedade em que vive, outros que tratem disto...

como os corsários que, nos primórdios de nossa história, aqui desembarcavam apenas para saquear o ”Pau-Brasil”, Setúbal pertence a uma classe cujo interesse único é colher os frutos de uma árvore que nunca plantou.

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