30 setembro 2018

Brasil em Transe: de novo, mas não a felicidade

30/09/2018


- o setor dominante no Brasil está mais uma vez circunstancialmente dividido, refletindo internamente, mas não de forma direta, a disputa global em curso: o mundo unipolar contra todos os outros mundos;

- estamos no epicentro de uma Guerra Mundial Híbrida. não uma guerra no mundo e sim uma Guerra de Mundos;

- o núcleo do setor dominante interno se compõe de banqueiros e rentistas, grandes empresas (inclusive mídia) não financeiras mas financeirizadas, exportadores de commodities e respectivas cadeias produtivas, os empreiteiros foram alijados enquanto usineiros tem participação secundária, o grande comércio varejista e o maior de todos os negócios da economia mundial: o Black Market;

{Black Market é o nome do jogo:

- grande parte da economia formal é mera fachada para um vasto e profundo mercado negro mundial, do qual o sistema financeiro faz a legalização dos lucros e deles se apropria em sua quase totalidade. ou seja, o Black Market é propriedade da Tirania Financeira Global;

- é através do intrincado enraizamento do Black Market na lumpenburguesia brasileira, que se encontra o mapa do caminho do Golpeachment. seus formuladores, seu objetivo, sua estratégia, seus patrocinadores e seu operadores. todos integrantes do mega cartel globalizado do grande business mundial;
}

- longe de ser um inesperado ponto fora da curva, Bolsonaro encarna fidedignamente as idéias e valores não apenas do grande empresariado, como os de seus associados e serviçais, deixando exposta a face horrenda da lumpenburguesia brasileira;

- para banqueiros, rentistas e exportadores de commodities, Bolsonaro é aceitável, por conceberem o Brasil unicamente como neo-colonial e semi-escravocrata, num projeto anti-Povo e anti-Nação;

- o setor financeiro global, a Tirania Financeira Global, fechou com o #EleNão, pois Bolsonaro é despreparado demais, inflexível demais e com acesso demais ao poder militar. seu governo será de uma explosiva e quase incontrolável instabilidade, incompatível com um saudável ambiente para a prosperidade dos negócios;

- o PSDB, seja com Alckmin ou qualquer outro, completa 5 eleições consecutivas provando não ter mais qualquer condição de ser o gerente da crise do Capitalismo no Brasil, como o foi nos anos FHC. a falta de inserção popular inviabiliza o PSDB como gestor dos conflitos sociais, para mantê-los pacificados;

- o Lulismo mais uma vez se oferece a esta função, sendo Haddad para este propósito o candidato quase perfeito. "quase" porque falta combinar com seus eleitores. Haddad eleito está condenado a cometer mais um estelionato eleitoral, tomando como uma de suas primeiras medidas a Contra-Reforma da Previdência, assim como Lula fez em 2003;

- com a inviabilidade eleitoral de Alckmin e o fracasso na decolagem dos diversos experimentos de terceira via, alguns setores do bloco dominante, alinhados com os mega interesses globais, tendem a apoiar Haddad, mas com muita reticência e sempre aplicando muita pressão para conservá-lo garroteado;

- já os setores do bloco dominante em torno de Bolsonaro preferem medidas drásticas e levadas a cabo de imediato através de violenta repressão;

- este é o pacto civilizatório em marcha: o consentimento em perder negociadamente quase todos os direitos e avanços, em troco de não perder tudo imediatamente sob muita truculência;

- tanto no Brasil quanto no mundo, há uma disputa dentro da classe dominante, se apenas por ela formos pautados, já estaremos derrotados de antemão;

- qualquer que seja o resultado das eleições, teremos muita instabilidade à frente, nenhum retorno ao "normal". nenhuma possibilidade de "ser feliz de novo", como se algum dia tivéssemos sido...
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28 setembro 2018

Brasil em Transe: gaseificação

28/09/2018


Janaína Paschoal (sobre a saúde de Bolsonaro) - 28/09/2018: "Gases não podem parar um Chefe de Estado."

28/01/2017: nada é exatamente o que parece ser. tudo é teatro de sombras. jogo de espelhos, miragens distorcidas. tudo são performances. manipulação de manipulações. reflexo infinito. um reality show dentro de uma gigantesca bolha, como num bizarro conto sci-fi.

Barroso - 26/09/2018: "Em 2008, tudo parecia ir bem. O Brasil tinha obtido um certo prestígio internacional. A Copa do Mundo ia ser realizada aqui, as Olimpíadas iam ser realizadas aqui. O Brasil reivindicava um assento no Conselho de Segurança da ONU. Mas a história é cíclica. Eu estou totalmente convencido de que, a partir do ano que vem, qualquer que seja o resultado [das eleições], o Brasil vai bombar. Tudo está por fazer. A gente apenas tem que acertar uma agenda suprapartidária e patriótica de transformações que o país precisa implementar."

30/01/2017: peças derrubadas. cartas embaralhadas. quem jogava contra quem? equipes ou duplas? um contra todos? todos contra um? todos contra todos? qual o objetivo? ainda havia regras naquele jogo? qual o nome daquele jogo?

José Dirceu - 24/09/2018: "Acho improvável que o Brasil caminhará para um desastre total. Na comunidade internacional isso não vai ser aceito. E dentro do país é uma questão de tempo pra gente tomar o poder. Aí nós vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar uma eleição."

02/02/2017:  como aquele interminável pesadelo tivera início? alguém ainda se lembrava? quando exatamente se desencadeou aquela maldita psi-op? um mundo surreal. uma sociedade hiper-normalizada. a verdade revelada por inteiro: todas as encenações eram verdadeiras.

General Azevedo e Silva, assessor especial de Toffoli - 17/09/2018: "O voto é secreto… mas a candidatura de Bolsonaro é viável.”

- barraca de rua. em 16 anos de atividade, nunca viu movimento tão fraco. não sabe o que fazer. largar tudo e voltar a ser empregado? mas não há emprego! vota em Haddad, por ser o candidato de Lula. entretanto, afirma que só o próprio Lula poderia dar jeito no Brasil;

- profissional liberal. em 35 anos nunca esteve tão ruim a demanda. militante histórico desde a fundação do PT. fechou com o PSOL (MG), com exceção do voto em Dilma para o Senado;

- faz panfletagens de Haddad nas periferias, muito embora nele não bote nenhuma fé;

- pegou o megafone e percorre as ruas clamando pelo voto nulo;

- não estão aí prá eleição, alienados em suas pautas setoriais e identitárias;

- aderiu ao BolsoNazi: já idoso, sem aposentadoria, sem emprego fixo, sem um rim, se vira como motorista de transporte escolar;

- jogou tudo pro alto e foi ser feliz de novo no meio do mato, para colher as últimas uvas antes do fim;

- sempre quis ser uma grande liderança, agora que chegou a hora esqueceu de combinar com a gastrite;

- parecia envolvido com os movimentos  sociais, até conseguir um contrato na administração pública;

- vota em Ciro, mas vai passar o dia da eleição em Miami;

- eleitor de Bolsonaro, convicto que a Globo e setores das próprias FFAA, a mando dos Illuminati, são os verdadeiros responsáveis pela facada;

- após disputar prova de ciclismo com 750km de percurso no exterior, na qual ficou em segundo lugar, largou a bicicleta, o emprego, o marido, o Brasil, e se mudou prá uma cidadezinha perdida no interior europeu;

- sócio de renomado escritório de advocacia. pato-amarelo apoiador do Golpeachment. sem nenhuma crise financeira, mas mergulhado na crise pessoal. abandonou a profissão, botou o mochilão nas costas e saiu à procura de rumo pelo mundo;

- um fanatismo tão completo, que caso Lula indicasse seriam capazes de votar até em Bolsonaro.

gases. gaseificação. em todos. por toda parte. decomposição. putrefação. nenhuma volta ao normal. impossível ser feliz de novo. não há retorno. não há saídas. nenhum futuro. apenas um karma instantâneo. sem misericórdia.

p.s.: fechamento! #EleNão! as cartas estão sendo atiradas na mesa. uma a uma. todas juntas e embaralhadas. quem se habilita a ler o jogo?










música: "INSTANT KARMA" John Lennon


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26 setembro 2018

Brasil em Transe: as portas do inferno

26/09/2018


nos aproximamos velozmente de um terrível e imediato futuro. ainda é possível evitá-lo?

após as Eleições de 2018, o Golpe de 2016 será legitimado. como nunca antes neste país está exposta a farsa eleitoral, urdida no conchavo dos gabinetes e tramada no acordo com a elite.

mais uma vez rifada como massa de manobra e usada como curral eleitoral, a frustração da população crescerá à Esquerda e à Direita.

eleitores de Haddad traídos por um novo estelionato eleitoral.

eleitores de Bolsonaro não apenas pela derrota nas urnas, mas em especial pela súbita retirada de apoio tanto do grande empresariado quanto de setores da alta oficialidade das FFAA.

como Haddad tem verdadeiro horror de pronunciar aquela palavra que considera "um pouco dura", quanto ao Golpe de 2016 pretende simplesmente virar a página.

o mesmo já ocorrido em relação a privataria tucana levada a cabo por FHC - este sempre muito combatido verbalmente pelo Lulismo, sem nunca nada de concreto contra ele ser encaminhado.

Haddad é Lula. e Lula é o Lulismo. sem qualquer diferença de si mesmos, muito embora o Brasil e o mundo estejam muito diferentes de 2003.

Haddad sonha ser um novo Lula, reeditando um acerto com o "mercado", agora sob a dramática denominação de "pacto civilizatório": a união contra a barbárie de Bolsonaro.

como se Bolsonaro representasse a si mesmo. como se Bolsonaro fosse uma exceção ou uma novidade.

mas a barbárie é desde sempre a experiência cotidiana para o povo pobre e negro, para as mulheres, indígenas, LGBT, num crônico massacre da população e da natureza.

como se a barbárie não tivesse nome e sobrenome, associados a inúmeros e enredados CNPJ.

a barbárie Bolsonaro é o tardio e necessário desmascaramento do grande empresariado brasileiro.

e é com este grande empresariado que Haddad pretende mais uma vez firmar um acordo.

será devorado. e junto com ele, todos nós.

Lula tentou até o último segundo um "pacto civilizatório" com os necrófilos. e a lumpenburguesia brasileira o enjaulou.

Dilma foi chutada para fora do Planalto. e ainda engoliu em seco e de cabeça baixa Bolsonaro dedicar seu voto ao Coronel Ustra.

então, Lula não conseguiu ir além de sussurrar entre lágrimas um patético: "chore, Dilma, chore!".

mas arrancar a máscara de Haddad não é tão difícil, basta dele cobrar qual sua posição frente a Contra-Reforma da Previdência.

sem aplicar as "medidas populares" e fazer o grande capital pagar o pato, a economia não vai se recuperar. como não se recuperou com o Pacote Levy, na reeleição de Dilma em 2014.

mergulharemos ainda mais fundo no caos: miséria, fome, saques, arrastões, falências, depressão, assassinatos, suicídios. haverá intensos distúrbios sociais e muita repressão.

nas ruas e nas redes, o povo unido clamará: "Bolsonaro! Bolsonaro!". como em 2015 clamou pelo impeachment de Dilma.

e desta vez com algo inédito e perigoso: quebra de hierarquia nas FFAA. de Capitão para baixo, Bolsonaro é mito em meio a tropa.

quando a chapa estiver fervendo, o picolé de chuchu tingido com anilina vermelha, Haddad, vai derreter rapidamente.

e pobre Manuela, no crepitar das chamas será muito tarde para lamentar o sequestro e deturpação do movimento #EleNão. embora nascido autêntico como luta das garotas, acabou apropriado e convertido em Cavalo de Tróia para o "pacto civilizatório".

os lemingues se suicidam? ou cada um deles cai do penhasco empurrado por todos os demais vindos atrás, sem verem à frente o perigo do precipício.

é assim que as portas do inferno se abrem.

"Então, são duas regras: quem ganha leva. Quem leva, respeita as regras do jogo e os direitos dos outros."

"A classe dominante não tem uma unidade. Há muita gente envergonhada com o que está acontecendo."

"Acho que nós viveremos a pacificação do Brasil após a eleições, sobretudo com a eleição do Haddad. [...] A radicalização que foi construída a partir do impeachment está chegando ao seu fim."

"[...] o fascismo foi a conseqüência de dois fracassos: o primeiro, dos revolucionários, que foram massacrados pelos social-democratas e seus aliados liberais; o segundo, dos liberais e social-democratas incapazes de gerenciar efetivamente o capital."  
Fascismo & Antifascismo - Jean Barrot/Gilles Dauvé

"[...] não é possível combater o fascismo senão enquanto capitalismo, senão enquanto forma mais nua, mais cínica, mais opressora e mais mentirosa do capitalismo.

Aqueles que estão contra o fascismo sem estar contra o capitalismo, que choramingam sobre a barbárie causada pela barbárie, assemelham-se a pessoas que querem receber a sua fatia de assado de vitela, mas não querem que se mate a vitela.

Querem comer vitela, mas não querem ver sangue. Para ficarem contentes, basta que o magarefe lave as mãos antes de servir a carne."

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23 setembro 2018

Brasil em Transe: o véu e o tapete

23/09/2018

a candidatura Bolsonaro presta um imenso e inédito serviço ao Brasil.

agora está em farrapos o fino, delicado e transparente véu, com o qual a hipocrisia brasileira sempre pretendeu manter oculta toda nossa barbárie atávica.

as idéias e os valores dominantes em cada época são as idéias e os valores da classe dominante naquela mesma época.

seja em qual for a época, a classe dominante no Brasil nunca deixou de ter idéias e valores racistas, elitistas, autoritários, machistas, homofóbicos, discriminatórios, preconceituosos, reacionários e de forte viés fascista.

com Bolsonaro fica exposta a face horrenda da lumpenburguesia brasileira.

longe de ser um inesperado ponto fora da curva, Bolsonaro encarna fidedignamente as idéias e valores não apenas do grande empresariado, como os de seus associados e serviçais.

no Brasil, a quase totalidade das instituições, durante quase todo o tempo, tem sido o suporte histórico e inabalável de nossa barbárie: desde as FFAA e o Judiciário até Igrejas, Associações Empresariais e Profissionais, grande mídia, partidos políticos...

mas a barbárie brasileira não poderia vir de tão longe, e ainda ser tão presente, caso não estivesse profundamente enraizada em nosso tecido social, nos corações e mentes não apenas da classe dominante, mas no próprio povo.

caso não estejam empenhadas num processo de luta emancipatória, amplas parcelas da população tendem a incorporar as idéias e os valores dominantes, tornando-se portanto num fator de sua própria subjugação.

com toda certeza, a maior de todas as nossas barbáries é a suposição de ser possível superar a barbárie através de algum "pacto civilizatório" com a própria barbárie.

exatamente este é o imenso, mas não inédito, desserviço que a candidatura Haddad presta ao Brasil.

mais uma vez se tenta a impossível varredura para debaixo do tapete, mas a barbárie sempre é demasiadamente presente para ser apenas ocultada.

tudo aquilo que Bolsonaro revela, Haddad pretende relevar.

Bolsonaro escancara, Haddad distribui máscaras e mais máscaras...

Haddad propõe mais um giro em falso em nossa exasperante tradição de modernizações conservadoras, transições tuteladas, conchavos de cúpula, revoluções palacianas, acordos de gabinete, pactos entre a elite.

em cada "pacto civilizatório", os desaparecimentos...

as unhas arrancadas, os olhos vazados, os testículos esmagados, ratos na vagina, empalamentos no pau-de-arara.

mais mortes violentas do que na guerra civil na Síria. o perene genocídio do povo pobre e negro. a execução dos travestis. a opressão das mulheres. o extermínio dos povos originários. o holocausto da população e da natureza.

no fundo, no fundo, bem lá no fundo, a gente gostaria de ver nossos problemas resolvidos por decreto. extinto por lei todo o nosso problema, maldito seja quem olhar pra trás, lá pra trás não há nada, e nada mais.

de pacto civilizatório em pacto civilizatório, os desaparecidos se amontoam em algum porão renegado de nossas memórias.

mas aos Domingos, como hoje, todos eles, os desaparecidos e os seus entes queridos, também desaparecidos, saem juntos  a passear.

voltam para nos assombrar.

e para nós, apenas sorriem ironicamente.

pois sabem sermos merecedores de cada gota de sofrimento atroz, que já tivemos, ainda temos e muito ainda teremos por vir.

a dor não desaparecerá por alguma solução mágica. a dor não pode ser varrida para baixo do tapete, tampouco ficar trancada nos armários.

esta dor, somos nós. esta dor, é a nossa vida. nem mesmo com a nossa morte, ela cessará.

Deus já não tem qualquer misericórdia desta Nação. nenhuma pax nos salvará.

p.s.:

SOBRE D. QUIXOTE E SANCHO PANÇA

Quixote e Sancho Pança sempre foram um o demônio do outro.

se nas visões de Quixote eram aventuras, Sacho enxergava apenas delírios. se Quixote sonhava com feitos heróicos, Sancho aspirava apenas por uma pacata aposentadoria.

Quixote acabou seus dias numa clínica, sedado por ansiolíticos. Sacho envelheceu prematuramente, consumido pelo fumo e o alcoolismo.

a desgraça de Quixote não foram suas fantasias, mas sim o ceticismo de Sancho. ou teria sido ao contrário?

ambos jamais vieram a compreender o óbvio: os dois personagens nunca deixaram de ser a mesma pessoa.

o engenhoso Cervantes em sua criação literária para exorcizar seus demônios.

vídeo: Fight Club - Queimadura química


vídeo: Fight Club - Raymond K Hessel motivation scene


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16 setembro 2018

Brasil em Transe: farsa, ilusão e tragédia

16/09/2018


embora tenham contabilizado quantas interrupções Haddad sofreu durante sua entrevista ao JN, em 14/09/2018, ficou completamente negligenciada a questão realmente decisiva:

- quantas vezes Haddad pronunciou a dura palavra: GOLPE?

nenhuma!!!

Haddadinho Paz e Amor foi mais uma vez apenas um ratinho dócil e bem comportado frente aos seus inquisidores globais.

e assim será se for eleito.

na entrevista Haddad expõe novamente qual sempre foi a única proposta do Lulismo para superar o Golpe de 2016: um impossível pacto civilizatório com necrófilos.

como resultado, de novo foi devorado ao vivo na frente das câmeras.

o Lulismo não deixou de aspirar ser aceito no pic-nic putrefato de uma cleptocracia neo-colonial e semi-escravocrata. mesmo sendo para ocupar um humilhante, resignado e desprezível papel de gestor dos conflitos sociais, para mantê-los convenientemente pacificados.

apesar de toda a tragédia do Golpe de 2016 e a prisão de Lula, o Lulismo não deu sequer um passo além de seu falido projeto de hegemonia às avessas:

- um modo de governar para atender a quase totalidades das demandas da minoria e de se legitimar através de alguns poucos benefícios para a maioria.

a farsa e a ilusão persistem. as tragédias prosseguirão.

mas tanto aqui quanto lá, por toda a parte num mundo em crise estrutural do capitalismo, já não pode existir uma coexistência pacífica na qual a minoria mantém seus privilégios ultrajantes e seus lucros exorbitantes, enquanto se tenta mitigar a vergonhosa miséria da maioria através de políticas sociais compensatórias.

estamos no epicentro de uma Guerra Mundial Híbrida. a luta de classes está nas ruas. diante de todos. as divisões sociais afloraram. não mais irão se recompor. é definitivo.

queiram ou não, admitam ou não, compreendam ou não, somos um país em guerra civil. já estamos de qualquer jeito num guerra de extermínio. só nos cabe lutar por nossa sobrevivência. nenhuma pax nos salvará. não haverá vencedores.

Deus já não tem qualquer misericórdia desta Nação.

para o Brasil, a libertação da farsa e da ilusão será através do atroz sofrimento de sucessivas tragédias.

nenhum de nós será poupado: desemprego, depressão, falências, suicídios, enfermidades, morte.

herdaremos apenas ruínas. mas não deveríamos temer as ruínas.

pois apenas os trabalhadores são os únicos a produzir riquezas. tudo o que agora os golpistas destróem foi construído pelos trabalhadores.

por que então não haveriam de reconstruir tudo? e reconstruir em ainda melhores condições?

vídeo: Entrevista com Fernando Haddad Jornal Nacional


vídeo: Entrevista de Buenaventura Durruti. (Legenda em PT) 1936


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14 setembro 2018

Brasil em Transe: com cartas marcadas, a banca sempre vence

14/09/2018

o transe se aprofunda. haverá algum retorno possível dele?

mal se inicia a transferência de votos de Lula para "Andrade", marcada por um vídeo simplesmente genial, o delírio também se propaga: a onda Haddad ira gerar um irrefreável tsunami de Norte a Sul, de Leste a Oeste, com o povo todo aprendendo a soletrar o nome do ungido pelo encarcerado Cavaleiro da Esperança.

como no caso emblemático de Bolsonaro, cujo apelo em seu material de campanha ao corte rápido da faca Tramontina foi premonitório, todo cuidado ainda será insuficiente.

Lula e Bolsonaro, os dois candidatos preferidos pelo eleitor, estão "removidos" diretamente das respectivas campanhas.

tanto o outro quanto o um vão ter que realizar o mesmo temerário milagre: protagonizar uma campanha sem estar de corpo presente.

ambos foram capturados pela História, esta velha toupeira, em suas ardilosas ironias.

Lula por sua inacreditável insistência em "acreditar na Justiça" - cfe. declarou em seu último comício em S. Bernardo. e Bolsonaro pela agressiva apologia da violência para superar divergências políticas.

a Justiça arrancou Lula das ruas. e a violência enfiou Bolsonaro no hospital.

o Judiciário enquanto instituição é venal, corporativo, seletivo, classista e partidarizado. e a violência sempre redunda numa faca de dois gumes.


todo cuidado então ainda é muito pouco. tanto com o que se prega quanto com aquilo em que se acredita.

fosse um script de filme seria considerado inverossímil, mas no Brasil a realidade sempre foi mais estranha do que qualquer ficção.

se Lula sempre teve Haddad como uma manjada carta na manga, qual será o Plano B de Bolsonaro? Mourão e sua Constituinte sem povo?

mesmo se a mais bem-aventurada profecia se realizar, com Haddad ameaçando vencer no primeiro turno, os golpistas simplesmente enfiarão os rabo entre as pernas, e irão sair de cena se arrastando e ganindo baixinho?

num jogo sujo, com cartas marcadas e jogadores viciados: a banca sempre vence.

se numa Democracia Liberal Representativa as eleições mudassem alguma coisa, com certeza elas seriam proibidas.


antes tarde do que ainda mais tarde, "Andrade" está precisando "tomar um banho de povo". mas como fazer isto imerso nas agendas fechadas com núcleos de poder?

entre o terno caro de professor do ultraliberal Insper ou com chapéu de cangaceiro e vestindo camiseta vermelha com estampa de "Lula Livre", qual a verdadeira identidade secreta de Haddad?

em relação a Haddad, pouco importa quantas máscaras de Lula possa vir a exibir, atrás delas sempre estará a mesma velha, conhecida, repetida e absolutamente suicida ilusão do Lulismo: a viabilidade de algum pacto civilizatório com necrófilos.

já não há retorno deste Brasil em Transe.

apesar de tanto Twitter e WhatsApp, é num improvável e anacrônico telegrama, como uma mensagem dentro de alguma garrafa entregue ao mar, que nos chega uma lúcida reflexão vinda de um lugar que já não há:

"Para o bem ou para o mal, o mito Lula prevaleceu. Tudo isso me faz chorar. Tanto capital político desperdiçado. Um enorme contingente de pessoas que têm resistido ao assédio da mídia e do ódio, mas que tem sua percepção de realidade limitada por um sonho de volta de um inclusivismo capenga e sujeito a outros tantos golpes."
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11 setembro 2018

Brasil em Transe: nenhuma facada sem sangue

11/09/2018

o Capitão candidato a Presidente dedica seu voto pela admissibilidade do impeachment ao Coronel Ustra, o primeiro oficial brasileiro a ser declarado como torturador numa sentença oficial.

o General vice da chapa declara que o torturador Ustra é um herói.

o Comandante do Exército, enaltecido por ser "legalista" e "nacionalista", não apenas cala e consente, como aponta a candidatura Lula como "tirando a legitimidade, dificultando a estabilidade e a governabilidade do futuro governo e dividindo ainda mais a sociedade brasileira".

enfim caiam as máscaras de todas as ilusões: o Golpe de 2016 foi concebido para ser com STF com tudo. inclusive com as FFAA.

conforme assegurou o grampeado Romero Jucá: "Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir."

como se orgulha o General-Vice, os heróis deles não morrem de overdose, matam torturando. nada de facada sem sangue...

a bem da verdade, por ter virado "arquivo morto" numa ordem direta do "herói" Ustra, o "herói" Fleury não teve tempo de morrer de overdose, mesmo já então completamente entregue ao vício da cocaína.

mas não só ele... outros "heróis" já estavam abraçados com o tráfico e o jogo do bicho.

vários "heróis' também foram removidos: Malhães, Molina, Baumgartem, Tenente Odilon, equipes inteiras da PM, Zé do Ganho, Pejota, Mariel Mariscot...

{fonte: "Memórias de uma Guerra Suja", depoimento de Cláudio Guerra.}

os "heróis" remanescente formaram um pavoroso batalhão de desgraçados mortos-vivos:

"Eu costumo até dizer: nós somos 300 desgraçados, 300 miseráveis. Se você pegar a ficha de um por um, profissionalmente, nunca foram nada, como eu. Os do Exército nunca chegaram ao Generalato. Nem um único. Os da PM também passaram a vida num esquecimento geral. Um bando de infelizes. Ninguém é nada. Um virou meio psicopata. Uns outros dez morreram de tanto beber. Esse perdeu a mulher. Esse a mulher corneou. Esse o filho virou viciado. Esse a filha virou puta. Se todos pudesse falar a verdade, você iria ouvir: 'Seu eu pudesse voltar no tempo, eu não teria entrado naquela casa. Na rua Tutóia. A OBAN.'"

"Capitão Lisboa" - em "Mulheres que foram à luta armada", de Luiz Maklouf Carvalho

a dupla Bolsonaro/Mourão representa a vingança de seu herói torturador Ustra.

o revanchismo dos porões da Ditadura Civil-Militar contra uma "abertura lenta, gradual e segura", que embora até hoje mantenha intocado o entulho autoritário desmontou de vez com o próspero negócio da tortura executado pelos DOI-Codi.

mas não apenas isto.

o ultra-liberalismo selvagem de seu formulador de política econômica, Paulo Guedes, vem a ser uma outra vingança: contra Geisel e o II PND.

a lumpenburguesia brasileira e seus sócios majoritários transnacionais jamais se conformaram com a criação de diversas estatais, a consolidação da indústria pesada e da infraestrutura energética e de telecomunicações, o fim do tratado militar com os EUA e o acordo nuclear com a Alemanha.

afinal, o ditador Ernesto Geisel jamais se dignou a pisar em solo dos EUA...

quanto mais se aproximam, prestes a ocorrer, ainda assim as Eleições de 2018 parecem inexoravelmente distantes.

ficará 2018 para sempre como um ano longe demais? uma eleição viciada sob estreita tutela jurídico-militar, cuja única função é legitimar o Golpe de 2016?

corte rápido.

patente é posto: sai Bolsonaro entra Mourão?

eleição sem Lula é fraude? eleição com Haddad é farsa?

e Ciro? como bem sabemos desde os tempos do homem de Nender, o Tal: Ciro é um cara "que não inspira confiança nem mesmo quando sinceramente declara estar sendo falso!".

assim como Boulos seria a candidatura perfeita para o PT, Haddad é um excelente candidato... para o PSDB.

Haddad representa a perene ilusão da viabilidade de um pacto civilizatório com a lumpenburguesia brasileira - aquele mesmo grande empresariado financiador dos DOI-Codi.

tipo: "tortura, mas não mata". ou: "já deram o golpe mesmo, quer que eu faça o quê?",

muitos estão certos de que vai dar tudo certo, Haddad será eleito. o único risco é um novo golpe... não fosse por este mísero detalhe, até poderíamos estar numa Democracia.

a Ditadura iniciada em 1964 nunca foi "dos militares", sendo estes apenas os ferozes cães de guarda dos interesses do grande capital transnacional, a quem sempre serviram mansamente.

a aplicação das “medidas impopulares”, rejeitadas por quatro vezes nas urnas, só podia se dar através de um golpe de Estado.

contudo, a superação de suas consequências sociais, econômicas, políticas e institucionais, só se viabiliza, paradoxalmente, pela aplicação de “medidas populares”.

ou seja, fazer o grande Capital pagar o pato de uma crise por ele gerada.

para os golpistas não há opção: vão ter que fechar de vez o regime. percorrer mais uma vez o percurso entre 1964 e 1968, indo de 2016 a 2018.

tudo se repete, se repete, se repete. exasperantemente.

mas quase todos insistem em agir como se fosse apenas a primeira vez.

dizem ter o Alzheimer o seu lado positivo, pois todo dia se conhece gente nova e se faz coisas diferentes.

de algo devemos ter certeza: Deus já não tem qualquer misericórdia desta Nação.

para cada um de nós, não haverá nenhuma facada sem sangue...


vídeo: Belchior - Não leve flores


vídeo: REVELADO O MAIOR GOLPE DA HISTORIA DO BRASIL - BOLSONARO É FAKE



vídeo: Bolsonaro corte rápido - faca é Tramontina



vídeo: Após facada, Bolsonaro diz em vídeo que nunca fez mal a ninguém


vídeo: Brasil está ‘à deriva’ e sem projeto para o futuro, afirma general Villas Bôas


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