25 janeiro 2019

Brasil em Transe: 34 anos depois

25/01/2019

"O senhor traz a necessária renovação e a liberação das amarras ideológicas que sequestraram o livre pensar, embotaram o discernimento e induziram a um pensamento único e nefasto."

General Vice-Presidente Mourão, sobre o rompimento da barragem da Vale em Sobradinho, 25/01/2019

há 34 anos atrás, o último Ditador General saiu pela porta dos fundos do Palácio do Planalto, recusando-se a passar a faixa para o sucessor. mas Figueiredo nunca escondeu que ao cheiro do povo, preferia o das cavalgaduras.


mesmo interinamente através de um General Vice de um Capitão Presidente, o qual em poucos 20 dias de mandato já está desmascarado e desmoralizado. devidamente. definitivamente

trata-se de um General Vice cuja primeira demonstração de liderar pelo exemplo foi dar um jeitinho para promover o próprio filho.

um General Vice que durante a campanha não hesitara em afirmar ser o Coronel torturador Ustra um herói.

assim como antes o Capitão Presidente dedicara seu voto pela admissibilidade do impeachment ao mesmo Coronel Ustra, o primeiro oficial brasileiro a ser declarado como torturador numa sentença oficial.

a apologia do Capitão Presidente à tortura, aos grupos de extermínio e às milícias é uma óbvia consequência de após 34 anos os Generais manterem até hoje ocultos nas trevas os porões da Ditadura Civil-Militar.

a dupla Capitão Presidente e General Vice agem como se representassem a vingança de seu herói torturador Ustra.

o revanchismo dos porões da Ditadura Civil-Militar contra uma "abertura lenta, gradual e segura", que embora mantivesse intocado o entulho autoritário desmontou de vez com o próspero negócio da tortura executado pelos DOI-Codi.

qual o segredo oculto na Casa da Morte? os porões da Ditadura jamais poderiam operar sem bater continência aos Generais Ditadores, e muito menos sem o patrocínio dos grandes empresários.

Bolsonaro é o Capitão do baixo-clero da tortura: sargentos, policiais, milicianos, grupos de extermínio, esquadrões da morte.

Mourão é o General do grande capital: esta lama tóxica que expropria e destrói nossos recursos minerais e humanos.

Mourão e Bolsonaro não existem um sem o outro. assim como os grandes empresários não existem sem os dois.

por isto mesmo, a hipocrisia, o cinismo e as mentiras do Capitão Presidente não resistiram ao seu "completo despreparo na arte de tornar vidraça".

nem ainda tendo acertado sua dívida com a rodada anterior, mais uma vez o lance pertence aos Generais.

se em 34 anos os Generais se recusaram a fazer seu acerto de contas com a História, agora é a História ela mesma quem vem para fazer seu acerto de contas com eles.

as ossadas se levantarão das covas rasas, os cadáveres calcinados nos fornos nas usinas de açúcar irão se recompor, milhares de indígenas exterminados estão se erguendo do vale da morte.

mas não só eles. junto também virão os espectros da herança maldita do amaldiçoado "Brasil Grande" dos Generais: hiper-inflação, faraônica dívida externa e mega desigualdade social.

enfim reaparecerão todos e tudo que foi "desaparecido", num inesperado, atordoante e inclemente Kuarup para assombrarem os Generais.

que venham os Generais! e que venham com eles todos os seus fantasmas e demônios!

como bem já o disseram Janot e Barroso: “2016 não acaba. É a era de Aquarius ao inverso". são as “trapaças da sorte”.

o Golpeachment se tornou um tipo de maldição. e a conta desta maldição por um longo tempo continuará vindo para todos nós.

não restará pedra sob pedra. Deus não é brasileiro e não terá qualquer misericórdia desta Nação.

mais uma vez: da lama ao caos.

"Nós devemos começar hoje um projeto radical: nossa clara separação com o mundo de cima.

Temos de lançar experiências locais na recuperação de terras abandonadas, poluídas, ameaçadas e desmatadas! Precisamos reconstruir nosso mundo a partir de baixo com nossas mãos, com nossos corações, com nossa força vital.

Então, homens e mulheres de baixo, saiam da web, saiam das bolhas digitais, saiam dessa prisão funerária! Vamos encerrar os softwares, sair dos programas! Não hesitem mais! Não recuem! Vamos descarrilar este trem da morte! Nunca nos deixemos mais ser codificados pelo mundo de cima! Vamos criar curtos circuitos a partir de baixo! Espalhem o vírus amarelo em todo o mundo!

A nós."

Carta 20: Vamos teclar "DESLIGAR"!


música: "INSTANT KARMA" John Lennon



24 janeiro 2019

Brasil em Transe: os responsáveis

24/01/2019

"O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui."

a rápida e profunda fragilização do clã Bolsonaro dá também a justa medida de como é apenas aparente uma suposta inexpugnabilidade do setor dominante no Brasil.

não apenas os empreiteiros e donos de frigoríficos, também os banqueiros, os exportadores de commodities e os empresários da grande mídia, todos eles tem como fonte principal de seus lucros a apropriação de recursos públicos, mesclando negócios especulativos com todo tipo de atividades abertamente ilegais.

e disto  a Lava Jato & Associados forneceu o mapa da mina. basta segui-lo para se chegar ao coração das trevas do Brasil: uma lumpenburguesia neo-colonial e semi-escravocrata.

o tatibitate de Bolsonaro em Davos é a exata dificuldade de expressão de uma lumpenburguesia completamente despreparada para governar o Brasil, a não ser em seu projeto único de espoliar nossos recursos naturais e humanos.

enquanto um setor dominante parasitário e não-produtivo não for por nós combatido e derrotado, continuaremos sendo nada mais do que atônitos espectadores acompanhando uma Guerra de Famiglias, na qual por mais que torçamos seremos sempre os únicos vencidos.

com ou sem Bolsonaro. com ou sem Mourão. com ou sem Lula. com ou sem os Generais.

no momento, o lance pertence aos Generais.

afinal, segundo admitiu o próprio, eles são responsáveis por Bolsonaro estar lá, aqui, ali, acolá e alhures. muito embora sua presença, seja onde for, nunca passe daquele inconfundível vazio de nada ter para acrescentar, exceto na vergonha alheia.

apesar disto, uma magnânima História oferece aos Generais uma chance para se redimirem de seu humilhante fracasso durante a Ditadura Civil-Militar. quando o milagre de um "Brasil Grande" redundou tão fake quanto os zaps de Bolsonaro, de "grande" restando a hiper-inflação, uma faraônica dívida externa e o brutal aumento da desigualdade social.

mas a História é também impiedosa. cheia de armadilhas e trapaças para aqueles a ela se considerando superiores.

o açodamento brasileiro em reconhecer um governo interino na Venezuela, seja qual for o desdobramento do cenário, causará prejuízos monumentais ao Brasil e impactará diretamente tanto o governo Bolsonaro como mesmo os Generais.


vivemos os tempos perigosos do colapso de um Imperium, abrindo espaço para uma geopolítica multipolar. mas os Generais se demonstram perdidos no tempo e no espaço.

evocam memórias de fatos nunca acontecidos, com seus referenciais ainda congelados  na Guerra Fria, bem distantes da tempestade de fogo frente a qual estamos num passageiro dia de véspera.

ainda há muito para se escavar neste do fundo do poço. não restará pedra sob pedra. Deus não é brasileiro e não terá qualquer misericórdia desta Nação.

"Desde o primeiro dia colocou os militares no centro de suas prioridades. Logo ao início de seu mandato realizou uma reunião com todos os generais, coronéis e sargentos do Exército.

Tentou, como sinal político, permitir que os 20 militares da reserva que estavam presos por delitos cometidos durante a ditadura militar (1973-1985) cumprissem suas penas em regime domiciliar.

Não queria velhos de 80 anos presos. Não serve para nada ver esses sujeitos morrerem na prisão.

Anunciou sua intenção, publicamente, na primeira semana de governo, não obteve nenhum apoio.

Porque, na realidade, "Ditadura Nunca Mais" é uma bela palavra de ordem, mas a única garantia de que isso realmente ocorra é que a cabeça dos oficiais reflita a realidade política do país, mais ou menos.

Quando a divisão política da sociedade não entra na cabeça dos oficiais, fica na mão de lojas, de grupos.

Lamentavelmente, dei de cara com uma esquerda pacata que tem medo de fazer política com os milicos. Eu tenho medo do fato de não haver milicos no meu partido político.

Não conheço nenhum exemplo no mundo de quem tenha lutado pelo poder e não tenha se preocupado em ter milicos ao seu lado. Se você não fizer isto, você perde."

"Uma Ovelha Negra no Poder. Confissões e Intimidades de Pepe Mujica", Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz

"Desde o primeiro dia colocou a Esquerda no centro de suas prioridades. Logo ao início do governo realizou uma reunião com todos os movimentos sociais e organizações de base.

Tentou, como sinal político, anistiar o ex-Presidente Lula ou, ao menos, que sua pena fosse reduzida e cumprida em regime domiciliar.

Não queria um velho de quase 80 anos preso. Não serve para nada ver Lula morrer na prisão.

Anunciou sua intenção, publicamente, na primeira semana de governo, não obteve nenhum apoio entre os grande empresários brasileiros.

Porque, na realidade, "Brasil Acima de Tudo" é uma bela palavra de ordem, mas a única garantia de que isso realmente ocorra é que a cabeça dos grandes empresários reflita a realidade política do país, mais ou menos.

Quando a divisão política da sociedade não entra na cabeça dos grandes empresários, fica na mão de lojas, de grupos.

Lamentavelmente, deu de cara com milicos soberbos que tem ojeriza de fazer política com a Esquerda. Ele tinha ojeriza do fato de não haver Esquerda em seu projeto político.

Não há nenhum exemplo no mundo de quem tenha lutado por justas transformações sociais e não tenha se preocupado em ter a Esquerda ao seu lado. Se não se faz isto, todos acabam sendo derrotados."

"Um Lobo Verde-Oliva na Contra-Hegemonia. Confissões e Intimidades de um General", autor ainda desconhecido



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02 janeiro 2019

Brasil em Transe: vai começar, 3, 2, 1

02/01/2019


por isto mesmo, o Vice-General já providenciou também a mudança de seu "nobre amigo" Ídolo do Rincão para BSB. o equino ficará lotado no Regimento de Cavalarias de Guardas (RCG), entre outros.


para Mourão a situação do Brasil permite uma analogia com o hipismo. assim sendo, é preciso levar a sério a arte da montaria e dominar o movimento de um bom cavaleiro:

“O quadril fica entrando e saindo harmoniosamente, num balanço entre o sacro e o ilíaco. Por isso é que dizem que cara de cavalaria é bom pra comer gente, pô!”

apesar disto, na véspera do 2o. turno das Eleições de 2018, numa prova realizada Centro Hípico do Exército (RJ), seu cavalo refugou e Mourão foi ao chão.

se o "legalista" Villas Bôas é saudado como o General que salvou a democracia brasileira, já galopam os consultores pelas nova janelas abertas para bons negócios:

"Já pensou em contratar um 'militar com experiência' para a sua empresa? Qualquer militar, contratado para a sua empresa, levando em consideração sua experiência e em especial sua formação militar, possibilitará ao seu negócio atingir um outro nível de desempenho, aumentando exponencialmente seus lucros, fazendo a diferença"

capitaneados triunfalmente de volta ao governo montados num cavalo chucro, e já com o restante da cavalaria devidamente empossada no Planalto, cabe agora aos Generais considerarem: em se tratando de montaria, sempre resta saber quem de fato monta em quem...

seja como for, não deve restar qualquer dúvida.

logo após a posse, Bolsonaro fixou o novo valor do SM em R$ 998, ainda abaixo dos R$ 1.006 propostos por Temer. trata-se do segundo menor reajuste em 24 anos, desde a implantação do Plano Real, em 1994.

mesmo com todo seu conhecimento equestre e apesar de sua determinação em não ser um "vice decorativo", até o momento o Gal. Mourão ficou a pé. não lhe foi designada nenhuma atribuição oficial no governo. carregará a sela nas costas?

por outro lado, no desfile de Bolsonaro em carro aberto durante a cerimônia de posse, um par das montarias dos Dragões da Independência se rebelou. um cavalo bloqueou o caminho do cortejo presidencial e o outro escoiceou os seguranças.

sinal dos tempos?

mas está apenas começando. o que acontece quando, mais uma vez, cavaleiro e cavalo caem ao chão?

déjà-vu.


vídeo: Incidente com cavalo na Posse do presidente Jair Bolsonaro


vídeo: STRATCOM’s new year’s greetings


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