24/01/2019
"O senhor é um
dos responsáveis por eu estar aqui."
a rápida e profunda fragilização do clã
Bolsonaro dá também a justa medida de como é apenas aparente uma suposta
inexpugnabilidade do setor dominante no Brasil.
não apenas os empreiteiros e donos de
frigoríficos, também os banqueiros, os exportadores de commodities e os empresários
da grande mídia, todos eles tem como fonte principal de seus lucros a
apropriação de recursos públicos, mesclando negócios especulativos com todo
tipo de atividades abertamente ilegais.
e disto
a Lava Jato &
Associados forneceu o mapa da mina. basta segui-lo para se
chegar ao coração das trevas do Brasil: uma lumpenburguesia
neo-colonial e semi-escravocrata.
o tatibitate de Bolsonaro em Davos é a exata dificuldade
de expressão de uma lumpenburguesia completamente despreparada para
governar o Brasil, a não ser em seu projeto único de espoliar nossos recursos
naturais e humanos.
enquanto um setor dominante parasitário e
não-produtivo não for por nós combatido e derrotado, continuaremos sendo nada
mais do que atônitos espectadores acompanhando uma Guerra de Famiglias, na qual por mais
que torçamos seremos sempre os únicos vencidos.
com ou sem Bolsonaro. com ou sem Mourão. com
ou sem Lula. com ou sem os Generais.
no momento, o lance pertence aos Generais.
afinal, segundo admitiu o próprio, eles
são responsáveis por Bolsonaro estar lá, aqui, ali, acolá e alhures. muito
embora sua presença, seja onde for, nunca passe daquele inconfundível vazio de nada
ter para acrescentar, exceto na vergonha alheia.
apesar disto, uma magnânima História oferece aos
Generais uma chance para se redimirem de seu humilhante fracasso durante a
Ditadura Civil-Militar. quando o milagre de um "Brasil Grande"
redundou tão fake quanto os zaps de Bolsonaro, de "grande" restando a
hiper-inflação, uma faraônica dívida externa e o brutal aumento
da desigualdade social.
mas a História é também impiedosa. cheia de
armadilhas e trapaças para aqueles a ela se considerando superiores.
o açodamento brasileiro em reconhecer um
governo interino na Venezuela, seja qual for o desdobramento do cenário,
causará prejuízos monumentais ao Brasil e impactará diretamente tanto o governo
Bolsonaro como mesmo os Generais.
relembrem a Síria. ponham também toda
atenção nas consequências da continuidade dos
bombardeios israelenses ao aeroporto internacional de Damasco.
vivemos os tempos perigosos do colapso de um Imperium,
abrindo espaço para uma geopolítica multipolar. mas os Generais se
demonstram perdidos no tempo e no espaço.
evocam memórias de fatos nunca acontecidos, com seus referenciais ainda congelados na Guerra Fria, bem distantes da
tempestade de fogo frente a qual estamos num passageiro dia de véspera.
ainda há muito para se escavar neste do fundo
do poço. não restará pedra sob pedra. Deus não é brasileiro e não terá qualquer
misericórdia desta Nação.
"Desde o primeiro dia colocou os militares no centro de suas
prioridades. Logo ao início de seu mandato realizou uma reunião com todos os
generais, coronéis e sargentos do Exército.
Tentou, como sinal político, permitir que os 20 militares da reserva que
estavam presos por delitos cometidos durante a ditadura militar (1973-1985)
cumprissem suas penas em regime domiciliar.
Não queria velhos de 80 anos presos. Não serve para nada ver esses
sujeitos morrerem na prisão.
Anunciou sua intenção, publicamente, na primeira semana de governo, não
obteve nenhum apoio.
Porque, na realidade, "Ditadura Nunca Mais" é uma bela palavra
de ordem, mas a única garantia de que isso realmente ocorra é que a cabeça dos
oficiais reflita a realidade política do país, mais ou menos.
Quando a divisão política da sociedade não entra na cabeça dos oficiais,
fica na mão de lojas, de grupos.
Lamentavelmente, dei de cara com uma esquerda pacata que tem medo de
fazer política com os milicos. Eu tenho medo do fato de não haver milicos no
meu partido político.
Não conheço nenhum exemplo no mundo de quem tenha lutado pelo poder e não
tenha se preocupado em ter milicos ao seu lado. Se você não fizer isto, você
perde."
"Uma Ovelha Negra no Poder. Confissões e Intimidades de Pepe
Mujica", Andrés Danza e Ernesto Tulbovitz
"Desde o primeiro dia colocou a Esquerda no centro de suas
prioridades. Logo ao início do governo realizou uma reunião com todos os
movimentos sociais e organizações de base.
Tentou, como sinal político, anistiar o ex-Presidente Lula ou, ao menos,
que sua pena fosse reduzida e cumprida em regime domiciliar.
Não queria um velho de quase 80 anos preso. Não serve para nada ver Lula morrer
na prisão.
Anunciou sua intenção, publicamente, na primeira semana de governo, não
obteve nenhum apoio entre os grande empresários brasileiros.
Porque, na realidade, "Brasil Acima de Tudo" é uma bela palavra
de ordem, mas a única garantia de que isso realmente ocorra é que a cabeça dos grandes
empresários reflita a realidade política do país, mais ou menos.
Quando a divisão política da sociedade não entra na cabeça dos grandes
empresários, fica na mão de lojas, de grupos.
Lamentavelmente, deu de cara com milicos soberbos que tem ojeriza de
fazer política com a Esquerda. Ele tinha ojeriza do fato de não haver Esquerda em
seu projeto político.
Não há nenhum exemplo no mundo de quem tenha lutado por justas
transformações sociais e não tenha se preocupado em ter a Esquerda ao seu lado.
Se não se faz isto, todos acabam sendo derrotados."
"Um Lobo Verde-Oliva na Contra-Hegemonia. Confissões e Intimidades
de um General", autor ainda desconhecido
.
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