31 outubro 2020

Diários da Pandemia #30: Chão, Rumo e Iluminação



"Moço, vocês tudo vive um tempo sombrio, é Iku que tá passando, procurando levar quem ele possa tirar o emi.

Vocês de carne e osso fizeram muita maldade e chamaram Iku.

Enquanto tiver comida, fome, miséria, violência, ódio, Iku sempre vai estar por aí, procurando ajogun."

Caboclo Serra Negra

frente a tamanha destruição, como se proteger e não se deixar abater pelo desespero e pela impotência?

o fascismo se alimenta da pulsão de morte. a ele devemos contrapor a biopotência: o desejo de viver e a gratidão por estarmos vivos.

assim a morte se torna uma companheira a nos desafiar: mude... ou morra!

a pandemia é também uma convocação para deixar morrer tudo aquilo nos impedindo de viver com plenitude.

para viver precisamos mudar. e só o que muda a vida é a luta.

"Não há outra alternativa senão lutar contra o Capitalismo. E o ponto sagrado do Capitalismo é a propriedade privada, é a terra! Só com terra é possível ter liberdade.

Precisamos ter coragem. Nós precisamos acreditar que é possível um outro mundo. Que venham os pobres da cidade! Venham os pobres do campo! Venham os indígenas! Venham os quilombolas! Venha todo o povo pobre do mundo! Unidos na luta pela terra, território e poder!"

Joelson Ferreira - V Jornada de Agroecologia da Bahia - 2017

com os velhos referenciais pulverizados aos nossos pés, precisamos de chão, rumo e iluminação.

chão para se apoiar e caminhar. rumo para se por em movimento e saber para onde ir. iluminação para clarear o caminho e inspirar a jornada.

nestes tempos atrozes, nossa travessia do vale da morte começa com nossa reconexão com a terra. nosso horizonte é para além do Capitalismo. e nossa luz brota da luta de nossos ancestrais.

como fazer o que devemos fazer, que é lutar?

nosotros dizemos a nós mesmos: organizando-nos para conquistar melhores condições de vida em nossos locais de moradia trabalho e convivência.

"A ação concreta organiza o povo mais do que os debates político-teóricos. A luta dos povos está mais perto de ti do que tua veia jugular."

Erahsto Felício, Divisão de Comunicação da Teia dos Povos

o trabalho político faz parte do cotidiano. a militância não está separada da vida. ao contrário: é um modo de viver.

numa luta concreta, por mais singela e localizada que seja, enfrentamos todas as contradições do Capitalismo.

quem muda o mundo são as pessoas. e o que muda as pessoas são as experiências de vida compartilhadas na luta coletiva para mudar o mundo.

vídeo:



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