Ir além do Fora Bolsonaro e florescer outros modos de vida, para isto a reconexão com a Terra é vital.
Ir além do Fora Bolsonaro e florescer outros modos de vida, para isto a reconexão com a Terra é vital.
O
Finapop pode até vir a ser uma boa idéia, mas em sua primeira rodada, em meados
de 2020, não foi além de propaganda enganosa.
Então o investimento mínimo foi de R$ 100 mil, com o total captado de R$ 1
milhão sendo alcançado através de uma ação entre meia dúzia de
investidores-amigos.
O montante financiou benfeitoria de processamento (portanto, para incrementar a
produtividade) na COOPAN, considerada a maior produtora de arroz orgânico da
AL.
O Finapop não financiou diretamente o MST, e muito menos a luta pela terra, e
sim uma das famosas cooperativas com faturamento anual da ordem de dezenas a
centenas de milhões de Reais.
E aqui está o nó no qual tudo fica amarrado, a começar pelo tema da postagem
principal (MST S.A.): qual a contribuição concreta dessas cooperativas para o
avanço da luta pela terra?
Passando para outras palavras: ao menos parte do lucro das cooperativas é
investido na luta pela terra, ou se tornaram não mais que empresas capitalistas
focadas em seu próprio crescimento?
O problema não são as contradições, pois são inescapáveis, e sim como com elas
se dá a tensão: para impulsionar ou arruinar as lutas e os movimentos?
Indo além: sob o Capitalismo há possibilidade de empresas de cooperativismo
escaparem da lógica da acumulação e da competitividade?
Se há, qual o custo econômico e qual o ganho político?
Com certeza são questões que há muito tempo, antes mesmo da data de publicação
desta matéria, estão alhures das preocupações e prática do MST.
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•
um de nossos maiores problemas atuais: a inadequação das formas de luta e
organização frente ao atual estágio do Capitalismo.
• a origem desse problema é de um diagnóstico incorreto da crise.
• quando a hipótese de queda tendencial da taxa de lucro foi formulada, não
havia série histórica de dados acumulados suficientes, mas hoje os gráficos
estão disponíveis e a comprovam.
• apesar da função contra-tendencial da mais-valia relativa (portanto da
produtividade não basta produzir valor, ele precisa ser realizado no momento da
venda.
• ao ser depreciada a taxa de lucro por unidade produzida, a quantidade total a
ser absorvida no atacado gera crises de superprodução, inclusive pela contração
do poder de compra geral dos salários (causada pela redução de custos com mão
de obra) .
• além disto, também a relação entre mais-valia absoluta e relativa é de
inter-dependência, sendo o mais emblemático exemplo atual o Vale do Silicio e
as swetshops asiáticas.
• estas contradições intrínsecas não são auto-corrigidas pelo próprio
Capitalismo, muito pelo contrário como ensinam as suas cada vez mais
destrutivas crises, que apenas por curto período interrompem a queda da taxa de
lucro geral do sistema.
• portanto, o Capitalismo não vai se dissolver em pleno ar, precisa ser
derrotado, tampouco se trata de alguma catástrofe futura, pois a catástrofe é o
próprio processo de acumulação do Capital.
• vivemos atualmente situação semelhante ao período entre a Crise de 1929 e a
eclosão da II Grande Guerra, incapaz de se auto-reciclar o Capitalismo exige
maciça destruição de forças produtivas, mas desta vez o arsenal nuclear
possibilita um aniquilamento total.
• ao mesmo tempo ressurgem manifestações dos fascismo, com sua mais evidente e
nefasta metamorfose atual ocorrendo na China.
• a Crise de Hegemonia no Brasil nada mais é do que expressão localizada de um
Crise de Hegemonia global, os anos dourados do Capitalismo ficaram
definitivamente para trás, não há nenhum jogo ganha-ganha, muito menos no
projeto chinês das Novas Rotas da Seda.
• frente a este cenário devastador, o conjunto das Esquerdas, em todo seu
espectro, se mostra claramente perdido no tempo e no espaço.
• as formas de luta e de organização estão defasadas, desde uma simples
manifestação até a concepção de como seria a Revolução no séc. XXI.
Por onde vamos? Só haverá caminho por fora do roteiro imposto pelo Capitalismo.
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Como
sair do roteiro para ser possível vencer?
Muitas vezes ao se afirmar que o Capitalismo se encontra em crise sistêmica,
provavelmente terminal, de imediato surge uma refutação: isto não
corresponderia à realidade porque os lucros das mega corporações transnacionais
tem sido astronômicos.
Entretanto este dado, embora correto, expressa exatamente a debilidade do
Capitalismo contemporâneo, pois incapaz de criar novo valor depende de uma
aguda e extrema oligopolização.
Ao se observar a curva da taxa de lucro geral do sistema, ela apresenta uma
irreversível tendência de queda.
No caso do Brasil este processo se mostra particularmente brutal e selvagem,
com a burguesia local e o Imperialismo associados, promovendo um saque
generalizado à renda e aos recursos públicos.
Para este processo de expropriação se viabilizar foi necessário o Golpe de
2016 e a fraude eleitoral de 2018.
Se há de fato uma coesão burguesa quanto a ele, acompanhada do poder para
implementá-lo, trata-se de um programa derrotado por 4 vezes nas urnas e jamais
colocado claramente na campanha de 2018.
Não é por outro motivo ter sido necessário um conjunto de manipulações para
garantir a vitória de Bolsonaro, sendo este próprio uma opção de última escolha
(como em 1989 ocorrera com Collor).
Não é um programa aplicado por consentimento, e sim pela força!
Em 1964 o apoio popular a Jango era imenso, foi necessária uma longa ditadura
militarizada para impor os interesses do bloco dominante.
Se em 1964 Jango dispunha de não só apoio popular como militar, por que não
houve resistência?
Se Temer chegou a ter aprovação de apenas 1%, portanto um consenso às avessas,
como não chegou a cair?
Cada vez mais isolado politicamente, por que Bolsonaro se mantém?
Claro que a resposta é complexa, mas um dos motivos está em sua correta
constatação: 《 Nenhuma visão de emancipação
social, de sociedade socialista, autogerida, está posta e difundida em parte da
sociedade civil》.
Para vencer é preciso sair do roteiro imposto pela classe dominante no Brasil,
e isto é exatamente o que a Esquerda eleitoral-institucional se recusa a fazer,
nem mesmo como mera cogitação no plano do debate político.
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《"Cabe agora
ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, mostrar ao País que tem
brio e espírito republicano. Lira deve dar seguimento a 1 dos 123 pedidos de
impeachment contra Bolsonaro que pairam sobre sua mesa."》
O golpe dentro do golpe dentro do golpe:
- Golpe de 2016.
- Eleições de 2018.
- Fora Bolsonaro. Vem Mourão. Lula-lá 2022?
Quem manda é o Imperialismo, o sócio majoritário, com a burguesia brasileira
encarregada do comando local.
Desde Junho de 2013 há uma crise de hegemonia, sem projeto unificador para justificar como sendo coletivo o interesse privado de uma classe.
Ao conjunto da população nada além de miséria, doença e morte.
Os negócios vão bem, mas se impõe um mínimo de estabilidade social, cada vez mais comprometida.
O Partido Militar no governo só agrava este problema.
Novo AI-5? Meia-volta, volver?
1968 não foi apenas o ano do AI-5, marca também o início do Milagre
Brasileiro, com 9,8% de crescimento do PIB, legitimando o fechamento do
regime.
Algum outro milagre à vista?
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