25 julho 2021

Caxambu (MG): Fora Bolsonaro - 2021 24J

Ir além do Fora Bolsonaro e florescer outros modos de vida, para isto a reconexão com a Terra é vital.

 


 

19 julho 2021

MST: Finapop

 

O Finapop pode até vir a ser uma boa idéia, mas em sua primeira rodada, em meados de 2020, não foi além de propaganda enganosa.

Então o investimento mínimo foi de R$ 100 mil, com o total captado de R$ 1 milhão sendo alcançado através de uma ação entre meia dúzia de investidores-amigos.

O montante financiou benfeitoria de processamento (portanto, para incrementar a produtividade) na COOPAN, considerada a maior produtora de arroz orgânico da AL.

O Finapop não financiou diretamente o MST, e muito menos a luta pela terra, e sim uma das famosas cooperativas com faturamento anual da ordem de dezenas a centenas de milhões de Reais.

E aqui está o nó no qual tudo fica amarrado, a começar pelo tema da postagem principal (MST S.A.): qual a contribuição concreta dessas cooperativas para o avanço da luta pela terra?

Passando para outras palavras: ao menos parte do lucro das cooperativas é investido na luta pela terra, ou se tornaram não mais que empresas capitalistas focadas em seu próprio crescimento?

O problema não são as contradições, pois são inescapáveis, e sim como com elas se dá a tensão: para impulsionar ou arruinar as lutas e os movimentos?

Indo além: sob o Capitalismo há possibilidade de empresas de cooperativismo escaparem da lógica da acumulação e da competitividade?

Se há, qual o custo econômico e qual o ganho político?

Com certeza são questões que há muito tempo, antes mesmo da data de publicação desta matéria, estão alhures das preocupações e prática do MST.

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16 julho 2021

Por fora da pauta


• um de nossos maiores problemas atuais: a inadequação das formas de luta e organização frente ao atual estágio do Capitalismo.

• a origem desse problema é de um diagnóstico incorreto da crise.

• quando a hipótese de queda tendencial da taxa de lucro foi formulada, não havia série histórica de dados acumulados suficientes, mas hoje os gráficos estão disponíveis e a comprovam.

• apesar da função contra-tendencial da mais-valia relativa (portanto da produtividade não basta produzir valor, ele precisa ser realizado no momento da venda.

• ao ser depreciada a taxa de lucro por unidade produzida, a quantidade total a ser absorvida no atacado gera crises de superprodução, inclusive pela contração do poder de compra geral dos salários (causada pela redução de custos com mão de obra) .

• além disto, também a relação entre mais-valia absoluta e relativa é de inter-dependência, sendo o mais emblemático exemplo atual o Vale do Silicio e as swetshops asiáticas.

• estas contradições intrínsecas não são auto-corrigidas pelo próprio Capitalismo, muito pelo contrário como ensinam as suas cada vez mais destrutivas crises, que apenas por curto período interrompem a queda da taxa de lucro geral do sistema.

• portanto, o Capitalismo não vai se dissolver em pleno ar, precisa ser derrotado, tampouco se trata de alguma catástrofe futura, pois a catástrofe é o próprio processo de acumulação do Capital.

• vivemos atualmente situação semelhante ao período entre a Crise de 1929 e a eclosão da II Grande Guerra, incapaz de se auto-reciclar o Capitalismo exige maciça destruição de forças produtivas, mas desta vez o arsenal nuclear possibilita um aniquilamento total.

• ao mesmo tempo ressurgem manifestações dos fascismo, com sua mais evidente e nefasta metamorfose atual ocorrendo na China.

• a Crise de Hegemonia no Brasil nada mais é do que expressão localizada de um Crise de Hegemonia global, os anos dourados do Capitalismo ficaram definitivamente para trás, não há nenhum jogo ganha-ganha, muito menos no projeto chinês das Novas Rotas da Seda.

• frente a este cenário devastador, o conjunto das Esquerdas, em todo seu espectro, se mostra claramente perdido no tempo e no espaço.

• as formas de luta e de organização estão defasadas, desde uma simples manifestação até a concepção de como seria a Revolução no séc. XXI.

Por onde vamos? Só haverá caminho por fora do roteiro imposto pelo Capitalismo.

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15 julho 2021

Por onde ir?

Como sair do roteiro para ser possível vencer?

Muitas vezes ao se afirmar que o Capitalismo se encontra em crise sistêmica, provavelmente terminal, de imediato surge uma refutação: isto não corresponderia à realidade porque os lucros das mega corporações transnacionais tem sido astronômicos.

Entretanto este dado, embora correto, expressa exatamente a debilidade do Capitalismo contemporâneo, pois incapaz de criar novo valor depende de uma aguda e extrema oligopolização.

Ao se observar a curva da taxa de lucro geral do sistema, ela apresenta uma irreversível tendência de queda.

No caso do Brasil este processo se mostra particularmente brutal e selvagem, com a burguesia local e o Imperialismo associados, promovendo um saque generalizado à renda e aos recursos públicos.

Para este processo de expropriação se viabilizar foi necessário o Golpe de 2016 e a fraude eleitoral de 2018.

Se há de fato uma coesão burguesa quanto a ele, acompanhada do poder para implementá-lo, trata-se de um programa derrotado por 4 vezes nas urnas e jamais colocado claramente na campanha de 2018.

Não é por outro motivo ter sido necessário um conjunto de manipulações para garantir a vitória de Bolsonaro, sendo este próprio uma opção de última escolha (como em 1989 ocorrera com Collor).

Não é um programa aplicado por consentimento, e sim pela força!

Em 1964 o apoio popular a Jango era imenso, foi necessária uma longa ditadura militarizada para impor os interesses do bloco dominante.

Se em 1964 Jango dispunha de não só apoio popular como militar, por que não houve resistência?

Se Temer chegou a ter aprovação de apenas 1%, portanto um consenso às avessas, como não chegou a cair?

Cada vez mais isolado politicamente, por que Bolsonaro se mantém?

Claro que a resposta é complexa, mas um dos motivos está em sua correta constatação: Nenhuma visão de emancipação social, de sociedade socialista, autogerida, está posta e difundida em parte da sociedade civil.

Para vencer é preciso sair do roteiro imposto pela classe dominante no Brasil, e isto é exatamente o que a Esquerda eleitoral-institucional se recusa a fazer, nem mesmo como mera cogitação no plano do debate político.

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Algum outro falso milagre à vista?


☆ Uma Crise de Hegemonia se caracteriza pelo setor dominante não conseguir mais apresentar seus interesses privados como se fossem também de interesse coletivo.

Exemplos:

- no período desenvolvimentista, com a industrialização e urbanização forçada, a imigração atendeu aos interesses do grande empresariado, fornecendo mão de obra barata, mas se apresentava aos trabalhadores como oportunidade para "vencer na vida" - portanto havia uma dominação por consenso, sob o pressuposto de interesses convergentes.

- nos governos Lulistas, através da recomposição do Salário Mínimo, criação de postos de trabalho de baixa renda, expansão do acesso ao crédito e políticas sociais compensatórias, apresentou-se aos trabalhadores uma oportunidade para "melhorar de vida", muito embora tratar-se de situação conjuntural e sem sustentabilidade, pela qual quem nunca antes ganhou tanto dinheiro neste país foi o grande empresariado.

Nada semelhante existe desde o Golpe de 2016. Sem qualquer disfarce ou escrúpulo a boiada do interesse privado vai passando, sem nenhuma contrapartida, mesmo ilusória, para o conjunto da população.

Nem mesmo na emergência sanitária provocada pela pandemia, o setor dominante foi capaz de ações de âmbito nacional. 

Ao contrário, permaneceu restrito aos seus interesses particulares, chegando ao extremo de negociatas com aquisição de vacinas. 

Aliás, teria sido a grande oportunidade de legitimação inclusive de seu programa econômico, derrotado anteriormente por 4 vezes na urnas e jamais assumido abertamente, em seu conjunto e prioridade, pela candidatura Bolsonaro. 

Bolsonaro não participou de debates e sua campanha não se pautou pelas propostas econômicas gerais, e sim focou em pontos diversionistas para através deles gerar minimamente um consenso de interesse coletivo: combate à corrupção, melhora da segurança pública, pauta conservadora nos costumes. 

A Crise de Hegemonia se expressa politicamente numa Crise de Representação, resultando num absoluto descrédito para os gestores e os partidos, daí a busca por candidatos que se apresentam como anti-sistêmicos.

E neste sentido Bolsonaro foi a bola da vez, levando-se em conta também o absoluto desinteresse de Haddad em vencer as Eleições de 2018.

Para isto teria sido necessária uma campanha de acirramento da Luta de Classes, como fora a de 2014, algo com que Lulinha Paz e Amor jamais concordaria, mesmo estando preso.

Uma Crise de Hegemonia não implica em perda da capacidade de mando da burguesia, e sim de sua habilidade de comando, comprometendo a estabilidade sistêmica.

A burguesia brasileira nada mais oferece à sociedade além de miséria, doença e morte. 

Inviabilizado o pacto social, a dominação só pode se exercer pela coação e repressão num regime abertamente fechado e autoritário.  

É um cenário que possui semelhanças com 1968, mas este não foi só o ano do AI-5 , pois marca o início do Milagre Brasileiro, com os índices altos de crescimento do PIB que conferiram apoio popular à Ditadura.

Algum outro falso milagre à vista?

14 julho 2021

Diagnóstico incorreto


• quem não tem um diagnóstico correto da crise, acaba sendo engolido por ela.

• desde Junho de 2013 há uma crise de hegemonia, pois o setor dominante não consegue mais apresentar seus interesses privados como se fossem também de interesse coletivo, sendo o maior exemplo disto a ausência de projeto unificador nem mesmo no tocante à pandemia. 

• Bolsonaro não é um ponto fora da curva, mas a própria curva em movimento - como em 1989 já o fora Collor.

• o que o atual Fora Bolsonaro deveria aprender com o Fora Collor de 1992?

• de um lado: a população clama por uma solução anti-sistêmica, mesmo ao fazer escolhas equivocadas por representantes incapazes de atender sua demanda.

• do outro: ao não encaminhar qualquer projeto de coesão nacional, o setor dominante também se pauta por fora da ordem constituída.

• no meio: a Esquerda eleitoral-institucional é a única ainda supondo haver alguma saída por dentro da ordem, com seus ordeiros e pacíficos saraus de Sábado à tarde.

• de um lado: Bolsonaro alegava a necessidade de "matar uns 30 mil" para mudar o Brasil, agora já são mais de 530 mil cadáveres.

• do outro: liberais, social-democratas e reformistas para justificar a não radicalidade das lutas, sempre brandiram como argumento o temor de um banho de sangue, agora ele já aconteceu e a radicalização não.

• em meio a isto, só resta a nosotros romper com toda e qualquer ilusão: estamos num beco sem saída, não haverá solução sem ruptura institucional.

• em cada ascensão do fascismo se ouve o grito mudo de uma revolução fracassada.

Se as criaturas monstruosas do fascismo contemporâneo estão por toda parte, por onde vai a Revolução no séc. XXI?

11 julho 2021

O golpe dentro do golpe dentro do golpe

 《"Cabe agora ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, mostrar ao País que tem brio e espírito republicano. Lira deve dar seguimento a 1 dos 123 pedidos de impeachment contra Bolsonaro que pairam sobre sua mesa."

O golpe dentro do golpe dentro do golpe:
- Golpe de 2016.
- Eleições de 2018.
- Fora Bolsonaro. Vem Mourão. Lula-lá 2022?

Quem manda é o Imperialismo, o sócio majoritário, com a burguesia brasileira encarregada do comando local.

Desde Junho de 2013 há uma crise de hegemonia, sem projeto unificador para justificar como sendo coletivo o interesse privado de uma classe.

Ao conjunto da população nada além de miséria, doença e morte.

Os negócios vão bem, mas se impõe um mínimo de estabilidade social, cada vez mais comprometida.

O Partido Militar no governo só agrava este problema.

Novo AI-5? Meia-volta, volver?

1968 não foi apenas o ano do AI-5, marca também o início do Milagre Brasileiro, com 9,8% de crescimento do PIB, legitimando o fechamento do regime.

Algum outro milagre à vista?

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10 julho 2021

Entre cagadas e soluços


 《
Reitero o meu compromisso; a Câmara avançará nas reformas, continuará a ser o poder mais democrático e plural do país e não se deixará levar por uma disputa que aprofunda ainda mais a nossa crise. 

Arthur Lira - mais uma vez descartando o impeachment, 07/2021

Como se livrar do estorvo Bolsonaro, se em torno dele estão Generais que pouco a pouco, e cada vez mais, também se tornam estorvos?

Eis a questão para a burguesia brasileira, sob pressão do Imperialismo.

Porta-voz parlamentar do governo de Bolsonaro e dos Generais, Arthur Lira reafirma o compromisso com o ultra-liberalismo, numa tentativa de assim exorcizar um impeachment inevitável.

Com seu prazo de validade vencido, entre cagadas e soluços, Bolsonaro arrasta consigo a reputação das FFAA.

Como fazer os coturnos marcharem de volta aos quartéis?

Da última vez que este retorno forçado ocorreu, muitas foram as baixas pelo caminho: Fleury, Baumgarten, Molina, Tenente Odilon, equipes inteiras da PM, Zé do Ganho, Pejota, Cel. Malhães...

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