26 setembro 2016

Lava Jato e Associados

26/09/2016


“... a blasfêmia dos que dizem ser judeus, e não o são, porém são sinagoga de Satanás.”
Revelações 2:9

“Eis que farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não o são, mas mentem,”
Revelação 3:9
   
Curitiba é a capital brasileira com a maior quantidade de dias com céu nublado. é também uma das mais conservadoras cidades do país. é ainda a capital de um estado governado pelo PSDB e cujo Judiciário está assumidamente partidarizado.

a Lava Jato e Associados jamais exerceria tamanho poder se não estivesse em Curitiba. a cidade sede da operação não foi uma escolha fortuita. assim como juiz e integrantes da força-tarefa, com seu messianismo e louvação ao american way of life.

seguidores do culto puritano de uma terra da liberdade e das oportunidades, o lar de pessoas religiosas em busca de seus sonhos, muito embora tenham sido o pesadelo de índios, búfalos, florestas e escravos.

USA Incorporation já não é mais uma nação, converteu-se em mera base territorial e foro jurídico dos interesses das mega corporações transnacionais. a desigualdade de renda e riqueza estão em patamares crescentes. e hoje o food stamps atende  um de cada sete norte-americanos.

sempre desmascarando a si mesma, a Lava Jato e Associados é uma operação montada de fora, comandada de fora, para atender a interesses de fora.  portanto, é “muito maior” do que nós. se disto não temos as provas cabais, todas as informações analisadas, como num quebra-cabeça, permitem formar seguramente esta nossa convicção.

como agora o governo usurpador Temer deixa patente, a Direita brasileira não tem, e nunca teve, tamanha capacidade estratégica e operacional – e muito menos de formulação.

equivocam-se os que julgam que a Direita e os grandes empresários são exemplos de competência e inteligência. ao contrário, justamente por sabedores de suas insuperáveis limitações é que contratam, a peso de ouro, colaboradores inteligentes e competentes para defenderem seus interesses.

os interesses geopolíticos de USA Incorporation fazem da batalha do Brasil um decisivo teatro de operações de uma grande guerra mundial híbrida.

na cena do crime do golpe está presente DNA externo, não apenas a CIA e a NSA, também o  Mossad. além do histórico de atrito entre o governo Dilma e Israel, sublinhe-se as honras de Chefe de Estado com que o muy amigo Eduardo Cunha foi recebido no Knesset.

em 2013 o mega vazamento de Snowden expôs como a NSA espionava a Petrobrás, as grandes empresas brasileiras e até mesmo Dilma Roussef. desde então uma infinidade de grampos e delações premiadas produziram provas em demasia contra tudo e contra todos.

isto ajuda a explicar a apatia e a cumplicidade daquelas que deveriam ser as principais forças anti-cíclicas contra o aprofundamento do Estado de Exceção: STF, PGR, MPF e grandes grupos empresariais.

com os cadáveres sobrando no armário e pouco tapete em cima de muita sujeira, a falência institucional é completa.

após a chegada do inverno do impeachment, as aves de rapina do presidencialismo condominial disputam o orçamento público, as comissões e as propinas.

no clímax de sua lua de mel com o poder federal, o PSDB dá aulas de “republicanismo” para um PT ainda tão apático e desorientado quanto antes, fiel à sua estratégia de mirar um ano longe demais. 2018 ainda é a miragem no horizonte do deserto sem perspectivas do Lulismo, paralisado pela lógica institucional e aprisionado pelo calendário eleitoral.

se a resistência popular ainda é aquém do necessário, revelou-se bem além do previsto conforme o script golpista. como não é possível transformar um país com a dimensão, a diversidade e a complexidade do Brasil numa nova Síria, os formuladores do golpe reconfiguram seu plano.

enquanto as chamas se elevam além da capacidade atual de controle, aproxima-se a ameaça do apagão logístico: hídrico, elétrico, alimentar.

tanto para as gangues patrimonialistas quanto para a operação implantada em Curitiba, nada lhes importa o sucateamento da infra-estrutura brasileira. executam passo a passo o projeto da arquitetura do caos. através da doutrina do choque o Brasil padece a ascensão de um capitalismo de desastre.

a Crise de 2008 colocou em xeque o modelo de um mundo unipolar sob a hegemonia de USA Incorporation. Killary Rodomski, a senhora da guerra, com sua tosse incessante, incapaz de se sustentar nas próprias pernas e furiosa com seu fracasso é a imagem de um sistema esgotado e incapaz de se auto regenerar.

esta crise se tornou maior do que tudo e do que todos. é a crise de todos nós. não é apenas uma crise política, agravamento de uma crise financeira e econômica, gerando uma crise institucional. numa camada mais profunda, há uma inédita e incontornável crise climática desencadeando uma crise da civilização. este modelo, em sua totalidade, está em colapso. dele nada se espere, somente a certeza de que não sobreviveremos.

summer is coming.
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22 setembro 2016

o lugar de Lula é na cadeia

22/09/2016

o lugar de Lula é na cadeia!

num país com um STF e um MPF que mantém intocáveis Gilmar Mendes, Cunha, Temer, Daniel Dantas, Aécio, Renan, Sarney, Moreira Franco e todos os inúmeros demais associados da organização criminosa responsável pelo golpe de Estado, neste país o lugar de Lula é sim na cadeia!

no Brasil pós golpe, o lugar de cada democrata é na cadeia! o lugar de cada defensor de um projeto de desenvolvimento com inclusão social é na cadeia! o lugar de todos nós é na cadeia!

e a única maneira de não acabarmos no lugar a nós reservado neste Brasil dominado por uma plutocracia colonial e escravagista é não sair das ruas. é manter viva e cada vez mais forte a chama da luta pelo “Fora, Temer” e pelas “Diretas Já”. é ocupar os espaços públicos, os prédios públicos. é construir a greve geral. é bloquear os fluxos logísticos do capitalismo.

nada causará mais danos à resistência contra o golpe – pois ele não acabou com o impeachment, continua em curso e se aprofundando – do que convergir toda a complexidade deste processo numa pura e simples “defesa de Lula”.


esta é sim uma grande oportunidade para fazer coincidir a “defesa de Lula” com a luta pela democratização do Judiciário, pela desmilitarização da polícia, pelo desmantelamento do aparato repressivo e pela superação da doutrina de segurança nacional.

iniciativas quem em seus 13 anos de governo o Lulismo sequer cogitou em propor.

portanto, só existe uma correta “defesa de Lula”. aquela associada a defesa de todos nós, por uma pleno Estado Democrático de Direito garantido pela Constituição Federal e pelo poder popular.

a Lava Jato não é o problema. a Lava Jato é a filha bastarda da Satiagraha, que o Lulismo diligentemente operou para abafar. a Lava Jato é a herança maldita do Lulismo, por não ter feito a auditoria da privataria tucana.

a Lava Jato se transformou de um processo absolutamente necessário para o avanço da Democracia Brasileira numa arma política apropriada pela Direita para servir a plutocracia.

a “defesa de Lula”, caso não colocada dentro de um contexto de ampla defesa da Democracia contra um golpe de Estado,  se encaixa perfeitamente nos planos da grande pacificação nacional, através de mais um acordo de cúpula entre as elites, que ainda mais uma vez a população padecerá.

também de nada adiantará a repetição fanática do mantra dos milagres do Lulismo.  

é mais do que tempo de definitivamente compreender que os celebrados “programas sociais” lulistas nada mais foram do que as velhas e conhecidas “políticas sociais compensatórias”, recomendadas pelo Banco Mundial e formuladas pelo obsoleto Consenso de Washington.

se de fato existisse uma pujante “Nova Classe Média” (termo cunhado por um economista neoliberal vinculado a um think tank conservador, mais ainda assim prontamente adotado pelo Lulismo) a economia brasileira teria resistido.

se fosse possível inclusão social pelo consumo, e não somente pela renda, pela cidadania e pela consciência política, as massas nas ruas seriam ainda maiores, nas ruas estariam há mais tempo e haveria ainda maior radicalização.

o Lulismo foi o rumo que nos trouxe ao abismo, por sua estratégia de conciliação permanente a serviço de um projeto de hegemonia às avessas. um modo de governar para atender a quase totalidades das demandas da minoria e de se legitimar através de alguns poucos benefícios para a maioria.

aquele Brasil da política binária, reduzida a uma simplista e ilusória oposição entre PT x PSDB, Lulismo x anti-Lulismo, este Brasil acabou. não haverá retorno do exílio no qual nos encontramos.

portanto, nenhum acordo é possível nas bases anteriores. estamos num Brasil multipolar, com as diversas gangues patrimonialistas, associadas aos mega interesses transnacionais, disputando a hegemonia. um condomínio de piratas e saqueadores dedicados a expropriar o patrimônio público, para dele se apoderarem.

mergulhamos em plena guerra civil híbrida. a plutocracia não quer mais acordo. será então preciso fazê-la compreender que seu botim será apenas ruínas: as sua própria ruína.

na sua suprema arrogância o alto comando pressupôs que o xadrez do golpe era jogo jogado.

com o baixíssimo índice de popularidade do governo Dilma, a política do “quanto pior melhor” destruindo a economia, a maciça campanha de criminalização de Lula e do PT e a horda de bestializados vociferando nas ruas o golpeachment seria tão fácil e tranqüilo quanto um passeio num shopping em Miami.

mas com suas reviravoltas a História, esta velha topeira, sempre deixa atônito os prepotentes.

enquanto as famiglias prosseguem em sua guerra pelo botim da Democracia brasileira, o Lulismo ainda insiste em sua súplica por um acordo impossível. mas em meio aos escombros do Estado Democrático de Direito, não haverá nenhuma pacificação, nenhuma travessia em meio a cidadãos em revolta.

se após seu afastamento Dilma renasceu, Lula teima em ser o palatável personagem que criou para ser tolerado nos pactos palacianos. um personagem que nunca foi completamente digerido pela plutocracia. e que agora tentam expelir definitivamente do jogo.

também o PT, precocemente senil, se recusa a rejuvenescer. um partido dirigido por anciões paulistanos. a contra-face exata de “São Paulo Ltda.” tentando dar sobrevida a um Brasil unipolar no qual já não cabe a complexidade do tecido social do país.

um Brasil para o qual a única solução é a periferia se tornar o centro.

o PT paulistano não abre mão de sua hegemonia falida, recusando-se a passar o bastão para os estados nos quais as bases do Lulismo atualmente estão: o Nordeste. no que seria iniciar no âmbito interno do próprio PT, o resgate do imenso débito que o país tem com a questão regional.

até por uma questão da força inexorável dos fatos em curso, Lula precisa compreender que sua maior força é junto com os poderes do povo. retornar às suas raízes para se abraçar com sua grande base social: a imensa maioria da população nordestina.

para Lula, chegou o momento da verdade: ou a prisão ou as ruas.

apesar de tudo, o xadrez do golpe é ainda um jogo indefinido. e neste jogo o povo sem medo se credenciou como um dos vetores atuantes.

sim, o rei está nu! e quanto mais alto se ergue este grito, mais a ele o rei se torna surdo. enquanto o “Fora Temer” ecoa potente nas ruas e nas pesquisas, mais patente fica sua incapacidade de concretizar a palavra de ordem, porque entre o poder instituinte e os poderes constituídos já não existe relação, apenas a ruptura.

um golpe se institui pela força e só um contra-golpe pode detê-lo.

a fratura exposta entre o poder instituinte e os poderes constituídos é irreparável. o poder soberano do povo a ele deve voltar. este é o obrigatório e inadiável passo inicial para a superação do impasse de uma governabilidade inalcançável, nem agora e muito menos em 2018.

com cada nova “medida impopular” Temer realiza uma façanha inédita: a união da Esquerda brasileira em torno de um projeto comum.

mais e mais setores da população são atingidos, gerando um clima de crescente insatisfação social e rápida perda de credibilidade do governo.

a capilarização da resistência ao golpe se estendeu por todo o Brasil. já não restam dúvidas de que este é um golpe da plutocracia contra os pobres, contra os trabalhadores e contra o conjunto da população brasileira.

um golpe para manter o Brasil subordinado aos mega interesses transnacionais.

do incêndio ateado, as chamas se propagaram. os golpistas não conseguem controlá-las. as labaredas da luta de classes incendeiam o Brasil.

o setor dominante já não mais pode governar como antes. o agravamento da crise acirra a atividade dos movimentos sociais, empurrados então para uma ação histórica independente.

summer is coming.
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15 setembro 2016

Brasil em transe

15/09/2016


após a estonteante queda no abismo, retornamos à superfície do espelho. com tudo desmascarado, enfim enfrentamos a nossa face.

somos um território e uma população dominados por uma plutocracia que vendeu a alma do país ao Diabo, sem se dar conta que sua própria alma também fazia parte do pacto. agora chegou o momento do acerto de contas.

o surrealismo tropicalista vivido por um Brasil delirando num transe entre o Baile da Ilha Fiscal e a Queda da Bastilha.

desde a farsa dantesca encenada pela insurreição dos hipócritas no teatro de horrores da Câmara, na votação da admissibilidade do processo de golpeachment, até o apoteótico desnudamento dos cruzados de Curitiba, com sua “Lava Jato e Associados” fundamentada num ato de fé e não em provas.

não sem antes passar por um admitido golpe de Estado, através de um impeachment sem crime de responsabilidade, numa decisão reconhecidamente criminosa tomada em prol da governança dos negócios e não da Democracia.

ainda assim, a posse da nova presidente do STF, ao som do Hino Nacional por Caetano Veloso no violão, se dá como uma cerimônia no âmbito de um grande acordo  de conciliação nacional das elites. a travessia para tempos pacificados, através de águas em revolto e cidadãos em revolta.

mesmo sem estar fisicamente presente, a voz de Cunha ecoava: “Que Deus tenha misericórdia desta nação”.

um enredo farsesco e bizantino sob a benção de um PGR carregando os Dez Mandamentos contra a corrupção: a tábua de salvação do MPF para purificar o capitalismo de compadrio tupiniquim.

como se fosse possível transformar em confortáveis colinas, de onde se contempla um vasto horizonte, as cavernas na quais se esconde uma certeza inquebrantável: a oligopolização, a financeirização e a corrupção sistêmica são endógenas ao capitalismo.

não podem ser corrigidas, portanto, pela via policial ou judicial. sua superação exige uma solução política.

enquanto os investigados, indiciados, acusados, condenados, encarcerados, torturados, difamados, perseguidos e monitorados ainda insistem numa súplica pelo pacto à la Brasil, nada resiste ao colapso. o arcabouço institucional foi implodido. não resta pedra sobre pedra.

com a falência institucional fica exposta a fratura entre o poder instituinte e os poderes constituídos.

já não há Brasil. mas Brasil houve algum dia? aquela visão do paraíso de uma Ilha de Hy-Brazil, repleta de sabiás, palmeiras e amores... não haverá retorno deste exílio.

o conchavo com o inimigo de classe só pode levar a isso: traição, descompromisso com a causa pública e pilhagem do patrimônio comum. e a Lava Jato acabou se revelando não maior do que todos nós, ela só podia ser enorme para os que se apequenaram no seu dever de questionar a aberta sabotagem à Democracia.

entre o querer ser e o já ser, vai a distância entre o ridículo e o sublime.

esta distância, entre o pesadelo do ridículo país de uma plutocracia colonial e escravocrata e a sublime Nação de nossos sonhos, só pode ser superada pelos milhares de pés anônimos marchando pelas ruas.

jamais o Brasil que sonhamos será urdido através dos pactos palacianos e dos acordos de gabinete. o Brasil que sonhamos é este Brasil que já é, com este povo sem medo que agora se levanta.

o povo que previamente fal­tava. pois não é “o povo” que produz a luta e a resistência, é a luta e a resistência que geram o seu povo.

uma estratégia para ser vitoriosa deve visar não ao adversário, mas a estratégia dele, fazendo com que esta se volte contra ele mesmo – assim sua crença no êxito é seu inevitável caminho para a derrota.

do incêndio ateado, as chamas se propagaram. já não conseguem controlá-las. agora serão  as labaredas da luta de classes que incendiarão o país.
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06 setembro 2016

o golpe de São Paulo Ltda. contra o Brasil

06/09/2016

este não é apenas um golpe da plutocracia contra o povo, é um golpe da Opus Dei paulistana contra o restante do país.

muito embora tenha urdido o mito de ser a moderna locomotiva puxando os  vagões do atraso brasileiro, uma ilha bem sucedida arcando com o ônus de subsidiar uma federação parasitária, São Paulo Ltda. não passa da sede do rentismo brasileiro.

em São Paulo Ltda. está a sucursal brasileira do mercado financeiro globalizado, fazendo da SELIC nossa principal commodity de exportação.

como a grande indústria se tornou um empreendimento de fachada, não poderia estar melhor representada do que pelo painel luminoso do prédio da FIESP, por seu pato plagiado e seu presidente sem-indústria e rentista do setor imobiliário.

desde a belle époque dos Barões do Café, ridicularizados no cabarés de Paris, até a humilhante recepção a Temer no G20 de 2016 na China, a plutocracia paulista tem sido reduzida por sua contraparte internacional à sua pequeníssima diminuta estatura de sócios minoritários e subalternos.

jamais ousou construir um projeto de país através do qual sua hegemonia se exercesse, e assim impor sua dominação por consentimento a um pacto nacional. todo seu domínio sempre se deu pela força do mercado se apropriando do público, resultando em desproporcional concentração política e econômica em São Paulo.

sem que desta concentração resultasse desenvolvimento de âmbito nacional, através de reciclagem dos lucros sob a forma de investimentos regionais, apenas ainda mais enriquecimento de uma plutocracia marcadamente anti Povo e anti Nação.

uma lumpenburguesia eternamente sedenta de ser convidada para a mesa de jogo dos grandes lobos globais, mas servilmente resignada ao seu desprezível lugar como hiena periférica.

vivemos a crise de um mundo que já não se sustenta sob a unipolar pax americana. USA Incorporation não mais consegue estabilizar a economia mundial. a crise de 2008 marca a falência do padrão Dólar e da capacidade do déficit gêmeo norte-americano funcionar como o motor da economia global.

neste G20 em Hangzhou, a China assume o protagonismo, como o grande país superavitário, na criação de um mundo multipolar. para reativar a economia global através da reciclagem de seu superávit, os chineses apresentam a proposta da nova Rota da Seda: um cinturão, uma estrada. 

para se contrapor a este admirável mundo novo, Obama apenas arrotou uma decadente superioridade militar. mas enquanto Hillary não consegue parar de tossir, o que USA Incorporation tem a oferecer ao mundo não vai além da perspectiva de sua guerra sem fim.

completamente alheios a um contexto global em rápida e acentuada mutação, os eternos golpistas brasileiros vêem o roteiro de sua usurpação ser detonado pelo curso dos fatos:

- não contavam com a resistência popular ao golpe;
- não contavam com a baixíssima popularidade do governo golpista;
- não contavam tornar-se hegemônica a narrativa histórica sobre o caráter golpista do impeachment;
- não contavam com o desempenho de Dilma Roussef no Senado;
- não contavam com a rápida ascensão da bandeira das Diretas Já.
- não contavam com dezenas de milhares de manifestantes nas ruas;

o que lhes resta? apenas o uso da força.

mas como instalar uma ditadura em condições nacionais e internacionais tão diversas de 1964 e 1968?

como no mundo, vivemos também no Brasil o colapso do sistema unipolar. golpeado por São Paulo Ltda., o país se levanta numa guerra civil híbrida. um confronto que a Opus Dei paulistana não tem como ganhar, pois seu botim nada mais será que as ruínas de si mesma.
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02 setembro 2016

a vida é assim...

02/09/2016


os erros sucessivos do Lulismo trouxeram Dilma a uma encruzilhada de três pontas: Jango, Jânio ou Getúlio. golpe, renúncia ou um grande gesto político para se reconciliar com a História. 

ao entrar na arena dos ratos e brilhar como uma flamejante fênix renascida de suas próprias cinzas, Dilma mais uma vez obriga os verdugos a esconderem envergonhados suas faces, humilhados pela própria mediocridade.

os cínicos e impotentes alegarão que de nada adiantou, já que não mudou o voto dos senadores vendidos. ao que retrucaremos: “mas mudou a História!”

é inevitável perder um jogo sujo, com cartas marcadas e jogadores viciados: a banca sempre vencerá.

mas Dilma não foi derrotada. com seu gesto e seu desempenho, gerou um novo referencial. não se matou, não renunciou, não se exilou. ao contrário, o golpe foi exposto em mais de 13 horas de luta, com uma firme e corajosa atuação. e isto é sim “mudar a História”.

certos fracassos são nossas vitórias, pois detestaríamos estar no lugar de quem nos venceu. a partir de agora, não há o que temer, senão a morte da Democracia.

somos povos novos ainda na luta para nos fazermos a nós mesmos como um gênero humano novo que nunca existiu antes. tarefa muito mais difícil e penosa, mas também muito mais bela e desafiante.

se desejamos superar a noite escura que temos pela frente, já é mais do que hora de deixarmos atrás todas as ilusões. só assim nos tornaremos a quilha cortando as ondas, para rompê-las ao meio e atravessarmos o mar agitado da História.

somos inimigos do rei. nosso presente já era. nosso passado já foi. minha terra tem Palmares, onde outras aves cantam um outro canto. não temos nada na vida. não temos e nunca teremos. nossas bocas procuram a “Canção do Exílio”. como era mesmo a “Canção do Exílio”?

pessimista, pela razão. otimista, pela vontade. eminentemente prático, por mais forte que se bata a cabeça contra a parede, é a cabeça que vai quebrar, e não a parede. o desafio é viver sem ilusões e, ao mesmo tempo, sem ficar desiludido.

viver em Pasárgada e sermos amigos do rei? um lugar de elites tão senis que rainhas loucas da Espanha são ainda mais coerentes do que os donos deste país?

de que vale Pasárgada? é por acaso pelas suas pedras e muralhas que lutamos? por seus cargos e suas verbas? suas pompas e honrarias? ou é pelas pessoas que lutamos?

o que nos faz lutar melhor? quem pensamos que somos? fazer de cada um de nós um guerreiro nos faz lutar melhor?

Pasárgada de nada vale. são as pessoas que mudam o mundo. é por elas que lutamos. lutamos uns pelos outros. lutamos por nós. e nós somos Pasárgada. então, Pasárgada vale tudo!

se temos esperança? não, não temos! mas não é a esperança que nos move. o que nos move é que só temos esta vida para viver.

e a vida é assim... dura! mas fascinante e encantadora!
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