22 setembro 2016

o lugar de Lula é na cadeia

22/09/2016

o lugar de Lula é na cadeia!

num país com um STF e um MPF que mantém intocáveis Gilmar Mendes, Cunha, Temer, Daniel Dantas, Aécio, Renan, Sarney, Moreira Franco e todos os inúmeros demais associados da organização criminosa responsável pelo golpe de Estado, neste país o lugar de Lula é sim na cadeia!

no Brasil pós golpe, o lugar de cada democrata é na cadeia! o lugar de cada defensor de um projeto de desenvolvimento com inclusão social é na cadeia! o lugar de todos nós é na cadeia!

e a única maneira de não acabarmos no lugar a nós reservado neste Brasil dominado por uma plutocracia colonial e escravagista é não sair das ruas. é manter viva e cada vez mais forte a chama da luta pelo “Fora, Temer” e pelas “Diretas Já”. é ocupar os espaços públicos, os prédios públicos. é construir a greve geral. é bloquear os fluxos logísticos do capitalismo.

nada causará mais danos à resistência contra o golpe – pois ele não acabou com o impeachment, continua em curso e se aprofundando – do que convergir toda a complexidade deste processo numa pura e simples “defesa de Lula”.


esta é sim uma grande oportunidade para fazer coincidir a “defesa de Lula” com a luta pela democratização do Judiciário, pela desmilitarização da polícia, pelo desmantelamento do aparato repressivo e pela superação da doutrina de segurança nacional.

iniciativas quem em seus 13 anos de governo o Lulismo sequer cogitou em propor.

portanto, só existe uma correta “defesa de Lula”. aquela associada a defesa de todos nós, por uma pleno Estado Democrático de Direito garantido pela Constituição Federal e pelo poder popular.

a Lava Jato não é o problema. a Lava Jato é a filha bastarda da Satiagraha, que o Lulismo diligentemente operou para abafar. a Lava Jato é a herança maldita do Lulismo, por não ter feito a auditoria da privataria tucana.

a Lava Jato se transformou de um processo absolutamente necessário para o avanço da Democracia Brasileira numa arma política apropriada pela Direita para servir a plutocracia.

a “defesa de Lula”, caso não colocada dentro de um contexto de ampla defesa da Democracia contra um golpe de Estado,  se encaixa perfeitamente nos planos da grande pacificação nacional, através de mais um acordo de cúpula entre as elites, que ainda mais uma vez a população padecerá.

também de nada adiantará a repetição fanática do mantra dos milagres do Lulismo.  

é mais do que tempo de definitivamente compreender que os celebrados “programas sociais” lulistas nada mais foram do que as velhas e conhecidas “políticas sociais compensatórias”, recomendadas pelo Banco Mundial e formuladas pelo obsoleto Consenso de Washington.

se de fato existisse uma pujante “Nova Classe Média” (termo cunhado por um economista neoliberal vinculado a um think tank conservador, mais ainda assim prontamente adotado pelo Lulismo) a economia brasileira teria resistido.

se fosse possível inclusão social pelo consumo, e não somente pela renda, pela cidadania e pela consciência política, as massas nas ruas seriam ainda maiores, nas ruas estariam há mais tempo e haveria ainda maior radicalização.

o Lulismo foi o rumo que nos trouxe ao abismo, por sua estratégia de conciliação permanente a serviço de um projeto de hegemonia às avessas. um modo de governar para atender a quase totalidades das demandas da minoria e de se legitimar através de alguns poucos benefícios para a maioria.

aquele Brasil da política binária, reduzida a uma simplista e ilusória oposição entre PT x PSDB, Lulismo x anti-Lulismo, este Brasil acabou. não haverá retorno do exílio no qual nos encontramos.

portanto, nenhum acordo é possível nas bases anteriores. estamos num Brasil multipolar, com as diversas gangues patrimonialistas, associadas aos mega interesses transnacionais, disputando a hegemonia. um condomínio de piratas e saqueadores dedicados a expropriar o patrimônio público, para dele se apoderarem.

mergulhamos em plena guerra civil híbrida. a plutocracia não quer mais acordo. será então preciso fazê-la compreender que seu botim será apenas ruínas: as sua própria ruína.

na sua suprema arrogância o alto comando pressupôs que o xadrez do golpe era jogo jogado.

com o baixíssimo índice de popularidade do governo Dilma, a política do “quanto pior melhor” destruindo a economia, a maciça campanha de criminalização de Lula e do PT e a horda de bestializados vociferando nas ruas o golpeachment seria tão fácil e tranqüilo quanto um passeio num shopping em Miami.

mas com suas reviravoltas a História, esta velha topeira, sempre deixa atônito os prepotentes.

enquanto as famiglias prosseguem em sua guerra pelo botim da Democracia brasileira, o Lulismo ainda insiste em sua súplica por um acordo impossível. mas em meio aos escombros do Estado Democrático de Direito, não haverá nenhuma pacificação, nenhuma travessia em meio a cidadãos em revolta.

se após seu afastamento Dilma renasceu, Lula teima em ser o palatável personagem que criou para ser tolerado nos pactos palacianos. um personagem que nunca foi completamente digerido pela plutocracia. e que agora tentam expelir definitivamente do jogo.

também o PT, precocemente senil, se recusa a rejuvenescer. um partido dirigido por anciões paulistanos. a contra-face exata de “São Paulo Ltda.” tentando dar sobrevida a um Brasil unipolar no qual já não cabe a complexidade do tecido social do país.

um Brasil para o qual a única solução é a periferia se tornar o centro.

o PT paulistano não abre mão de sua hegemonia falida, recusando-se a passar o bastão para os estados nos quais as bases do Lulismo atualmente estão: o Nordeste. no que seria iniciar no âmbito interno do próprio PT, o resgate do imenso débito que o país tem com a questão regional.

até por uma questão da força inexorável dos fatos em curso, Lula precisa compreender que sua maior força é junto com os poderes do povo. retornar às suas raízes para se abraçar com sua grande base social: a imensa maioria da população nordestina.

para Lula, chegou o momento da verdade: ou a prisão ou as ruas.

apesar de tudo, o xadrez do golpe é ainda um jogo indefinido. e neste jogo o povo sem medo se credenciou como um dos vetores atuantes.

sim, o rei está nu! e quanto mais alto se ergue este grito, mais a ele o rei se torna surdo. enquanto o “Fora Temer” ecoa potente nas ruas e nas pesquisas, mais patente fica sua incapacidade de concretizar a palavra de ordem, porque entre o poder instituinte e os poderes constituídos já não existe relação, apenas a ruptura.

um golpe se institui pela força e só um contra-golpe pode detê-lo.

a fratura exposta entre o poder instituinte e os poderes constituídos é irreparável. o poder soberano do povo a ele deve voltar. este é o obrigatório e inadiável passo inicial para a superação do impasse de uma governabilidade inalcançável, nem agora e muito menos em 2018.

com cada nova “medida impopular” Temer realiza uma façanha inédita: a união da Esquerda brasileira em torno de um projeto comum.

mais e mais setores da população são atingidos, gerando um clima de crescente insatisfação social e rápida perda de credibilidade do governo.

a capilarização da resistência ao golpe se estendeu por todo o Brasil. já não restam dúvidas de que este é um golpe da plutocracia contra os pobres, contra os trabalhadores e contra o conjunto da população brasileira.

um golpe para manter o Brasil subordinado aos mega interesses transnacionais.

do incêndio ateado, as chamas se propagaram. os golpistas não conseguem controlá-las. as labaredas da luta de classes incendeiam o Brasil.

o setor dominante já não mais pode governar como antes. o agravamento da crise acirra a atividade dos movimentos sociais, empurrados então para uma ação histórica independente.

summer is coming.
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