02 setembro 2016

a vida é assim...

02/09/2016


os erros sucessivos do Lulismo trouxeram Dilma a uma encruzilhada de três pontas: Jango, Jânio ou Getúlio. golpe, renúncia ou um grande gesto político para se reconciliar com a História. 

ao entrar na arena dos ratos e brilhar como uma flamejante fênix renascida de suas próprias cinzas, Dilma mais uma vez obriga os verdugos a esconderem envergonhados suas faces, humilhados pela própria mediocridade.

os cínicos e impotentes alegarão que de nada adiantou, já que não mudou o voto dos senadores vendidos. ao que retrucaremos: “mas mudou a História!”

é inevitável perder um jogo sujo, com cartas marcadas e jogadores viciados: a banca sempre vencerá.

mas Dilma não foi derrotada. com seu gesto e seu desempenho, gerou um novo referencial. não se matou, não renunciou, não se exilou. ao contrário, o golpe foi exposto em mais de 13 horas de luta, com uma firme e corajosa atuação. e isto é sim “mudar a História”.

certos fracassos são nossas vitórias, pois detestaríamos estar no lugar de quem nos venceu. a partir de agora, não há o que temer, senão a morte da Democracia.

somos povos novos ainda na luta para nos fazermos a nós mesmos como um gênero humano novo que nunca existiu antes. tarefa muito mais difícil e penosa, mas também muito mais bela e desafiante.

se desejamos superar a noite escura que temos pela frente, já é mais do que hora de deixarmos atrás todas as ilusões. só assim nos tornaremos a quilha cortando as ondas, para rompê-las ao meio e atravessarmos o mar agitado da História.

somos inimigos do rei. nosso presente já era. nosso passado já foi. minha terra tem Palmares, onde outras aves cantam um outro canto. não temos nada na vida. não temos e nunca teremos. nossas bocas procuram a “Canção do Exílio”. como era mesmo a “Canção do Exílio”?

pessimista, pela razão. otimista, pela vontade. eminentemente prático, por mais forte que se bata a cabeça contra a parede, é a cabeça que vai quebrar, e não a parede. o desafio é viver sem ilusões e, ao mesmo tempo, sem ficar desiludido.

viver em Pasárgada e sermos amigos do rei? um lugar de elites tão senis que rainhas loucas da Espanha são ainda mais coerentes do que os donos deste país?

de que vale Pasárgada? é por acaso pelas suas pedras e muralhas que lutamos? por seus cargos e suas verbas? suas pompas e honrarias? ou é pelas pessoas que lutamos?

o que nos faz lutar melhor? quem pensamos que somos? fazer de cada um de nós um guerreiro nos faz lutar melhor?

Pasárgada de nada vale. são as pessoas que mudam o mundo. é por elas que lutamos. lutamos uns pelos outros. lutamos por nós. e nós somos Pasárgada. então, Pasárgada vale tudo!

se temos esperança? não, não temos! mas não é a esperança que nos move. o que nos move é que só temos esta vida para viver.

e a vida é assim... dura! mas fascinante e encantadora!
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