13 junho 2017

o bom Barroso

13/06/2017


vídeo: O Bom Barroso

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06 junho 2017

os Brasis: um fantasma ainda assombra

06/06/2017



um espectro ainda ronda o Brasil. tremem ao ouvir o seu nome. inútil tentar conjurá-lo. o espírito de Junho de 2013 ainda assombra permanentemente, ameaça paradigmas obsoletos e certezas decadentes. como um teimoso, sempre volta mais uma vez, e ainda outra vez. uma esfinge desafiando repetidamente a se decifrar seu enigma.

ao contrário da narrativa lamuriosa da Ex-querda, não foi Junho de 2013 o ovo da serpente do Golpeachment. a via de acesso ao poder de uma Direita sem voto foi chocada pela repetida negativa da Ex-querda em se relacionar positivamente com Junho de 2013.

em Junho de 2013 ficou exposto o quanto havia de podre no reino encantado da conciliação de classes do Lulismo. e ainda agora é Junho de 2013 pulsando. seu espírito sopra continuamente ânimo sobre as ruas, os bloqueios e as ocupações, para potencializar a vitalidade da resistência ao Golpeachment,

“Disseram que estando dormindo em meu jardim, fui mordido por uma serpente; deste modo todos foram grosseiramente enganados com esta fabulosa história de meu falecimento. A serpente que me tirou a vida, usa agora a coroa que me pertencia.”

devemos escavar o solo uns palmos mais abaixo, fazendo chocar-se um ardil contra outro ardil, até se alcançar a raiz da questão: somos ou não capazes de ultrapassar as mesmas respostas erradas, mantendo-nos prisioneiros de um infindável giro em falso na encruzilhada de Junho de 2013?

onde estávamos em Junho de 2013?

estávamos nas ruas? ao menos acompanhávamos as manifestações ao vivo pelo inovador trabalho dos mídia-ativistas?

como nos relacionamos com Junho de 2013? por uma inquietante leitura de um mundo em mutação ou somente pela viciada leitura de palavras convenientes?

ainda mantínhamos a fé num Pacto à la Brasil para um Mensalão que jurávamos nunca ter existido? como se fosse possível uma lua de mel perene com a plutocracia colonial e escravagista, sempre pronta a exercer sua vocação eterna para o golpismo...

ainda nos iludíamos com os altos índices de popularidade do governo, assim como o mercado financeiro acreditou piamente no Triple A carimbado pelas corruptas agências de risco nos derivativos tóxicos de Wall Street em 2008?

enquanto os sucessivos e intermináveis vagalhões do tsunami da crise global destroçavam a ordem econômica e política mundial, ainda contemplávamos o próprio umbigo monocordiamente repetindo tratar-se só de uma marolinha?

ou até hoje preferimos acreditar que a maior de todas as crises brasileiras, no bojo da mais grave crise do Capitalismo desde 1929, tudo isto na verdade não passa de tão somente mais uma manipulação da Rede Globo?

não tínhamos ainda percebido que nenhum incentivo e desoneração despertariam qualquer espírito animal numa lumpenburguesia viciada no saque e na pilhagem? achávamos mesmo que Eike Batista era o empresário-companheiro, molde inaugural de toda uma geração de futuros capitalistas brasileiros comprometidos com o desenvolvimento nacional?

segundo o Sistema de Acompanhamento de Greves do DIEESE, se em 2012 haviam ocorrido 877 greves, em 2013 foram 2.050, demonstrando como então a crise econômica já corroera a Pax Lulista.

Junho de 2013 não foi nenhum imprevisível raio num perfeito céu azul, e sim um indisfarçável sintoma de que “a moldura institucional do país não cabia mais no organismo social brasileiro”.

contudo, a Ex-querda forjou sua auto-indulgente versão de nada mais ter sido senão obra maquiavélica dos demiurgos da CIA, manipulando a História em seus laboratórios secretos para desestabilizar o Lulismo, auxiliados pela decisiva participação da Rede Globo com sua cobertura ao vivo.

como se a História nada mais fosse do que uma conspiração. e a luta de classes se reduzisse a uma briga contra uma mídia que nunca deixou de contar com generoso patrocínio público.

”Não. Eu não acho que aquilo ali [Junho de 2013] foi uma manifestação da direita. Eu não acho, realmente. Não acho que esteja ali o fulcro dos movimentos de direita, não acho.”
Dilma Roussef, 27/06/2016, entrevista à Publica

é inegável também que em toda grande movimentação social ocorre intensa atuação de forças políticas organizadas, tentando capturá-la e dirigi-la conforme seus respectivos interesses e projetos.

por outro lado, o surgimento de novas lideranças e novos agentes sociais escapa completamente ao controle de quem quer que seja, tornando esse momentos de súbita e intensa irrupção do movimento social absolutamente imprevisíveis em seus desdobramentos.

Junho de 2013 é o marco inicial de um interregno

em Junho de 2013 o sistema de poder estabelecido com a Nova República começa a ruir, assim como 1977 marca o início do fim da Ditadura.

a partir de 1977, com a retomada dos movimentos sociais, iniciou-se um longa e tortuosa travessia. a falência histórica do velho já acontecera, mas não sua falência política. no vácuo deste interregno, através da luta entre os diversos setores sociais, ocorre a construção de um novo sistema de poder.

ainda estamos até hoje no meio de uma destas arriscadas travessias. no vácuo deste interregno proliferam as patologias sociais: criaturas monstruosas, fenômenos bizarros e sintomas mórbidos.

em Junho de 2013 o clamor das ruas era claro: mais participação, mais direitos, mais Democracia.

aquele foi o momento mais favorável para o Lulismo operar seu giro à Esquerda, o que chegou timidamente a ensaiar, sem nunca ter tido nem desejo, e muito menos capacidade, para concretizar. o Lulismo desperdiçou todo seu capital político, quando Dilma estava nos píncaros da popularidade, na patética ilusão que a promíscua conciliação de classes jamais esgotaria seu prazo de validade.

ainda assim, o Lulismo insistiu em isenções e desonerações, sem nada mais produzir senão alavancar o lucros de uma lumpenburguesia então já em plena operação para sabotar o governo de Dilma Roussef.

desde então, com a representação política em colapso, a Ex-querda escondeu-se na negação da realidade. o sistema de poder começou a ruir diante de todos, atônitos e incapazes de esboçar propostas, assistiram passivamente seu passo a passo no rumo de uma derrocada anunciada.



vídeo: Dilma propõe plebiscito para reforma política – 24/06/2013


 vídeo: Tomada da ALERJ - 17/06/2013


muito além da av. Paulista

outra enorme distorção presente na visão que a Ex-querda formou sobre Junho de 2013 é elaborar suas conclusões a partir da perspectiva da av. Paulista – onde na  grande manifestação da noite de 20/06/2013, após o recuo no reajuste das tarifas, houve uma forte participação de grupos proto fascistas.

mas esta investida da Direita não ocorreu no restante do país. ao contrário, na mesma noite no Rio de Janeiro, uma gigantesca multidão ocupou literalmente toda a av. Pres. Vargas, num comparecimento muito maior do que o de SP, sem registro de presença minimamente significativa de grupos de Direita.

esta manifestação no Rio foi brutalmente reprimida pela PM na frente da prefeitura, no final da av. Pres. Vargas. ao sofrerem um bombardeio cerrado de balas de borracha, spray de pimenta e gás lacrimogêneo, seguido do ataque da cavalaria da PM, os manifestantes recuaram. em seguida grupos se reagruparam ao longo da avenida e enfrentaram os policiais. assim surgem os adeptos da tática Black Bloc no Rio.

vídeo com o momento (1’00’’) em que uma manifestação pacífica é brutalmente atacada pela PM, o que se tornaria rotina posteriormente e até hoje. a partir de 4’00’, cenas do enfrentamento com o “Caveirão”, gravadas lado a lado com os ativistas.

vídeo: A Batalha da Av. Presidente Vargas – Rio de Janeiro – 20/06/2013


a partir das experiências de confrontos nas ruas em Junho de 2013 consolidou-se a capacidade dos manifestantes de não mais recuarem desordenamente frente aos ataques da polícia. desde então, a autodefesa tornou-se uma característica sempre presente, com a tática Black Bloc amplamente adotado em diversas situações por grupos bastante heterogêneos.

no vídeo abaixo (a partir de 2’00’’) verifica-se que os manifestantes enfrentando o blindado “Caveirão” da PM, não se tratam de “meninos mimados da zona sul carioca”, em sua maioria são moradores das periferias e das comunidades, fazendo então o que não tem condição quando a PM invade as comunidades, quando as balas são de fuzil e não de borracha.

vídeo: manifestantes enfrentam o blindado “Caveirão” – Rio de Janeiro – 20/06/2013


muito além da av. Paulista, as enormes manifestações se propagaram por todo o país, com seguidos enfrentamentos com a polícia. abaixo um documentário sobre Junho de 2013 em Fortaleza, com  excelente material para se compreender a tensão dentro do próprio movimento entre o casal infernal: “pacifistas x radicais”.

vídeo: “Com Vandalismo” – documentário do Coletivo Nigéria sobre Junho de 2013 em Fortaleza


“Onde o pacifista procura abster-se do curso do mundo, permanecendo bom e não cometendo nada de mal, o radical abstêm-se de qual­quer participação no “existente”, por via de pequenos ilegalismos enfeitados por “tomadas de posição” intransigentes. Ambos as­piram à pureza, um pela ação violenta, o outro abstendo-se dela. Cada um é o pesadelo do outro. Não é certo que estas duas figu­ras subsistissem muito tempo se cada uma não tivesse a outra como fundo. Como se o radical não vivesse senão para arrepiar o pacifista nele próprio, e vice-versa.”
“Aos Nossos Amigos”, Comitê Invisível

execrado pela Ex-querda, capturado pela Direita

em 18/06/2013, no vácuo aberto pela irrupção nas ruas, ocorre a primeira tentativa explícita de capturar as manifestações para impor uma pauta unificada a um movimento marcadamente horizontal e  descentralizado.
 
é postado um vídeo do Grupo Anonymous Brasil  reivindicando 5 causas: arquivamento da PEC 37/2011, a saída de Renan Calheiros da presidência do Congresso Nacional,  investigação e punição de irregularidades nas obras da Copa, pela PF e MPF, criação de uma lei que trate casos de corrupção no Congresso como crimes hediondos, fim do foro privilegiado.

causas absolutamente  incongruentes com o Anonymous, que apesar da pluralidade característica de coletivos não centralizados sempre converge para uma linha de ação direta e atuação não institucional. todas as “5 Causas”  apontando  na direção contrária e com um sentido coerente com o defendido por setores do MPF e da PF.

as infiltrações nas manifestações pelos órgãos de segurança já ocorriam abertamente, a vista de todos.

ainda assim, o Lulismo prosseguia como se ainda estivesse no ápice de seus anos dourados, avaliou a maior movimentação de massas até então ocorrida de massas desde as “Diretas Já”, em 1984, como uma equivocada e passageira turbulência.

contudo, num final de tarde melancólico, anoiteceu sem se darem conta. sozinhos no escuro, era impossível negar acontecera algo muito sério. não haveria como não viver o luto.

vídeo: “As 5 causas”


vídeo: militar a paisana no ataque ao Palácio do Itamaraty – 20/06/2013


vídeo: PH LIMA – “Primavera Brasileira”


no rastro de Junho de 2013, o mega fracasso dos mega eventos

apesar de todas as evidências em contrário, comprovadas pelas experiências de suas edições anteriores em outros países, os mega-eventos eram considerados pelo Lulismo como um grande trunfo não apenas político, tanto por gerarem um em efeito positivo de popularidade, como também econômico, na suposição dos investimentos em infraestutura retornariam como crescimento do PIB.

o que jamais aconteceu. já que grande parte dos recursos abasteceu os propinodutos, escoando pelos ralos dos paraísos fiscais ou simplesmente foram desviados para aplicações especulativas no mercado financeiro.

de Junho de 2013 até a Copa de 2014 as manifestações prosseguiram em todo o país. a truculência e as perseguições políticas foram regras num Estado de Exceção permanente no qual a repressão se justificava para expulsar das ruas os “vândalos” e “baderneiros” do movimento #NãoVaiTerCopa.

o Lulismo que antes já abandonara as ruas, por julgar não mais precisar delas, então não hesitou em reprimir as manifestações para garantir a Copa das Copas da FIFA.

Dilma é vaiada e xingada na cerimônia de abertura, num estádio lotados justamente com os setores médios da população mais conservadores e refratários a seu governo.

aquela foi uma Copa de ricos para ricos, disputada por uma seleção de milionários, patrocinados por empresas trans-nacionais, realizada por uma FIFA corrupta, auto-denominada como filantrópica mas auferindo lucros recordes, impondo leis inconstitucionais e tendo como resultado o Minerazo: o mais humilhante fiasco de todos os tempos do futebol brasileiro.

em 19/12/2013, o então ministro da Defesa, Celso Amorim assinou a portaria 3.461, para regulamentar o dispositivo de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), sobre a utilização das Forças Armadas em situações de manutenção da segurança pública. a GLO também foi usada em diversas ocasiões, inclusive em grandes eventos, como a Copa do Mundo (2014) e a Olimpíada de 2016.

em 17/06/2016 a Lei Antiterrorismo (13.260/2016) é sancionada pela president@ Dilma Rousseff, um ex-guerrilheira.

 “Essa juventude que cresceu já dentro da era Lula não traz consigo mais nenhum resquício de esperança ou fé na esquerda, nos movimentos sociais tradicionais, no terceiro setor, nem muito menos em alguma melhoria proposta por qualquer esfera do poder estatal ou da iniciativa privada. Não confia na justiça ou na polícia, de quem são principal alvo desde o berço. A descrença absoluta levou a um, mesmo que involuntário e espontâneo, niilismo político. Essa total descrença nas instituições e na política institucional em si culminou em um tudo ou nada, ou melhor, em um nada a perder. Se nos foi tirada qualquer esperança de mudar o mundo, então sobrou apenas a esperança de destruí-lo.”

vídeo: Dilma Perdida no Tempo


vídeo: #NãoVaiTerCopa


Snowden e o tijolo que falta nos BRICS

ainda no contexto de Junho de 2013, é impossível não considerar o mega vazamento efetuado por Edward Snowden, revelando como a NSA espionava a Petrobrás, grandes empresas brasileiras e a própria Dilma Roussef.

em Hong Kong, Snowden passou as informações diretamente a um jornalista “brasileiro”: Glenn Greenwald. frise-se também que o destino preferido para asilo político por Snowden era o Brasil – evidentemente o país não oferecia a menor condição de independência e segurança para tal, o que demonstra o quanto a Ex-querda ficou aquém de sua missão no governo.

sem adotar as necessárias contra-medidas, cerca de três anos depois, na fatídica noite preparatória para o Golpeachment, em 16/03/2016, é divulgado que Dilma teve suas ligações novamente grampeadas. apesar dos avisos de Snowden, não se adotara o uso de linhas seguras criptografadas.

desde Junho de 2013 uma infinidade de grampos e delações premiadas produziram provas em demasia contra tudo e contra todos, fornecendo a munição necessária para a Lava Jato & Associados manter refém todo o 1% brasileiro, aniquilar com o sistema político, destruir a economia brasileira e colocar Lula e o PT de joelhos.

o Big Data capturara a plutocracia brasileira e suas principais empresas em seus terabytes de terabytes, para inviabilizar a permanência do Brasil nos BRICS e o surgimento de um mundo multipolar.

ficava provado não ser possível sermos um dos tijolos na construção do BRICS, apenas por um “cara” ser festejado como o “político mais popular da Terra”, sendo inviável chegar a ter sucesso no xadrez da geopolítica global com apertos de mão e tapinhas nas costas.

“Um homem que se dispões a fazer Reformas de Base, daquele tipo, reformas que levariam o Brasil em 30, 40 anos ao primeiro mundo; Um homem que se dispõe a enfrentar o Imperialismo, a doutrina do imperialismo americano; Quer dizer... Ele tem que se prevenir com as armas sim! Isto eu lamento muito! Foi um golpe fácil demais! Ninguém assumiu um comando, que seria o verdadeiro comando revolucionário! Ninguém...”
Ivan Cavalcante Proença,  no filme Os Militares que disseram NÃO”

vídeo: “Citzen Four” - Snowden em 2013


“CitzenFour” nunca foi apenas um mero “analista sênior” terceirizado, tendo como background a paradisíaca Havaí. um autêntico gênio da área de TI, coube a Snowden o alicerce fundador do monstruoso sistema de coleta 24x7 de informações operado pela NSA. a partir de então a guerra está em todos os lugares. o único lugar seguro é estar sempre em movimento.

o lugar do conflito armado coletivo progressivamente se dilatou do campo de batalha para a Terra inteira. da mesma forma, sua duração se estende agora até o infinito, sem declaração de guerra nem armistício. é por este motivo que os estrategistas contemporâneos destacam que a vitória moderna provém mais da conquista dos corações e mentes dos membros de uma população do que de seu território, ou mesmo de seus recursos naturais. o front em cada um e ninguém mais em cada front.

já não se trata de avistar colunas de blindados e localizar alvos potenciais, mas de compreender os meios sociais, os comportamentos, as psicologias. o único front que deve manter as forças nele empenhadas é o das populações.

- 05/06/2013: vazamento dos documentos de Edward Snowden;
- 01/09/2013: revelado que Dilma Roussef foi alvo de espionagem da NSA;
- 11/09/2013: revelado que NSA concedeu acesso a Israel de metadados e dados, inclusive de cidadãos norte-americanos;
- 17/09/2013: Dilma Roussef anuncia adiamento da visita de Estado que faria em outubro a Washington, em razão das denúncias de espionagem reveladas por Snowden;
- 24/09/2013: em discurso de abertura da  68ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, Dilma Roussef  condena as ações de espionagem dos EUA no Brasil;

vídeo: “Snowden”, de Oliver Stone:



mesmo agora há algo vagando na encruzilhada de Junho de 2013. um fantasma assombrando o Brasil. muitas das perguntas da esfinge ficaram sem resposta e naquela encruzilhada algo ainda deve morrer.

em Junho de 2013, aquele Brasil que pensávamos tão bem conhecer fora estilhaçado. e como pedaços de espelhos partidos, os vários Brasis já não refletiam nenhuma identidade coletiva.

mas onde tudo termina, também algo renasce. após o fim de tudo, um novo recomeço, desde o início. a dura e inadiável tarefa de re-existir.

onde estávamos em Junho de 2013? onde estamos agora na luta contra o Golpeachment?

enquanto os necrófilos saboreiam seu banquete, somente os antropofágicos atravessarão o despenhadeiro das sombras. neste tempo de aniquilamento e ressurreição, a questão de todas as questões: tupi or not tupi?

para enfim decifrar o enigma de Junho de 2013, esta é a inédita encruzilhada histórica na qual nossa identidade como Povo e Nação será forjada. este é o intenso tempo do agora, no qual nos tornamos nossa própria esfinge: quem somos? o que queremos?

só a Antropofagia nos une! ou se devora ou se é devorado.

anexos:

vários coletivos produziram seus documentos de análise e autocrítica sobre Junho de 2013. alguns podem ser acessados em:









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05 junho 2017

os Brasis: um glossário

05/06/2017



crise

- já não se pode falar de uma crise do Capitalismo, e sim de um Capitalismo de crise. incapaz de se auto regenerar e submetido a crises periódicas cada vez mais destrutivas, o Capitalismo incorporou a crise como um modo de governar.

- a “crise” é uma oportunidade de reestruturação dos mercados. as medidas tomadas para superar a “crise” não servem para combatê-la. ao contrário, a “crise” é desencadeada como pretexto para aplicar tais medidas.

Crise de 2008

- sob o padrão Dólar-Ouro, o capitalismo experimentou seus “anos dourados”, com intensa industrialização, inovações tecnológicas, Guerra Fria e o Welfare State; no padrão Dólar, prevaleceu a financeirização, a revolução digital, a globalização e o “Estado mínimo”.

- ainda sem qualquer perspectiva de superação, a Crise de 2008 desencadeou mais uma grande desintegração. novamente os moinhos satânicos trituram impiedosamente as condições sociais tal qual a conhecíamos, liquefazendo a modernidade num caldo totalitário do qual se ergue um  pavoroso mundo novo.

Das Kapital

- Das Kapital é o Capitalismo em sua configuração pós Crise de 2008.

- no circuito integrado e volátil das operações instantâneas em mercados apátridas, nação, trabalho e trabalhador estão obsoletos. o lucro prescinde da produção e do consumo, graças à rentabilidade diária e sem risco de investimentos garantidos pelo Estado. a sociedade inteira foi aprisionada num processo autofágico, uma espécie de buraco negro, em que tudo e todos estão submetidos à voracidade ilimitada do capital financeiro.

- pela total financeirização da economia e mercantilização completa da vida, até mesmo a subjetividade foi recolonizada. somos todos descartáveis. é desnecessário um exército industrial de reserva.

Tirania Financeira Global

- a Democracia Liberal se converte em Tirania Financeira Global; os Estados-Nações em Governanças Globais; as Constituições Federais em Acordos Trans-Nacionais; os países em Zonas de Livre Comércio; as cidades em condomínios fechados protegidos por milícias privadas cercados por guetos sob lei marcial e zonas de total exclusão com seus campos de extermínio; os direitos e as garantias individuais em governo de si mesmo sob a lógica do desempenho empresarial.

- Das Kapital se apropria não apenas do tempo de trabalho, mas do próprio tempo de vida. tudo agora é trabalho não pago, numa produção incessante de mais-valia. o trabalhador oprimido foi reconfigurado como um empresário livre, um empreendedor de si mesmo, portanto um trabalhador que se explora a si próprio na sua própria empresa. mestre e escravo na mesma pessoa.

- já não seremos indivíduos, muito menos cidadãos: apenas empresas que se deve gerir e um capital humano que deve se acumular. e nossas relações sociais nada mais serão do que a de empresas competindo entre si.

Império do Caos

- o Império do Caos é o ambiente de negócios gerado pela Guerra sem Fim promovida pela Tirania Financeira Global, através de USA Incorporation, para impor uma governança mundial unilateral.

- um Estado de Exceção permanente, no qual crises sucessivas impõe constantes ajustes como  técnica de governabilidade, com a garantia jurídica da Legislação Anti Terrorismo e de uma rede global de contra insurgência. vigilância on-line 24x7. incessante coleta de dados, biometria, banco de DNA. 

- através do Big Data, algoritmos cibernéticos calculam ininterruptamente uma Nova Ordem instantânea, para governar um mundo previsível e estável, do qual a política foi extirpada.

USA Incorporation

- USA Incorporation já não é mais uma nação, converteu-se em mera base territorial e foro jurídico dos interesses das mega corporações transnacionais. seu poder militar e meios de controle e vigilância são os fiadores  da segurança de um ambiente de negócios definido pelos acordos supra nacionais: TTIP, TPSEP e TiSA.

- aquele EUA paraíso da middle class já não existe. a desigualdade de renda e riqueza estão em patamares crescentes. e hoje o food stamps atende  um de cada sete norte- americanos. o sonho americano converteu-se numa Home Land onde a 80% da população cabe apenas 7% da renda, enquanto o 1% super-rico abocanha 40%.

- USA Incorporation é controlada nas sombras pelo Deep State, cujo principal negócio e fonte de financiamento é o tráfico: drogas, armas, órgãos, pessoas, minérios raros, o próprio petróleo, material genético, produtos falsificados, informação, influência e, claro, dinheiro – a maior máquina mundial já montada de lavagem de dinheiro.

Guerra sem Fim

- guerra ao terror. guerra às drogas. guerra à corrupção. guerra sem fim. a guerra como negócio. Afeganistão, Iraque, Bálcãs, Líbia, Grécia, Egito, Ucrânia, Europa, Síria, África. se quiser impor uma mudança, desencadeie uma crise. ou ainda melhor, deflagre uma guerra.

- num mundo em que a guerra é o hardware no qual se processa atualmente Das Kapital, a crise consiste na continuidade da guerra por outros meios. uma desestabilização permanente desencadeando mudanças constantes, a fim de evitar que não ocorra de fato nenhuma mudança autêntica. para gerir as crises periódicas do capitalismo gerou-se a doutrina do Capitalismo de Crise.

- Das Kapital declarou guerra à humanidade e ao planeta. a Tirania Financeira Global avança sobre nações e populações, fragmenta os países, expropria seus recursos naturais e exila seu povo.
é no epicentro de uma Guerra Híbrida Mundial que travamos a Batalha do Brasil.

Lava Jato & Associados

- a Lava Jato & Associados é uma arma de destruição em massa, dentro da estratégia da Guerra sem Fim promovida pelo Império do Caos. é uma operação montada de fora, comandada de fora, para atender a interesses de fora.  portanto, é “muito maior” do que nós. se disto não temos as provas cabais, todas as informações analisadas, como num quebra-cabeça, permitem formar seguramente esta nossa convicção.

- a Lava Jato & Associados fornece a blindagem jurídica da Democracia sem voto. na qual todo poder emana do Judiciário e de sua interpretação arbitrária das leis, para garantir a conformidade com uma constituição cujo fundamento são os juros pagos aos especuladores.

Brasis

- aquele Brasil das ilusões de palmeiras e sabiás, da miscigenação inzoneira, da abençoada cordialidade tropical, aquele Brasil já não há – e para ele jamais iremos voltar. o Brasil tal qual o imaginávamos conhecer, está morto!

- agora múltiplos Brasis ocupam um mesmo espaço geográfico, mas isto é tudo que compartilham: apenas o território. no mais só existem diferenças irreconciliáveis. são tão incompatíveis que agora se enfrentam num estado de guerra civil de baixa intensidade.

- com a morte do Brasil, restaram apenas negócios, negócios e negócios. nenhum projeto de país. sem qualquer esperança de Nação. a cidadania se convertera em empreendedorismo de si mesmo. o Direito Público em Direito Privado Corporativo. o trabalho em desemprego estrutural. a verdade em fake news. o passado em pós-futuro.

BrazilPar

- nunca fomos uma nação. e já não somos um país. o BrazilPar é hoje uma gestora de participações acionárias em diversas empresas e empreendimentos, uma holding estrategicamente associada a USA Incorporation.

- com o acentuado nível de oligopolização e financeirização, os cartéis se entrelaçaram a ponto de alguns poucos grupos controlarem a quase totalidade da economia brasileira. como a grande indústria se tornou um empreendimento de fachada, não poderia estar melhor representada do que pelo painel luminoso do prédio da FIESP, por seu pato amarelo plagiado e seu presidente sem-indústria e rentista do setor imobiliário.

- o Brasis da Lava Jato & Associados e o Brasis de São Paulo Ltda. se tornaram a principal coalizão supra-regional do BrasilPar.

São Paulo Ltda.

- São Paulo Ltda. abriga a sucursal brasileira da Tirania Financeira Global, e tem principal commodity de exportação a taxa SELIC.

- São Paulo Ltda. jamais ousou construir um projeto de país através do qual sua hegemonia se exercesse, e assim impor sua dominação por consentimento a um pacto nacional. todo seu domínio sempre se deu pela força do mercado se apropriando do público, resultando em desproporcional concentração política e econômica em São Paulo.

- sem que desta concentração resultasse desenvolvimento de âmbito nacional, através de reciclagem dos lucros sob a forma de investimentos regionais, apenas ainda mais enriquecimento de uma plutocracia marcadamente anti Povo e anti Nação. uma lumpenburguesia eternamente sedenta de ser convidada para a mesa de jogo dos grandes lobos globais, mas servilmente resignada ao seu desprezível lugar como hiena periférica.

Ex-querda

- a Ex-querda é uma ampla frente de partidos, organizações, associações, tendências e diversos tipos de grupos. todos reunidos sob a incontestável liderança do Lulismo.

- ainda mais definidor que sua organicidade, a Ex-querda é um modo de se pensar o Brasil e de como encaminhar a luta política. foram pensadores da Ex-querda os principais responsáveis pela arquitetura teórica de um Brasil mitológico, conveniente a uma tradição liberal conservadora; foram também políticos da Ex-querda os que por aquela teoria balizaram na prática o movimento popular, fazendo dele uma conveniente forma de gestão do capital.

- em seus 13 anos na gestão de BrasilPar, a Ex-querda jamais se poupou de louvar seu desempenho no bem cuidar dos interesses da Tirania Financeira Global. “Nunca os bancos ganharam tanto dinheiro", sempre declarou com entusiasmo a principal liderança da Ex-querda: Lulinha Paz e Amor.

Lulismo

- expressão consagrada por André Singer, ele próprio um Lulista, em sua grande obra “Os sentidos do Lulismo”. trata-se de uma estratégia da conciliação permanente a serviço de um projeto de hegemonia às avessas, conforme exposto por Francisco de Oliveira, um dos fundadores do PT.

- consiste em atender a quase todas as exigências da minoria (a Plutocracia Brasileira), mas justificando-se através de umas poucas concessões para a maioria da população. em nome de uma governabilidade de curto-prazo, o Lulismo acaba provocando uma ingovernabilidade sistêmica.

- os festejados programas sociais do Lulismo, nunca passaram das convencionais políticas sociais compensatórias, conforme formuladas e prescritas pelo Consenso de Washington, para evitar que o aumento desenfreado da miséria se torne explosivo e um incontrolável fator de desestabilização social.

- a quase totalidade dos pretensos “avanços” e “conquistas” promovidos pelo Lulismo não passam de lendas conveniente ao marketing político, sem qualquer base na realidade.

- por exemplo: o Lulismo faz o marketing da recuperação do Salário Mínimo, sem deixar claro que em 8 anos de FHC a recomposição foi de 6,52 pp, enquanto nos 13 anos de Lulismo apenas 5,69 pp.

- mais um exemplo: “[na década de 2000, os “anos dourados do Lulismo”] 95% das vagas abertas tinham remuneração mensal de até 1,5 Salário mínimo.  [...]  e com  rendimento acima de três salários mínimos mensais, houve redução no nível de enprego.”, em “Nova Classe Média?“, Márcio Pochmann.

Lulinha Paz e Amor

- Lulinha Paz e Amor é principal liderança da Ex-querda. é imprescindível a total clareza para distinguir 3 pontos: o político Lula (Lulinha Paz e Amor), o mito do Lulismo e o que Lula simboliza no processo de construção nacional.

- apesar de seus erros e traições, o político Lula precisa ser determinadamente defendido da caçada implacável que a Lava Jato & Associados o submete, como qualquer cidadão que seja vítima de uma justiça venal, corporativa, seletiva e classista. uma grande oportunidade para fazer coincidir a “defesa de Lula” com a luta pela democratização do Judiciário, pela desmilitarização da polícia, pelo desmantelamento do aparato repressivo e pela superação da doutrina de segurança nacional. iniciativas que em seus 13 anos de governo o Lulismo sequer cogitou em propor.

- porém o mito do Lulismo deve ser destruído. esta falida concepção de ser possível através da conciliação permanente com uma plutocracia predatória, viabilizar um projeto de sucessivas mudanças pequenas e graduais, mas ainda assim sustentáveis no longo prazo. o Golpeachment enterra definitivamente esta vã e amarga ilusão.

- o que deve ser preservado e fortalecido é aquilo que Lula simboliza: a ascensão do trabalhador brasileiro ao protagonismo social e político que lhe cabe. sem o qual o Brasil já não se viabiliza como Estado, tampouco se constrói como Nação. o Lula político é apenas mais uma etapa neste processo, no qual se cumprirá a profecia de Getúlio Vargas: “um dia será um de vocês que estará aqui no meu lugar”.

Golpeachment

- o Golpeachment é a versão atual dos sucessivos golpes de Estado perpetrados pela lumpenburguesia brasileira em sua guerra ancestral contra o Povo e a Nação.

- derrotadas por quatro vezes na urnas, as medidas impopulares” exigidas pela Tirania Financeira Global só poderiam ser aplicadas através da supressão do Estado Democrático de Direito, o que foi implementado através de um impeachment inconstitucional.

- só haverá reconstrução da Democracia e refundação da República, caso erguidas sobre uma pedra fundamental que exige: a nulidade do impeachment, a revogação de todos os atos e contratos do governo usurpador e a punição dos responsáveis pelo Golpeachment;

- para onde se olhar na cena do crime do Golpeachment, estarão por toda a parte as impressões digitais da máquina de guerra Anglo-SioNazi.

Anglo-SioNazi

- todo o processo do Golpeachment é o decorrer de uma campanha de desestabilização promovida pelos Anglo-SioNazi contra os Brasis. até chegarmos ao atual presidente do BC brasileiro, nascido em Israel e onde viveu até os 10 anos de idade, e do Ministro da Fazenda Henrique Meirelles com sua cidadania norte-americana.

- os Anglo-SioNazi nutrem uma profunda repugnância pela soberania popular e pelo multiculturalismo. não é sem motivos que seu enclave territorial, apesar do marketing enganoso de ser a “única democracia no Oriente Médio”, não possui Constituição tampouco tem fronteiras definidas. sob o paradigma da Palestina Ocupada, os Anglo-SioNazi concebem o mundo como uma vasta “terra sem povo”, a ser colonizada pela implantação de condomínios fechados, protegidos por muros e check-points, enquanto os nativos são  confinados em campos de concentração e áreas de extermínio.

- os Anglo-SioNazi professam o capitalismo como religião, crêem piamente no lucro como a função social do mercado e nos juros como o meio supremo de realização individual. sendo inimigos mortais de um mundo multipolar, para impedir sua concretização não hesitariam em apertar o botão do holocausto termonuclear. consideram a singularidade científica, a eclosão da inteligência artificial, como a chegada do tão esperado Messias, para proceder o upload dos avatares do povo eleito a uma Jerusalém reconstruída na terra prometida da realidade virtual. para além da Internet das Coisas, uma Web of Life do puro fluxo incorpóreo e desterritorializado de Das Kapital.

BrasiNazi

- como um dos mais mórbidos fenômenos decorrente da morte do Brasil, ocorre a saída da semi-clandestinidade do BrasiNazi. o Brasis do povo superior da “Raça Planaltina”, herdeiro do empreendedorismo colonial dos Bandeirantes, em busca do Eldorado da matança dos miseráveis e do holocausto do contraditório.

- o BrasiNazi é o Brasis alinhado com os Anglo-SioNazi, em perfeita sintonia com São Paulo Ltda., tendo entre seus operadores políticos o muy amigo Eduardo Cunha, recebido com honras de Chefe de Estado no Knesset, e Jair BolsoNazi, batizado nas águas do rio Jordão pelo pastor Everaldo, líder do PSC, no mesmo dia do afastamento de Dilma Roussef.

- historicamente os Anglo-SioNazi são inimigos dos Judeus. prova irrefutável  disto no cenário atual brasileiro, é a Hebraica convidar Jair BolsoNazi para pregar o genocídio, enquanto do lado de fora centenas de judeus protestavam contra o fato.

- se em 1964, o golpe foi formulado, financiado e comandado por Lincoln Gordon, então Embaixador dos EUA, o Comandante em Chefe do Golpeachment é um Anglo-SioNazi. no círculo mais alto de Comando deste golpe, todos seus integrantes não se expõe publicamente. permanecem atrás dos bastidores, nas trevas. como o Chicagos’s Boy de estimação de George Soros e o mais rico dos banqueiros do mundo.

Millenium

- os Anglo-SioNazi se auto-intitulam como os Proprietários da Humanidade (Masters of Mankind) e defendem  que a raiz do problemas mundiais advém, principalmente, do excesso populacional.

- várias de suas Estratégias de Redução Populacional (ERP), já estão sendo implementadas nas últimas décadas por todo o planeta. privatizações selvagens, expropriação dos recursos minerais (inclusive água), epidemias provocadas (inclusive AIDS), guerras sem fim, engenharia social da fome, eliminação dos “inúteis e defeituosos”, etc...

- os Anglo-SioNazi através de sua Guerra sem Fim empurram o mundo para um confronto termonuclear e uma selvagem redução populacional. estão convictos de que é possível sobreviver ao Armagedon e consideram obsoleta a doutrina do MAD (Mutual Assured Destruction).

- Millenium é a atual doutrina dos Proprietários da Humanidade: neo-fascismo, capitalismo como religião, zumbificação, anomia, Admirável Mundo Novo, Big Brother, Big Data, robótica, engenharia genética, nanotecnologia, singularidade científica, anti-Cristo...

Guerra de Mundos

- há uma guerra. não uma guerra no mundo e sim uma Guerra de Mundos. não uma “crise” da qual precisamos sair, mas uma guerra que precisamos ganhar, mesmo que sejamos derrotados em muitas batalhas.

- Das Kapital subjugou todos os demais mundos sob uma unificação etnocêntrica: muitas Culturas, apenas uma Natureza. um mundo no qual um conceito específico de uma cultura, a Natureza como definida pelo Racionalismo Ocidental, se converteu em “realidade biofísica”.

- de um lado estão o Homem, a Razão, a Ciência: os que se ergueram vitoriosos com as luzes do Renascimento apenas para mergulharem o planeta numa escala nunca antes experimentada de destruição e desigualdade. tudo e todos foram reduzidos ao valor de matéria-prima pela vã pretensão de manter indefinidamente girando os moinhos satânicos do capitalismo.

- do outro lado, na resistência contra a barbárie já instalada, há um povo: Os Seres da Terra. uma aliança entre  os Terráqueos pautada não por leis, contratos ou instituições, mas pela urgente consciência da luta comum pela sobrevivência.

Os Seres da Terra

- as condições ambientais estáveis dos últimos 12 mil anos favoreceram o desenvolvimento da auto-denominada “civilização humana”. sob tal estabilidade ambiental ergueu-se o mito de ser possível uma separação conceitual entre Natureza e Cultura.

- com a irrupção messiânica de Gaia no cenário geopolítico da história moderna, descobre-se que tal estabilidade ambiental pode ser alterada. como se reagisse às ações sobre ele infringidas, o planeta modifica seu equilíbrio para condições menos favoráveis à existência da espécie humana e de outras muitas que o coabitam.

- o mundo natural e o mundo social já não podem mais estar separados. o humano se desumaniza ao se tornar força natural – pelas alterações que sua “civilização” provoca na natureza – enquanto a natureza se torna um agente respondendo a estímulos – convertendo-se numa ameaça política à continuidade da “civilização humana”.

- do mesmo modo que ocorreu no Renascimento com o Heliocentrismo, o Antropocentrismo já não nos serve mais. os sonhos da Razão geraram monstros: o Capitalismo, o Antropoceno, o Antropozóico. uma nova mudança em breve vai acontecer. um inexorável desaparecer, como, na orla do mar, o desvanescer de um rosto de areia: o ocaso do Humanismo e do Racionalismo.

- adeus à Humanidade, bem vindos sejam Os Seres da Terra.
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