26 abril 2019

Hy-Brazil: anotações sobre a geopolítica do fim de um mundo


26/04/2019

- Guerra de Famiglias não está restrita ao Brasil, pois também o setor dominante global está rachado: o mundo unipolar contra si mesmo e contra todos os outros mundos;

- a luta de classes é também uma luta entre frações de classe no seio do setor dominante;

- em sua inelutável decadência, o Imperium jaz dividido: soberanistas x globalistas. os defensores da soberania Estado-Nação versus a globalização irrestrita sob um governo mundial;

- tanto soberanistas quanto globalistas representam a fração altamente financeirizada do Capital e ambos são defensores de um mundo unipolar;

- entretanto, os soberanistas seguem uma estratégia unilateral, sob a hegemonia dos EUA. enquanto os globalistas adotam um modelo multilateral implementado através de entidades supra-nacionais blindadas contra a soberania popular. sendo a União Européia o exemplo real existente;

-  fora do âmbito do Imperium, mas ainda dentro do núcleo do setor dominante global, a iniciativa de um mundo multipolar tem seu epicentro na China com o eixo sino-russo como motor;

- ao contrário das duas frações internas ao Imperium, esta fração do Capital pretende um resgate do keynesianismo produtivo para reconectar o capital financeiro com a economia produtiva, cujo exemplo em implementação é a Nova Rota da Seda (OBOR);

- nenhuma das três frações em luta por hegemonia tem propostas capazes de superar a atual crise estrutural do Capitalismo, estagnado pela tendência de queda da taxa de lucro e pela limitação dos recursos naturais;

- por mais que os soberanistas tentem repatriar as transnacionais de volta ao solo norte-americano, os contextos históricos não se repetem. não haverá retorno ao keynesianismo fordista do anos dourados pós II Grande Guerra, tornando-se impossível "Make America Great Again";

- a Tirania Financeira Global (globalistas) mais e mais extirpa o trabalho do processo produtivo. ao alterar a composição orgânica do Capital concomitantemente impulsiona a queda da taxa de lucro. com a maior parte da população tornada supérflua, a reciclagem implica numa gigantesca destruição de forças produtivas. o que se daria através de uma guerra nuclear, portanto inviabilizando as condições para a vida humana no planeta;

- para o "Socialismo de Mercado" chinês a inclusão social de bilhões de eurasianos se choca frontalmente com a fronteira entre a pulsão consumista, orientada a obsolescência programada, e as limitações dos recursos naturais, os danos ambientais e a catástrofe ecológica. além disto, por seu caráter autocrático gera uma sociedade distópica, sob vigilância e controle de um Big Brother digital, cujo exemplo existente é o sistema de Crédito Social já em implementação na China;

- historicamente passamos por "um período de transição de um modo de produção para outro", com um novo nível e escala de desenvolvimento das forças produtivas desencadeando a transformação das relações sociais de produção até então estabelecidas;

- para além da clássica questão "Socialismo ou Barbárie", nos encontramos hoje, não apenas como civilização mas principalmente como espécie, diante de uma encruzilhada definitiva: pós-Capitalismo ou extinção.

referência:

"O Capital frente ao seu declínio", Andrés Piqueras, Wim Dierckxsens.

Propriedade
Imperium
Eixo China-Rússia

Soberanistas
Globalistas
Fração do Capital
Capital Financeiro Fictício
Capital Produtivo
Geopolítica
Unipolar
Multipolar
Unilateral
Multilateral
Policêntrico
Famiglias
Rockfellers
Rothchilds
Xi
Putin
Base territorial
EUA
Supranacional
blocos de Estado-Nação (BRICS)
Organização política
Estado-Nação
Tirania Financeira Global
entidades supranacionais (Bancos Centrais, FME, OMC, União Européia)
Estado-Nação
Regime e Forma de Governo
Democracia Liberal Representativa
Estado Pós-Democrático
modelo híbrido
Socialismo de Mercado Autocrático
Tipo de Relação
Acordos Bilaterais
Acordos globais
(TPP, TTIP, TISA)
Nova Rota da Seda (OBOR)
Economia
keynesianismo fordista
4a. Revolução Industrial
reciclar a reciclagem de superávit (Nova Rota da Seda)
Padrão monetário
petro-Dólar
cripto-moedas
petro-yuan-ouro
Sistema Financeiro

Bancos Comercias
Fundos Hedge
BAII (Banco Asiático de Investimentos e Infraestrutura)
J.P. Morgan
Bank of America
Goldman Sachs
City Group
HSBC
Lloyd
Barclays
Sistema SWIFT
Sistema de Transferências Internacionais
Corporações
Lockheed
Boeing
General Dynamics
Northrop
Exxon, Chevron Texaco, Marathon Oil
Big Tech
(Google, Amazon, Facebook, Apple, Microsoft, Netflix)
ABC, CBS, CNN, NBC
BBC, Reuters, AP
Tencent, Alibaba, Baidu
Huawei
Poder militar
Pentágono
Complexo industrial-militar dos EUA
CIA
OTAN
Deep State

poder militar russo
ascendência do complexo industrial-militar chinês
Doutrina Militar
MAD (Mutual Assured Destruction)
ataque nuclear preventivo
Defensiva
"Make Business, Not War"
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25 abril 2019

Hy-Brazil: Lula Livre?

25/04/2019

seria ótimo caso a classe dominante no Brasil fosse "civilizada", com razoável preocupação com o país e com a população. mas todos já deveríamos estar exauridos de saber que não é assim. nunca foi. nunca serão.

a elite empresarial brasileira é uma escória enriquecida justamente através da repetida espoliação da natureza e do povo. estupros múltiplos. massacres sucessivos. genocídio ancestral.

os atuais "empreendedores privados" são descendentes dos Bandeirantes, de cujas marchas pelo sertão retornavam com caixotes repletos com milhares de orelhas salgadas das vítimas de suas matanças.

são os "Cidadão Boilesen", reunidos nas tardes de sábado na OBAN (Operação Bandeirantes) para em meio a orgias se excitarem com o suplício dos torturados.

são os atuais Bolsonaro. este como o mais legítimo e autêntico representante de um grande empresariado que sempre optou por governar como minoria despótica contra a maioria da população.

Bolsonaro tem toda razão em dormir com uma arma ao lado da cama. pois só pela força, pela coerção, pelo monopólio da violência, a lumpenburguesia brasileira consegue manter sua dominação.

uma lumpenburguesia incapaz historicamente de construir um projeto de hegemonia, porque nunca considerou em seus planos nem a Nação e muito menos o Povo.

ainda assim, antes de se entregar voluntariamente à PF, Lula afirmou em seu último discurso: "- Mas eu acredito na Justiça. Numa Justiça justa.".

como resultado, Lula é hoje um preso político fadado a apodrecer na prisão. em que pesem as ilusões efêmeras e as vãs esperanças de justiça e libertação.

como resultado, Lula, a maior liderança popular até hoje gerada por nós brasileiros, nos induziu a todos a uma posição de não-enfrentamento, de bom-mocismo, de apaziguamento, de pacífica resignação, de conciliação permanente.

como resultado, estamos todos hoje na condição de presos políticos.

esperando. dando tempo ao tempo. aguardado o dia de amanhã. enquanto somos corroídos pela apatia, pelo desânimo, pela impotência, pela raiva, pelo desespero, pela depressão, pela doença. até que sobrevenha a morte inexorável, sem trazer com ela nenhuma redenção.

uma farsa jurídica alicerçada num triplex, cujo definitivo desmascaramento se deu com a ocupação feita pelo MTST, expondo não se tratar de um apartamento de luxo, equipado com todo tipo de requintados equipamentos domésticos após um cara reforma.

e qual a divulgação feita da verdadeira condição do triplex? foi exaustivamente usado por Haddad durante as Eleições de 2018? é motivo de campanha permanente? é usado para desmoralizar a Justiça brasileira como servil ao grande empresariado?

afinal, querem ou não querem Lula Livre? afinal, Lula quer ou não quer a liberdade?

ah! mas é que a liberdade tem um preço! não pode ser outorgada. não pode ser uma dádiva do setor dominante.

e quem de nós está de fato disposto a pagar este preço?

e mais: caso enfim Lula esteja livre, o que fará? o que faremos?

vídeo: Esse vídeo de dentro do triplex que levou Lula a prisão, precisa rodar o mundo.


vídeo: Guilherme Boulos fala da ocupação do triplex do Guarujá que não é do Lula


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21 abril 2019

SitRep BolsoNazi - ABR/2017

21/04/2019
  
- o Golpe de 2016 marca o fim do sistema de poder gerado pelo processo de saída da Ditadura Civil-Militar (1964/1989), com a redemocratização inconclusa desembocando numa Nova República tão arcaica quanto a atual Nova Política Bolsonariana;

- a Guerra de Famiglias não encerrará antes de se estruturar um novo sistema de poder, processo que se arrasta desde o Golpeachment (2016);

- após o Golpe de 2016 não mais resta qualquer legitimidade no poder constituído e  as instituições entraram em colapso progressivo;

- com o véu constituinte em farrapos, Executivo, Legislativo, Judiciário estão despidos de qualquer poder emanado do povo, alinhados a serviço de um único poder: o setor dominante brasileiro. com o centro de seu núcleo formado pelos banqueiros e rentistas, exportadores de commodities (agronegócio, pecuária, mineradoras) e o Capital Transnacional Financeirizado;

- manipuladas por todo tipo de fraudes, as Eleições de 2018 longe de restaurar qualquer legitimidade aos poderes constituídos apenas aprofundaram sua decomposição;

- o poder que dá o golpe, não é o poder que consolida o golpe. um golpe se institui pela força e só um contra-golpe pode superá-lo, ainda que seja para consolidá-lo sob outra de correlação de forças e gestão executiva;

- para ter um mínimo de legitimidade, e portanto ser minimamente funcional, um novo sistema de poder exige um nível de participação popular, exato o que o setor dominante brasileiro não mais admite. sendo assim, o novo sistema de poder necessariamente tende a se configurar como um Estado de Exceção;

- enquanto o novo sistema de poder não se estabiliza, as diversas facções em luta, desde o STF até a Lava Jato & Associados, passando pelo Bolsonarismo e pelos Generais, disputam entre si não apenas pela função de gestores executivos da crise do Capitalismo no Brasil, como, principalmente, por uma necessidade de sobrevivência;

- para o setor dominante não importa a preponderância de qualquer das facções em luta, desde que todas operacionalizem o mesmo projeto neo-colonial e semi-escravagista, extirpando do Brasil qualquer vestígio de soberania popular;

- ainda assim, uma das facções leva nítida vantagem sobre as demais: os Generais. por outro lado, este mesmo grupo militar é também o que dispõe da maior relativa autonomia frente ao setor dominante, por serem os "profissionais do violência", detentores do monopólio do braço armado do Estado;

- no momento o grupo militar (os Generais) configura-se como um rígido quadrado incapaz de equacionar o dinamismo da crise brasileira: o "legalista"  Villas Boas, o "nacionalista" Heleno, o "racional" Mourão e o comandante de ligação com o Deep State (Etchegoyen);

- após as sucessivas intervenções militares, o estado de calamidade pública do Rio de Janeiro, e não apenas na área de segurança,  é a prova tangível do despreparo dos Generais para gerir a complexidade de um Brasil em escombros;

- para os Generais já não há nenhuma outra escolha a ser feita: ou uma Ditadura aberta ou o alinhamento com a Nação e o Povo;

- não haverá nenhuma solução para o Brasil que passe pela inviável restauração de algum mítico centro democrático. ao contrário, já passou há muito o momento de nos livrarmos em definitivo das ilusões com a Democracia Liberal Representativanenhuma pax nos salvará;

- enquanto afundamos mais e mais no caos, a Teocracia Neo-Pentecostal, inclusive seu ramo militar, acalenta tomar parte do Armagedon: a guerra do fim do mundo entre os eleitos de Israel e todos os ímpios da Terra;

- não contem com a misericórdia de Deus. pois Ele está farto de nós;

- com a Ex-querda perdida no tempo e no espaço, o protagonismo segue com a crise, ela própria impondo sua dinâmica ao curso dos fatos e fazendo com que todos, incluindo nosotros, continuemos sendo atropelados pela conjuntura;

- enquanto a Ex-querda se debate em suas insuperáveis ilusões eleitorais e institucionais, para nosotros a questão é: como se destitui um poder?
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