16/06/2016
como paquidermes pisoteando a fina porcelana (link), o condomínio de
gangues patrimonialistas avança sem qualquer escrúpulo sobre a Democracia
brasileira. o golpeachment ainda é pouco, seu projeto é aniquilar com a
Constituição de 1988 e todos os avanços sociais conquistados desde então.
a expansão do capitalismo no Brasil sempre se deu de forma desigual e
combinada, introduzindo relações modernas no arcaico e reproduzindo relações
arcaicas no moderno. mais do que nunca, agora este processo está obscenamente
exposto com a temerária aliança
PSBD/PMDB.
um mal costurado governo Frankenstein, com seu machistério de brancos,
cuja base parlamentar é uma horda fisiológica, vinda dos grotões de um grotesco
modelo representativo e eleita pela promíscua coalizão do quociente partidário
com o financiamento empresarial. no balcão de mega negócios desta república
golpista, a segurança jurídica é garantida por togados vitalícios absolutamente
incorruptíveis, mesmo cercados pelos escombros da legalidade é impossível induzi-los a fazer Justiça.
num Brasil pós-golpe, Executivo, Legislativo e Judiciário expressam com
escancarada exatidão a horrenda face da plutocracia brasileira. colonial e
escravocrata. anti Povo e anti Nação. arcaica e moderna. refinados gestores de fundos de investimento
e operadores da teologia da prosperidade. ex capitães de indústria e neo
coronéis do agronegócio. Opus Dei paulistana e fundamentalistas evangélicos.
fábricas maquiladoras e empresas de fachada. propinodutos e off shores. sonegação
e financeirização.
neste circo de horrores, os vampiros encenam sem qualquer talento seu
teatro desprovido de qualidades. abutres bicam abutres, cobras devoram cobras.
com a guerra de famiglias, sucedem-se as traições e perfídias. os poderosos chefões
não tem qualquer plano para controlar as chamas que com tanta satisfação
atearam.
quando os Deputados votaram na Câmara em nome da família, eles entenderam
a mensagem e estavam conscientes do que o impeachment significa (link), assim Janaína
Paschoal exaltou o resultado da votação: uma prova de maturidade da democracia
e um exemplo para o mundo.
naquela noite de horror e hipocrisia, a palavra “família” teve 136
citações (link) enquanto as
“pedaladas fiscais” foram mencionadas apenas 2 vezes (link) como motivo para
o voto dos Deputados.
agora as famiglias estão em guerra entre si, disputando com voracidade o
espólio da Democracia brasileira.
nas ruínas do Estado de Direito, a Direita não tem qualquer escrúpulo
para executar sua Reforma Constitucional permanente. para os golpistas não há
tempo a perder: se é governo, está no poder! ao contrário do onanismo lulista,
o golpeachment é o tempo do gozo desenfreado. o momento do Estado de Exceção
instantâneo.
a geopolítica da USA Incorporation abocanha o pré-sal. o mercado da
especulação financeira mantém suas garras firmes no Banco Central. a FIESP faz
os trabalhadores pagarem o pato. o rentismo avança sobre a Previdência Social.
e o PGR prossegue com a demolição controlada da institucionalidade brasileira.
a Lava Jato atinge seu clímax. não restará pedra sobre pedra das
estranhas catedrais erguidas desde a Ditadura Civil-Militar (link).
o súbito retorno do reprimido com a Satiagraha, enterrada pela santa
aliança entre Lula, Gilmar Mendes, Daniel Dantas e a Editora Abril (link), provoca o
colapso da estrutura de poder. a mansão assombrada do sistema político
brasileiro está ruindo.
o que era para ter sido uma cuidadosa reengenharia de um novo pacto
político, ao longo de 13 anos de Lulismo,
se converteu agora numa desastrosa implosão. em meio aos destroços e das nuvens
de poeira, um caleidoscópio de multifacetadas forças políticas lutam entre si
para conquistar uma nova hegemonia (link).
numa República sem heróis, o heroísmo só pode ser encontrado na
resistência do Povo sem Medo nas ruas (link).
“Não sei por que,
mas o evento da Abril me lembrou aquela cena épica de Francis Ford Copolla, o
fecho do filme. Enquanto todos estão na grande ópera, os inimigos são fuzilados
na calada da noite.”
“Lula, Satiagraha e a Real Politik”, Luis Nassif, 16/09/2008
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