21 junho 2016

só os pançudos sobrevivem

21/06/2016

o governo interino do usurpador Temer revela o corpo monstruoso da plutocracia brasileira. no espelho ela se vê refletida em seus próprios olhos como sofisticada e cosmopolita. entretanto, todos agora a podem contemplar como de fato é: um grotesco Frankenstein desconjuntado e disfuncional. sua auto imagem exacerbada sempre foi nada mais que inútil disfarce de insuperável inferioridade e de sua compulsão à vassalagem.

entre 1831 e 1850, o Brasil era o único país independente praticando a pirataria negreira (link), ainda assim as elites da época se enxergavam como “liberais”. sempre com as idéias fora do lugar, os atuais piratas não tem como promover a pilhagem da Constituição de 88 senão através de um governo presidido por um inelegível (link), cujos integrantes são candidatos a tornozeleiras eletrônicas (link).

o golpe em curso é a concretização do projeto de país da fração hegemônica do setor dominante brasileiro: banqueiros, rentistas e exportadores de commodities. enquanto as capitanias hereditárias midiáticas fornecem ópio para domesticar o povo (link), a aristocracia da burocracia estatal (o Judiciário e o MPF) renega sua condição de “servidores públicos”, ao se auto nomearem em  príncipes da República para garantir a segurança jurídica do golpeachment (link).

uma degenerada lumpen burguesia (link) dedicada ao saque e à espoliação. sedenta de ser convidada para a mesa do jogo dos grandes lobos globais, mas resignada ao seu desprezível lugar como hienas periféricas.

escandalizada com a corrupção, mas dela desfrutando por meio da sonegação, dos incentivos, das desonerações, dos superfaturamentos, dos aditivos e da super exploração do trabalho.

sem criatividade, em nenhum sentido, plagiária em todos os sentidos (link). sem vocação histórica universal — um velho amaldiçoado que se viu condenado a dirigir e a desviar no seu próprio interesse senil os primeiros arroubos juvenis de um povo robusto — sem olhos, sem ouvidos, sem dentes, sem nada (link).

antes mesmo do golpeachment ser votado, o usurpador Temer apresentou-se como um governo de salvação nacional (link), através de seu programa Ponte para o Futuro (link). agora seu propósito é salvar a si mesmo e seu projeto é um túnel do tempo para regredir o Brasil a um status pré Revolução de 30.

mas a roda da História não gira para trás e os moinhos satânicos do capitalismo (link) não podem cessar de rodar. o Brasil já padeceu suas grandes transformações.

com o acentuado nível de oligopolização e financeirização da economia brasileira (link), o estado é seqüestrado pelos 1% no topo da pirâmide social para maximizar seus ganhos, enquanto aos demais cabe pagar o pato com uma brutal espoliação de renda e direitos.

neste capitalismo de laços (link), os cartéis se entrelaçaram a ponto de apenas alguns poucos grupos controlarem a quase totalidade da economia do país. dada a concentração e interdependência, os grandes conglomerados empresariais passaram a ser, além de donos do poder, um seleto clube fechado com investimentos conjuntos e controle compartilhado de uma miríade de empresas, formando um ramificação complexa e intrincada de participações societárias (link).

o resultado é uma quase intransponível barreira para se efetuar quaisquer mudanças, mesmo que pontuais, em virtude de um capitalismo de estado neocorporativista extremamente refratário à mínima contestação de seus interesses.

nunca fomos uma nação. e já não somos um pais. o BrasilPar é hoje uma gestora de participações acionárias em diversas empresas e empreendimentos, uma holding estrategicamente associada a USA Incorporation. neste modelo de negócios, os sonhos e a dignidade de todo um Povo são convertidos em commodities. até que toda nossa vitalidade se reduza a um único desejo: “Quero ser uma máquina!” (link).
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