09/07/2016
para os órfãos de um tempo em que o mundo se dividia ilusoriamente em
partidários e inimigos do bloco capitalista, mesmo após o naufrágio do logro
soviético ainda perdura um obsoleto paradigma de análise geopolítica.
como distinguir o amigo do inimigo?
USA Incorporation já não é país, converteu-se em mera base territorial e
foro jurídico dos interesses das mega corporações transnacionais. seu poder
militar e meios de controle e vigilância são os fiadores da segurança de um ambiente de negócios
definido pelos acordos supra nacionais: TTIP, TPSEP e TiSA.
aquele EUA paraíso da middle class já não existe. as desigualdades são imensas, tão grandes
quanto em Pindorama. o sonho
americano converteu-se numa Home Land onde a 80% da população cabe apenas 7% da
renda, enquanto o 1% super-rico abocanha 40%. o lar dos bravos 1%. uma tirania neofascista que, sob a égide dos
mercados financeiros e da permanente hiper produção de informação, está
redesenhando a institucionalidade mundial para recolonizar todo o planeta
conforme o modelo africano: adeus à cidadania.
vivemos a era dos drones e das guerras híbridas assim como do Google e do
Facebook, com seu incessante escaneamento de geolocalizações, hábitos de
consumo, orientação sexual, perfis políticos... monstruosos repositórios de
dados para minuciosamente cartografar on line o comportamento da multidão ao
nível cotidiano. somos agora todos livres para nos comunicar, e quanto mais nos
comunicarmos menos livres seremos.
nosso inimigo está entre nós. somos nós mesmos. nossos valores e nosso
modo de vida. os golpes que sofremos são cosa nostra.
antes de tomar posse, em dezembro de 2002, Lula trocou um caloroso aperto
de mãos com Bush Filho. a “empatia e química” entre os dois foi cuidadosamente
preparada por FHC e obteve êxito completo: foi em Washington que Lula-Lá anunciou a Wall
Street que seus juros estavam garantidos pela indicação do insípido Meirelles
para o BC petista. o mesmo Meirelles agora Ministro interino golpista de um
vice também votado pelos 54 milhões de eleitores de Dilma.
em 2009, Lula se tornara o “político mais popular da Terra”, segundo
Obama, o qual não se intimidou em
declarar: “Esse é o cara! Eu
adoro esse cara!”. foi ainda naquele mesmo ano, também numa visita aos EUA, que Lula defendeu a
estatização dos bancos, dos bancos norte-americanos.
é óbvio que os interesses geopolíticos dos EUA são parte importante do
golpeachment. na cena do crime está presente DNA externo, não apenas a CIA
e a NSA, também o Mossad. além do
histórico de atrito entre o governo
Dilma e Israel, sublinhe-se as honras de Chefe de Estado com que o muy amigo Eduardo Cunha foi
recebido no Knesset.
nosso inimigo já não tem um rosto definido. sempre usa muitas máscaras.
como um perfil de Facebook tem cada vez mais credibilidade do que o indivíduo
que supostamente o possui.
Wall Street não é uma ave de rapina celestial dominando o mundo dos céus.
não existe nenhum governo mundial, o que existe são dispositivos locais de
governança. uma rede global de contra insurreição, sendo esta o atual princípio
de governo. já não se pode falar de uma crise do capitalismo, e sim de um
capitalismo de crise, sendo esta a atual forma de governo.
ao se procurar pelo poder no estado sólido, descobrem-se apenas cenários.
o poder passou desde muito ao estado líquido, mesmo gasoso, ou mais exatamente:
virtual.
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