20 julho 2016

golpes. golpes por todos os lados

20/07/2016


desde a farsa dantesca encenada pela insurreição dos hipócritas no teatro de horrores da Câmara, na votação da admissibilidade do processo de golpeachment, em 17/04/2016, ondas sucessivas de choque e pavor incessantemente se arremetem contra o Brasil tal qual o pensávamos conhecer.

de choque em choque de realidade, que se vayan todas as máscaras. e que não reste nenhuma! enfim, o horror, o horror de um brutal mergulho no deserto do real. o presente se tornou um angustiante beco sem saída. e o futuro já não tem futuro.

nenhum Alzheimer político ainda é capaz de manter nas sombras a estapafúrdia realidade dos fatos em curso:

- como resultado anunciado de uma seletiva Lava Jato, assumiu interinamente um político impopular, inelegível e incapaz de resistir a qualquer investigação isenta;

- embora a Presidente tenha sido afastada sob a alegação de “pedaladas fiscais”, o MPF já se manifestou por estas não serem “crime comum nem de responsabilidade fiscal, tampouco configurar dolo por parte da presidente eleita ou desrespeito ao Congresso”;

- mesmo a um passo do golpeachment se concretizar, o Lulismo não se empenha em fortalecer a resistência popular. opera através do PT, da CUT, do MST e associados para retirar das ruas - ainda mais uma vez - o movimento social, num derradeiro e patético esforço de conferir alguma sobrevida à sua estratégia de “conciliação permanente”. sempre pautado pelo calendário eleitoral, o Lulismo recusa-se a aceitar que 2018 continua sendo um ano longe demais;

- no que apenas por pura contextualização referencial poderíamos denominar de “Esquerda”, ocorre o inacreditável racha do PSTU. embora pretendam arrancar alegria ao futuro, escolhem uma estrada batida e cospem balas para trás. para que aumentar o rol de suicidas?

aqueles que desejariam acima de tudo esperar, vêem ser-lhes retirado qualquer tipo de sustentação. os que pretendem ter soluções vêem-se imediatamente desmentidos. os afetados pela Síndrome do Crepúsculo anseiam voltar para um Brasil que já não existe. mas o  espírito do tempo pede passagem. e as portas terão que se abrir para ele.

não foi apenas a plutocracia golpista a ser surpreendida com a inesperada resistência popular. também o Lulismo já não contavam com ela. diante do intolerável, foi o Povo sem Medo que nas ruas se ergueu em defesa da Democracia, numa ininterrupta sequência de atos e manifestações.

nas últimos semanas, é como se o movimento anti golpe tivesse se dissolvido na realidade. mas ele parece ter arrefecido precisamente porque se realizou. tudo aquilo que constituía o seu léxico elementar como que passou para o domínio público. entranhou-se no cotidiano e tornou-se hegemônica a narrativa histórica sobre o caráter golpista do impeachment: um golpe da plutocracia contra os pobres.

a esta mudança de qualidade na resistência ao golpeachment, deve corresponder uma mudança de formas de luta e mesmo de análise.

o sistema de poder está em colapso. o Lulismo expirou sua data de validade. o golpeachment é a implantação do projeto de país da lumpen burguesia brasileira: Estado máximo para os 1% e brutal e rápida espoliação aos restantes. austericídio para o povo e abundância fiscal para a plutocracia.

a crise vai se acentuar. o setor dominante já não consegue governar como antes. com o agravamento do descontentamento e da indignação, pela deterioração de sua condição de vida, os dominados se encontrarão numa situação insuportável, empurrados para uma ação independente. (link)

golpeados por todos os lados, temos um cadáver às nossas costas. à nossa frente, uma insurreição que vem.
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