25/07/2016
a crise de 2008 marca a falência do padrão Dólar e da capacidade do déficit gêmeo dos
EUA
funcionar como o motor da economia global.
a partir do pós guerra, da qual os EUA saíram como a grande nação
credora, praticamente todo o comércio mundial passou a se realizar com os
dólares de Wall Street. o capital excedente do superávit comercial
norte-americano era investido no Japão e na Europa, principalmente na Alemanha,
formando mercados consumidores para bens e serviços das empresas sediadas nos
EUA.
em 1971 os EUA rompem unilateralmente o acordo de Bretton Woods, encerrando
abruptamente a conversibilidade dólar-ouro, pois a economia norte-americana se tornara estruturalmente
deficitária.
a partir de então, inverte-se o fluxo de comércio e capital global. os
EUA passam a fornecer a
demanda para a produção dos centros industriais externos, inicialmente Japão e
Alemanha e depois também a China, tendo como contrapartida absorverem cerca de 80% de seus fluxos
de capital.
para que os EUA, já detentores do privilégio
exorbitante de emitir dólares irrestritamente, também pudessem incorrer em déficits
ilimitados, foi necessário uma década de
desintegração controlada da economia mundial, conforme preconizado por quem
seria o condutor deste processo na presidência do FED: Paul Volcker.
após 2008, este mecanismo de
reciclagem global entra em colapso. o mesmo Paul Volcker que havia sido um de seus
artífices, já anunciara em
2005 ser impossível um país indefinidamente consumir e investir 6% a mais do
que produz. em 2009, Volcker declarou que possivelmente
a crise se tornara ainda pior que a Grande Depressão de 1929.
sob o padrão Dólar-Ouro, o capitalismo experimentou seus “anos dourados”,
com intensa industrialização, inovações tecnológicas, Guerra Fria e o Welfare
State; no padrão Dólar, prevaleceu a financeirização, a revolução digital, a
globalização e o “Estado mínimo”.
ainda sem qualquer perspectiva de superação, a crise de 2008 desencadeou
mais uma grande
desintegração. novamente os moinhos
satânicos trituram impiedosamente as condições sociais tal qual a conhecíamos, liquefazendo
a modernidade num caldo totalitário do qual se ergue um pavoroso mundo novo.
a Democracia Liberal se converte em Tirania Financeira; os Estados-Nações
em Governanças Globais; as Constituições Federais em Acordos Trans-Nacionais;
os países em Zonas de Livre Comércio; as cidades em condomínios fechados
protegidos por milícias privadas cercados por guetos sob lei marcial e zonas de
total exclusão com seus campos de extermínio; os direitos e as garantias
individuais em governo de si mesmo sob a lógica do desempenho empresarial. (link)
num Estado de Exceção permanente, as crises sucessivas impõe constantes ajustes
como técnica de governabilidade, com a
garantia jurídica da Legislação Anti Terrorismo e de uma rede global de contra
insurgência. vigilância on-line 24x7. incessante coleta de dados, biometria,
banco de DNA.
no auge de sua demência paranóica, o capitalismo almeja recriar a própria
vida à sua imagem e semelhança: nanotecnologia, robótica, engenharia genética.
um apocalipse sustentável.
muito embora as teorias conspiratórias postulem a existência de um
governo oculto do mundo, os proprietários da humanidade, periodicamente
reunidos no cume de alguma montanha mágica ou em discretos encontros em hotéis de alto
luxo, o poder já não se encontra nas instituições e muito menos tem algum rosto
definido.
os palácios presidenciais, os prédios dos parlamentos, as sedes das
instituições e das mega corporações se tornaram apenas cenários vazios nos
quais o poder já não mais reside. mesmo o mais fanático adepto da conspiração
neles não descobririam nenhum arcano. e aí está o segredo, não há segredo
algum. (link)
o poder que era pessoal e representativo, hoje se exerce através da
infraestrutura logística mantendo o mundo pós moderno em funcionamento. um
poder que se tornou a nova ordem do mundo.
“para ocultá-la, o
ministro lançara mão do compreensível e sagaz expediente de não tentar
escondê-la de modo algum.”
“A Carta Roubada”, Edgar Allan Poe
.
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