26 fevereiro 2021

Que país é este?

O que cabe agora é tentar saber que país é este. Quem somos nós? De que matéria somos feitos?
Miriam Leitão

A cronista econômica do setor dominante se declara perdida, escancarando a crise de hegemonia.

A dominação pelas ideias, pelos valores e pelo modo de vida, pela hegemonia, é muito mais eficaz do que via coerção e violência.

O dominado docilmente se submete por compactuar com um projeto, o qual julga ser a si mesmo benéfico.

ENTRETANTO

Qual o projeto unificador hj colocado selo setor dominante?

Simplesmente não há!

Estão claramente dizendo: "Morram!"

Vivemos um momento de total desorientação. Portanto, uma crise de hegemonia.

Pois o setor dominante já não pode apresentar seus interesses privados como sendo tb de interesse coletivo.

.

Nem seringas

O fechamento da economia é vital, urgente e viável.


Basta um auxílio emergencial de mão dupla, tanto para os trabalhadores qto para os pequenos empresários geradores de empregos.

Não há como enfrentar a pandemia sem combater a causa primária das zoonoses, que atualmente é a própria economia capitalista.

A Economia sempre foi o problema, muito embora seja ela que o setor dominante queira "salvar".

O Capital é um vírus incapaz de se reproduzir sozinho, precisa hospedar-se num corpo que trabalha.

Sem "salvar" quem trabalha, não há como salvar a Economia.

Chegamos num impasse.

O enfrentamento à pandemia exige um combate frontal ao Capitalismo.

.

21 fevereiro 2021

20 fevereiro 2021

Mutação

O Sars-CoV-2 está em mutação, se adaptando.

Há nisto uma inteligência imanente à vida ela própria.

Não se trata de matar todos os seus hospedeiros, muito pelo contrário.

Assim, sobre a taxa de letalidade se impõe a velocidade do contágio e a capacidade de multiplicação.

O vírus nos quer vivos, para melhor nos colonizar. Somos o meio que precisa para continuar se reproduzindo.

Os sintomas estão se diversificando, como também as sequelas não mortais.

A COVID é o resultado de um duplo processo degenerativo, tanto da imunidade de nossos corpos, por conta da destruição dos eco-sistemas, quanto do esfacelamento do tecido social, consequência da primazia da Economia sobre a Vida.

Outras pandemias virão, como resultado de um mundo em desequilíbrio, até a Vida prevalecer sobre a Economia e os eco-sistemas se reestabelecerem em harmonia.

.

Coletivos

Quanto mais a "sociedade" se desagrega, mais crescerá a busca pela tábua de salvação dos "coletivos".

Mas deveria ser tão óbvio serem eles uma falsa saída...

Para florescer algo coletivamente potente, deve-se abdicar dos "coletivos" com sua perniciosa exterioridade de alguém em relação a si mesmo, aos outros e ao mundo.

O que uma autêntica comunidade nos oferece é a experiência subjetiva da singularidade.

Já o Capitalismo sempre nos leva a vivenciar a banal objetividade da padronização.

Um McDonald's é uma oferta absoluta de uma coletividade homogeneizada.

Em qualquer lugar do mundo sempre se está no mesmo lugar, come-se a mesma comida, as expressões faciais são semelhantes, todos parecem contentes.

Nos McDonald's os clientes formam um coletivo.

Enquanto o Capitalismo distancia as pessoas delas mesmas através de uma falsa coletividade, a Comuna exige o encontro das pessoas com si mesmas, o que implica numa necessária experiência de solidão.

.

Bolhas

Sair das grandes cidades é necessário, urgente e a única alternativa frente à catástrofe atual, e à todas as demais que ainda vem.

Contudo, um passo anterior se impõe: sair das bolhas nas quais nos condicionamos a viver.

Caso contrário não importa onde estivermos, pois sempre estaremos no mesmo lugar.
Toda nossa experiência de vida estará restrita ao casulo por nós mesmos mantido ao nosso redor.

Tudo o que experimentaremos são as paredes espelhadas de uma prisão, mesmo que esta se desloque para lá e acolá.

Nas Redes Sociais e aplicativos de mensagens este confinamento solitário ganha a aparência de hiperconectividade.

Quanto mais pretensamente nos comunicamos virtualmente, mais também deixamos de concretamente interagir.

Quanto mais falamos de nós mesmos, disponibilizando gratuitamente nossa subjetividade para ser monetizada, mais também se constata que muito pouco temos de fato a dizer.

Antes de tudo: furar as bolhas.

.