30 julho 2016



ponto de mutação

30/07/2016


na gloriosa greve dos metalúrgicos do ABCD em 1979, após a intervenção nos sindicatos Lula estava pronto a retornar ao seu emprego na Villares. mas a greve prosseguiu. depois de dois dias sumido, Lula reapareceu num estádio lotado. foram os peões do chão de fábrica que seguraram a greve. sempre foram eles, os peões do chão de fábrica!

naqueles dois dias os metalúrgicos repetiam com orgulho: ”Somos todos Lula. Podem prender o Lula que agora todo mundo é Lula!”.

foi assim que a multidão de anônimos metalúrgicos transformou um obscuro dirigente da burocracia sindical na maior liderança dos trabalhadores brasileiros. foi assim que começou a gestação do único partido no Brasil nascido dos movimentos sociais. foi assim também que a Ditadura começou a ruir.

sempre foram as bases que fizeram a História se mover! por que agora seria diferente?

com o golpeachment prestes a se concretizar, cegos confabulam sobre onde foi que o Brasil se perdeu. mas após todos os erros terem sido usados como última companhia, à frente do Lulismo senta-se o Nada.

o Lulismo está mudo e inerte. já não tem o que dizer, já não sabe o que fazer. sua promíscua política de conciliação de classes expirou a validade, mas ainda assim o Lulismo tenta ressuscitá-la. já não há mais o que conciliar. cederam-se anéis, dedos, mãos, braços e todo o corpo. como ainda não suficiente, entregou-se a alma.

resta ao Lulismo um inócuo e desesperado recurso ao Comitê de Direitos Humanos da ONU. por 13 anos Lula acreditou piamente que era “o cara”, agora sente em sua própria pele aquilo que os pobres, favelados, negros, mulheres, homossexuais, travestis, índios, nordestinos sempre souberam em sua carne: as arbitrariedades de um Judiciário venal, seletivo, corporativo e classista.

um Judiciário que o Lulismo sequer cogitou em reformar. um STF no qual 8 dos 11 membros foram indicados pelo Lulismo.

ainda assim, cegos sendo guiados por cegos, tomados pela depressão e a impotência, incapazes de admitir que não há mais saídas e sim apenas portais de entrada, continuam se negando a enxergar o que sempre esteve à frente de seus olhos.

onde foi que o Brasil se perdeu?

o Brasil se perdeu quando se auto-iludiu com a viabilidade de um pacto com uma plutocracia colonial e escravagista;

o Brasil se perdeu quando se auto-iludiu que a bolha das commodities seria perene e que é possível fazer inclusão social pelo consumo;

o Brasil se perdeu quando os movimentos sociais se afastaram das ruas, suas lideranças se deixaram cooptar para integrar a máquina governamental, como se apenas pela via parlamentar e pela ocupação do aparelho de Estado fosse possível ampliar a Democracia, quando nem mesmo é capaz de garantir a sobrevivência de uma democracia mitigada.

o Lulismo está morto e não deixou nenhum testamento. e a plutocracia brasileira declarou guerra ao Povo e a Nação.

amanhã, 31/07/2016, o Povo sem Medo voltará a ocupar as ruas em várias cidades do Brasil. mas não estarão presentes nem o Lulismo, nem o PT, nem a CUT, nem o MST, nem a Frente Brasil Popular. estes ainda insistem no rumo através do qual o Brasil se perdeu...

também a Direita não estará presente. muito embora tivesse ato marcado para o mesmo dia, foi obrigada a recuar,  numa prova que a Esquerda só perde a hegemonia das ruas quando se auto-ilude de não mais precisar caminhar sobre elas.

sempre foram as massas que fizeram a História se mover! por que agora seria diferente?

amanhã “o povo” estará novamente nas ruas, mas não se trata de um povo que existisse pre­viamente, pelo contrário, trata-se do povo que previamente fal­tava. não é “o povo” que produz a luta e a resistência, é a luta e a resistência que geram o seu povo. (link)

ir ao combate sem temer! ousar lutar! ousar vencer! golpe saia deste país, pois ele não lhe pertence. nossa nação pede passagem. é nós por nós. que a luz da estrela da revolta nos ilumine a todos. salve os Encantados. salve o Divino Espírito Santo. saravá. assim seja.
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26 julho 2016

afinal, por que estamos caindo neste golpe?

26/07/2016


após a divulgação da pesquisa na qual 52% querem eleições antecipadas, apenas 16% apoiarem que Temer  fique até 2018, com o governo interino desaprovado por 48% e o próprio Temer ter 68% de rejeição e 89% considerarem que o Brasil está no rumo errado;

após os dados corrigidos da pesquisa Datafolha indicarem que quase 74% dos entrevistados apóiam o “Fora Temer”;

após o MPF se manifestar por as “pedaladas fiscais” não serem “crime comum nem de responsabilidade fiscal, tampouco configurar dolo por parte da presidente eleita ou desrespeito ao Congresso”;

após o Tribunal Internacional Sobre a Democracia no Brasil, com um júri composto por nove especialistas internacionais, decidir que “o impedimento neste caso se caracteriza como verdadeiro golpe ao Estado Democrático de Direito e deve ser declarado nulo em todos os seus efeitos” ;

após a divulgação das gravações de Sérgio Machado deixarem claro que impeachment é uma tentativa de pacto à la Brasil para dar uma solução para estancar a sangria da Lava Jato, e que Dilma sempre foi a pedra no meio do caminho do acordo de salvação nacional das elites;

após uma seletiva e autoritária Lava Jato ter como resultado anunciado conduzir à Presidência do Brasil um político impopular, inelegível e incapaz de resistir a qualquer investigação isenta, repetindo os mesmo catastrófico desdobramento da “Mãos Limpas” italiana, em cujo rastro Berlusconi chegou ao poder;

após ficar inegável que o governo interino age como se já fosse definitivo para executar o programa derrotado 4 vezes nas urnas, um golpe da plutocracia contra os pobres;

após a surpreendente e impressionante vitalidade de um  Povo sem Medo que nas ruas se ergueu em defesa da Democracia, numa ininterrupta sequência de atos e manifestações;

afinal, por que estamos caindo neste golpe?

por que apesar de Lula e Dilma terem indicado 8 de seus atuais 11 membros, o STF permanece inerte em relação ao impeachment, quando até os golpistas já assumiram tratar-se não de um processo jurídico e sim político?

por que a presidente afastada Dilma Roussef, após programar viagens pelo Brasil para lutar contra o golpe, arrecadando mais de R$ 725 mil num financiamento coletivo para este fim, decidiu tirar o mês de Julho como se houvesse entrado em férias em meio ao processo de concretização do impeachment?

por que Lula, após sua “condução coercitiva” pela Lava Jato, em 04/03/2016, ter afirmado que: “A partir da semana que vem, quem quiser um discursinho do Lula, é só acertar a passagem de avião - não de ônibus, porque demora muito. Estou disposto a andar por este país.”, e ainda assim prosseguir com sua imutável política de conchavos de cúpula, acordos de gabinete e pactos com a elite?

por que Marcelo Odebrecht, mesmo condenado a mais de 19 anos e preso desde junho de 2015, com a própria empresa Odebrecht sendo penalizada, não divulga a única “delação premiada” que lhe caberia: expor a Lava Jato e o impeachment como uma intrincada luta política contra os interesses do Brasil, de suas grandes empresas e de sua população?

por que o Almte. Othon, “pai do programa nuclear brasileiro”, sob prisão domiciliar e sua condenação pedida pelo MPF-RJ, não repete suas enfáticas declarações sobre os interesses estratégicos dos EUA em barrarem as pesquisas brasileiras na área nuclear, principalmente no que tange as ultra centrífugas para enriquecimento de urânio?

por que a CUT, o MST e a Frente Brasil Popular não estão convocando para as manifestações em nível nacional marcadas para 31/07/2016, contra o impeachment e em defesa da Democracia, mesmo com o recuo do MBL, cujo ato estava previsto para o mesmo dia?

por que políticos do PT e do PC do B, mas não apenas destes, também do PSOL, estão privilegiando suas campanhas para as eleições municipais, mesmo num cenário de golpe e com presos por suposição de prepararem atos terroristas serem impedidos pelo Ministro da Justiça interino de se comunicarem com seus advogados?

afinal, por que estamos caindo neste golpe?
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25 julho 2016

bem vindos à grande desintegração

25/07/2016


a crise de 2008 marca a falência do padrão Dólar e da capacidade do déficit gêmeo dos EUA funcionar como o motor da economia global.

a partir do pós guerra, da qual os EUA saíram como a grande nação credora, praticamente todo o comércio mundial passou a se realizar com os dólares de Wall Street. o capital excedente do superávit comercial norte-americano era investido no Japão e na Europa, principalmente na Alemanha, formando mercados consumidores para bens e serviços das empresas sediadas nos EUA.

em 1971 os EUA rompem unilateralmente o acordo de Bretton Woods, encerrando abruptamente a conversibilidade dólar-ouro, pois a economia norte-americana se tornara estruturalmente deficitária.

a partir de então, inverte-se o fluxo de comércio e capital global. os EUA passam a fornecer a demanda para a produção dos centros industriais externos, inicialmente Japão e Alemanha e depois também a China, tendo como contrapartida absorverem cerca de 80% de seus fluxos de capital.

para que os EUA, já detentores do privilégio exorbitante de emitir dólares irrestritamente, também pudessem incorrer em déficits ilimitados, foi necessário uma década de desintegração controlada da economia mundial, conforme preconizado por quem seria o condutor deste processo na presidência do FED: Paul Volcker.

após 2008, este mecanismo de reciclagem global entra em colapso. o mesmo Paul Volcker que havia sido um de seus artífices, já anunciara em 2005 ser impossível um país indefinidamente consumir e investir 6% a mais do que produz. em 2009, Volcker declarou que possivelmente a crise se tornara ainda pior que a Grande Depressão de 1929.

sob o padrão Dólar-Ouro, o capitalismo experimentou seus “anos dourados”, com intensa industrialização, inovações tecnológicas, Guerra Fria e o Welfare State; no padrão Dólar, prevaleceu a financeirização, a revolução digital, a globalização e o “Estado mínimo”.

ainda sem qualquer perspectiva de superação, a crise de 2008 desencadeou mais uma grande desintegração. novamente os moinhos satânicos trituram impiedosamente as condições sociais tal qual a conhecíamos, liquefazendo a modernidade num caldo totalitário do qual se ergue um  pavoroso mundo novo.

a Democracia Liberal se converte em Tirania Financeira; os Estados-Nações em Governanças Globais; as Constituições Federais em Acordos Trans-Nacionais; os países em Zonas de Livre Comércio; as cidades em condomínios fechados protegidos por milícias privadas cercados por guetos sob lei marcial e zonas de total exclusão com seus campos de extermínio; os direitos e as garantias individuais em governo de si mesmo sob a lógica do desempenho empresarial. (link)

num Estado de Exceção permanente, as crises sucessivas impõe constantes ajustes como  técnica de governabilidade, com a garantia jurídica da Legislação Anti Terrorismo e de uma rede global de contra insurgência. vigilância on-line 24x7. incessante coleta de dados, biometria, banco de DNA.

no auge de sua demência paranóica, o capitalismo almeja recriar a própria vida à sua imagem e semelhança: nanotecnologia, robótica, engenharia genética. um apocalipse sustentável.

muito embora as teorias conspiratórias postulem a existência de um governo oculto do mundo, os proprietários da humanidade, periodicamente reunidos no cume de alguma montanha mágica ou em discretos encontros em hotéis de alto luxo, o poder já não se encontra nas instituições e muito menos tem algum rosto definido.

os palácios presidenciais, os prédios dos parlamentos, as sedes das instituições e das mega corporações se tornaram apenas cenários vazios nos quais o poder já não mais reside. mesmo o mais fanático adepto da conspiração neles não descobririam nenhum arcano. e aí está o segredo, não há segredo algum. (link)

o poder que era pessoal e representativo, hoje se exerce através da infraestrutura logística mantendo o mundo pós moderno em funcionamento. um poder que se tornou a nova ordem do mundo.

“para ocultá-la, o ministro lançara mão do compreensível e sagaz expediente de não tentar escondê-la de modo algum.”
“A Carta Roubada”, Edgar Allan Poe





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20 julho 2016

golpes. golpes por todos os lados

20/07/2016


desde a farsa dantesca encenada pela insurreição dos hipócritas no teatro de horrores da Câmara, na votação da admissibilidade do processo de golpeachment, em 17/04/2016, ondas sucessivas de choque e pavor incessantemente se arremetem contra o Brasil tal qual o pensávamos conhecer.

de choque em choque de realidade, que se vayan todas as máscaras. e que não reste nenhuma! enfim, o horror, o horror de um brutal mergulho no deserto do real. o presente se tornou um angustiante beco sem saída. e o futuro já não tem futuro.

nenhum Alzheimer político ainda é capaz de manter nas sombras a estapafúrdia realidade dos fatos em curso:

- como resultado anunciado de uma seletiva Lava Jato, assumiu interinamente um político impopular, inelegível e incapaz de resistir a qualquer investigação isenta;

- embora a Presidente tenha sido afastada sob a alegação de “pedaladas fiscais”, o MPF já se manifestou por estas não serem “crime comum nem de responsabilidade fiscal, tampouco configurar dolo por parte da presidente eleita ou desrespeito ao Congresso”;

- mesmo a um passo do golpeachment se concretizar, o Lulismo não se empenha em fortalecer a resistência popular. opera através do PT, da CUT, do MST e associados para retirar das ruas - ainda mais uma vez - o movimento social, num derradeiro e patético esforço de conferir alguma sobrevida à sua estratégia de “conciliação permanente”. sempre pautado pelo calendário eleitoral, o Lulismo recusa-se a aceitar que 2018 continua sendo um ano longe demais;

- no que apenas por pura contextualização referencial poderíamos denominar de “Esquerda”, ocorre o inacreditável racha do PSTU. embora pretendam arrancar alegria ao futuro, escolhem uma estrada batida e cospem balas para trás. para que aumentar o rol de suicidas?

aqueles que desejariam acima de tudo esperar, vêem ser-lhes retirado qualquer tipo de sustentação. os que pretendem ter soluções vêem-se imediatamente desmentidos. os afetados pela Síndrome do Crepúsculo anseiam voltar para um Brasil que já não existe. mas o  espírito do tempo pede passagem. e as portas terão que se abrir para ele.

não foi apenas a plutocracia golpista a ser surpreendida com a inesperada resistência popular. também o Lulismo já não contavam com ela. diante do intolerável, foi o Povo sem Medo que nas ruas se ergueu em defesa da Democracia, numa ininterrupta sequência de atos e manifestações.

nas últimos semanas, é como se o movimento anti golpe tivesse se dissolvido na realidade. mas ele parece ter arrefecido precisamente porque se realizou. tudo aquilo que constituía o seu léxico elementar como que passou para o domínio público. entranhou-se no cotidiano e tornou-se hegemônica a narrativa histórica sobre o caráter golpista do impeachment: um golpe da plutocracia contra os pobres.

a esta mudança de qualidade na resistência ao golpeachment, deve corresponder uma mudança de formas de luta e mesmo de análise.

o sistema de poder está em colapso. o Lulismo expirou sua data de validade. o golpeachment é a implantação do projeto de país da lumpen burguesia brasileira: Estado máximo para os 1% e brutal e rápida espoliação aos restantes. austericídio para o povo e abundância fiscal para a plutocracia.

a crise vai se acentuar. o setor dominante já não consegue governar como antes. com o agravamento do descontentamento e da indignação, pela deterioração de sua condição de vida, os dominados se encontrarão numa situação insuportável, empurrados para uma ação independente. (link)

golpeados por todos os lados, temos um cadáver às nossas costas. à nossa frente, uma insurreição que vem.
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18 julho 2016

o sultão turco e os emires do Lulismo

18/07/2016


apesar de não ser exatamente um adepto da Democracia participativa, o proto sultão Erdogan não hesitou em lançar mão de um iPhone para convocar o poder do povo. foi com a heróica presença da população nas ruas que o golpe na Turquia foi debelado.

no emirado do Lulismo, pela via da conciliação permanente a serviço de uma hegemonia às avessas, pela qual o eleito pelos trabalhadores concede em governar para os patrões, Dilma foi incapaz de sequer denunciar o golpe na ONU, apenas mencionando de forma “corretamente protocolar” o ”grave momento que vive o Brasil”.

mesmo a um passo do golpeachment se concretizar, ainda assim os emires lulistas se obstinam em seu vôo cego em direção ao fundo sem luz do abismo, no qual toda a sociedade brasileira agora se queda. na votação para a Presidência da Câmara, numa demonstração cabal de não querer a volta de Dilma à Presidência, o Lulismo empenhou seu sub-reptício apoio a um parlamentar responsável pelo voto de número 247 pró impeachment.

de choque em choque de realidade, que se vayan todas as máscaras. ao contrário do sultão turco, os emires lulistas não tem o menor pendor para a resistência ao golpe. sua expertise são os conchavos de cúpula, os acordos de gabinete, os pactos com a elite.

se a Turquia não é um pais da América Latina, onde governos são depostos da noite para o dia, já o Povo sem Medo brasileiro em nada fica a dever aos destemidos turcos que rechaçaram o golpe.

no Brasil, foram pessoas do povo que abraçaram uma certa idéia de nação. nossa construção nacional, ainda inacabada, sempre foi obra de Brasileiros apaixonados pelo país. por isto, nossa identidade nacional não resulta de raízes gloriosas, tampouco de ambições imperiais. nossa cultura de síntese não se baseia em raça ou em religião. não somos xenófobos, nem guardamos ressentimentos em relação ao colonizador.

não deixemos que nos confundam! não somos e nunca fomos um “povo de frouxos”!

frouxa é a plutocracia brasileira, eternamente sedenta de ser convidada para a mesa de jogo dos grandes lobos globais, mas servilmente resignada ao seu desprezível lugar como hiena periférica;

frouxa é uma liderança especializada em capitular voluntariamente, dedicada à rendição sem luta e cujo único objetivo é salvar a própria pele, mesmo ao custo de entregar a cabeça de todo um povo.

salve o Povo Brasileiro! salve, salve! salve os Tamoios, os Aimorés e os Potiguares! salve Ganga Zumba! salve Palmares! salve, salve! salve Filipe dos Santos e Tiradentes! salve os cabanos, os malês e os balaios! salve os Alfaiates e os Cariris! salve, salve. salve o Almirante Negro! salve o movimento anarcosindicalista e a Coluna Prestes! salve Apolônio de Carvalho. salve Lamarca! salve Carlos Marighella! salve, salve. salve as greves do ABCD! salve a fundação do PT! salve as “Diretas Já”! salve, salve! salve Junho de 2013! salve, salve. salve a resistência ao golpe do impeachment! salve o Povo sem Medo!



09 julho 2016

o imperialismo ianque e seus lacaios

09/07/2016


para os órfãos de um tempo em que o mundo se di­vidia ilusoriamente em partidários e inimigos do bloco capitalista, mesmo após o naufrágio do logro soviético ainda perdura um obsoleto paradigma de análise geopolítica.

como distinguir o amigo do inimigo?

USA Incorporation já não é país, converteu-se em mera base territorial e foro jurídico dos interesses das mega corporações transnacionais. seu poder militar e meios de controle e vigilância são os fiadores  da segurança de um ambiente de negócios definido pelos acordos supra nacionais: TTIP, TPSEP e TiSA.

aquele EUA paraíso da middle class já não existe. as desigualdades são imensas, tão grandes quanto em Pindorama. o sonho americano converteu-se numa Home Land onde a 80% da população cabe apenas 7% da renda, enquanto o 1% super-rico abocanha 40%. o lar dos bravos 1%. uma tirania neofascista que, sob a égide dos mercados financeiros e da permanente hiper produção de informação, está redesenhando a institucionalidade mundial para recolonizar todo o planeta conforme o modelo africano: adeus à cidadania.

vivemos a era dos drones e das guerras híbridas assim como do Google e do Facebook, com seu incessante escaneamento de geolocalizações, hábitos de consumo, orientação sexual, perfis políticos... monstruosos repositórios de dados para minuciosamente cartografar on line o comportamento da multidão ao nível cotidiano. somos agora todos livres para nos comunicar, e quanto mais nos comunicarmos menos livres seremos.

nosso inimigo está entre nós. somos nós mesmos. nossos valores e nosso modo de vida. os golpes que sofremos são cosa nostra.

antes de tomar posse, em dezembro de 2002, Lula trocou um caloroso aperto de mãos com Bush Filho. a “empatia e química” entre os dois foi cuidadosamente preparada por FHC e obteve êxito completo: foi em Washington que Lula-Lá anunciou a Wall Street que seus juros estavam garantidos pela indicação do insípido Meirelles para o BC petista. o mesmo Meirelles agora Ministro interino golpista de um vice também votado pelos 54 milhões de eleitores de Dilma.

em 2009, Lula se tornara o “político mais popular da Terra”, segundo Obama, o qual não se intimidou em  declarar: “Esse é o cara! Eu adoro esse cara!”. foi ainda naquele mesmo ano, também numa visita aos EUA, que Lula defendeu a estatização dos bancos, dos bancos norte-americanos.

é óbvio que os interesses geopolíticos dos EUA são parte importante do golpeachment. na cena do crime está presente DNA externo, não apenas a CIA e a NSA, também o  Mossad. além do histórico de atrito entre o governo Dilma e Israel, sublinhe-se as honras de Chefe de Estado com que o muy amigo Eduardo Cunha foi recebido no Knesset.

nosso inimigo já não tem um rosto definido. sempre usa muitas máscaras. como um perfil de Facebook tem cada vez mais credibilidade do que o indivíduo que supostamente o possui.

Wall Street não é uma ave de rapina celestial dominando o mundo dos céus. não existe nenhum governo mundial, o que existe são dispositivos locais de governança. uma rede global de contra insurreição, sendo esta o atual princípio de governo. já não se pode falar de uma crise do capitalismo, e sim de um capitalismo de crise, sendo esta a atual forma de governo.

ao se procurar pelo poder no estado sólido, descobrem-se apenas cenários. o poder passou desde muito ao estado líquido, mesmo gasoso, ou mais exatamente: virtual.