- o Golpe de 2016 marca o fim do
sistema de poder gerado pelo processo de saída da Ditadura Civil-Militar
(1964/1989), com a redemocratização inconclusa desembocando numa Nova
República tão arcaica quanto a atual Nova Política Bolsonariana;
- a Guerra de Famiglias não encerrará antes de se estruturar um novo sistema de poder,
processo que se arrasta desde o Golpeachment (2016);
- após o Golpe de 2016 não mais resta
qualquer legitimidade no poder constituído e
as
instituições entraram em colapso progressivo;
- com o véu constituinte em farrapos, Executivo, Legislativo, Judiciário
estão despidos de qualquer poder emanado do povo, alinhados a serviço de um
único poder: o setor dominante
brasileiro. com o centro de seu núcleo formado pelos banqueiros e rentistas,
exportadores de commodities (agronegócio, pecuária, mineradoras) e o Capital
Transnacional Financeirizado;
- manipuladas por todo tipo de fraudes, as Eleições
de 2018 longe de restaurar qualquer legitimidade aos poderes constituídos
apenas aprofundaram sua decomposição;
- o poder que dá o golpe, não é o poder que consolida
o golpe. um golpe se institui pela força e só um contra-golpe pode superá-lo,
ainda que seja para consolidá-lo sob outra de correlação de forças e gestão
executiva;
- para ter um mínimo de legitimidade, e
portanto ser minimamente funcional, um novo sistema de poder exige um nível de
participação popular, exato o que o setor dominante brasileiro não mais admite.
sendo assim, o novo sistema de poder necessariamente tende a se configurar como
um Estado de Exceção;
- enquanto o novo sistema de poder não se
estabiliza, as diversas facções em luta, desde o STF até a Lava Jato &
Associados, passando pelo Bolsonarismo e pelos Generais, disputam
entre si não apenas pela função de gestores executivos da crise do Capitalismo
no Brasil, como, principalmente, por uma necessidade de sobrevivência;
- para o setor dominante não importa a
preponderância de qualquer das facções em luta, desde que todas operacionalizem
o mesmo projeto neo-colonial e semi-escravagista, extirpando do Brasil qualquer
vestígio de soberania popular;
- ainda assim, uma das facções leva nítida
vantagem sobre as demais: os Generais. por outro lado, este mesmo grupo
militar é também o que dispõe da maior relativa autonomia frente ao setor
dominante, por serem os "profissionais
do violência", detentores do monopólio do braço armado do Estado;
- no momento o grupo militar (os Generais)
configura-se como um rígido quadrado incapaz de equacionar o dinamismo da crise
brasileira: o "legalista" Villas
Boas, o "nacionalista" Heleno, o "racional" Mourão e o
comandante de ligação com o Deep State (Etchegoyen);
- após as sucessivas intervenções militares, o
estado de calamidade pública do Rio de Janeiro, e não apenas na área de segurança,
é a prova tangível do despreparo dos
Generais para gerir a complexidade de um Brasil em escombros;
- para os Generais já
não há nenhuma outra escolha a ser feita: ou uma Ditadura
aberta ou o alinhamento com a Nação e o Povo;
- não haverá nenhuma solução para o Brasil que
passe pela inviável restauração de algum mítico centro democrático. ao
contrário, já passou há muito o momento de nos livrarmos em definitivo das
ilusões com a Democracia Liberal Representativa. nenhuma pax nos salvará;
- enquanto afundamos mais e mais no caos, a Teocracia
Neo-Pentecostal, inclusive seu ramo militar, acalenta tomar parte do
Armagedon: a guerra do fim do mundo entre os eleitos de Israel e todos os
ímpios da Terra;
- não contem com a misericórdia de Deus. pois
Ele está farto de nós;
- com a Ex-querda perdida no tempo e no
espaço, o protagonismo segue com a crise, ela própria impondo sua dinâmica ao
curso dos fatos e fazendo com que todos, incluindo nosotros, continuemos
sendo atropelados pela conjuntura;
- enquanto a Ex-querda se debate em
suas insuperáveis ilusões eleitorais e institucionais, para nosotros a
questão é: como se destitui um poder?
.
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