15 julho 2021

Por onde ir?

Como sair do roteiro para ser possível vencer?

Muitas vezes ao se afirmar que o Capitalismo se encontra em crise sistêmica, provavelmente terminal, de imediato surge uma refutação: isto não corresponderia à realidade porque os lucros das mega corporações transnacionais tem sido astronômicos.

Entretanto este dado, embora correto, expressa exatamente a debilidade do Capitalismo contemporâneo, pois incapaz de criar novo valor depende de uma aguda e extrema oligopolização.

Ao se observar a curva da taxa de lucro geral do sistema, ela apresenta uma irreversível tendência de queda.

No caso do Brasil este processo se mostra particularmente brutal e selvagem, com a burguesia local e o Imperialismo associados, promovendo um saque generalizado à renda e aos recursos públicos.

Para este processo de expropriação se viabilizar foi necessário o Golpe de 2016 e a fraude eleitoral de 2018.

Se há de fato uma coesão burguesa quanto a ele, acompanhada do poder para implementá-lo, trata-se de um programa derrotado por 4 vezes nas urnas e jamais colocado claramente na campanha de 2018.

Não é por outro motivo ter sido necessário um conjunto de manipulações para garantir a vitória de Bolsonaro, sendo este próprio uma opção de última escolha (como em 1989 ocorrera com Collor).

Não é um programa aplicado por consentimento, e sim pela força!

Em 1964 o apoio popular a Jango era imenso, foi necessária uma longa ditadura militarizada para impor os interesses do bloco dominante.

Se em 1964 Jango dispunha de não só apoio popular como militar, por que não houve resistência?

Se Temer chegou a ter aprovação de apenas 1%, portanto um consenso às avessas, como não chegou a cair?

Cada vez mais isolado politicamente, por que Bolsonaro se mantém?

Claro que a resposta é complexa, mas um dos motivos está em sua correta constatação: Nenhuma visão de emancipação social, de sociedade socialista, autogerida, está posta e difundida em parte da sociedade civil.

Para vencer é preciso sair do roteiro imposto pela classe dominante no Brasil, e isto é exatamente o que a Esquerda eleitoral-institucional se recusa a fazer, nem mesmo como mera cogitação no plano do debate político.

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