11 setembro 2018

Brasil em Transe: nenhuma facada sem sangue

11/09/2018

o Capitão candidato a Presidente dedica seu voto pela admissibilidade do impeachment ao Coronel Ustra, o primeiro oficial brasileiro a ser declarado como torturador numa sentença oficial.

o General vice da chapa declara que o torturador Ustra é um herói.

o Comandante do Exército, enaltecido por ser "legalista" e "nacionalista", não apenas cala e consente, como aponta a candidatura Lula como "tirando a legitimidade, dificultando a estabilidade e a governabilidade do futuro governo e dividindo ainda mais a sociedade brasileira".

enfim caiam as máscaras de todas as ilusões: o Golpe de 2016 foi concebido para ser com STF com tudo. inclusive com as FFAA.

conforme assegurou o grampeado Romero Jucá: "Estou conversando com os generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão garantir."

como se orgulha o General-Vice, os heróis deles não morrem de overdose, matam torturando. nada de facada sem sangue...

a bem da verdade, por ter virado "arquivo morto" numa ordem direta do "herói" Ustra, o "herói" Fleury não teve tempo de morrer de overdose, mesmo já então completamente entregue ao vício da cocaína.

mas não só ele... outros "heróis" já estavam abraçados com o tráfico e o jogo do bicho.

vários "heróis' também foram removidos: Malhães, Molina, Baumgartem, Tenente Odilon, equipes inteiras da PM, Zé do Ganho, Pejota, Mariel Mariscot...

{fonte: "Memórias de uma Guerra Suja", depoimento de Cláudio Guerra.}

os "heróis" remanescente formaram um pavoroso batalhão de desgraçados mortos-vivos:

"Eu costumo até dizer: nós somos 300 desgraçados, 300 miseráveis. Se você pegar a ficha de um por um, profissionalmente, nunca foram nada, como eu. Os do Exército nunca chegaram ao Generalato. Nem um único. Os da PM também passaram a vida num esquecimento geral. Um bando de infelizes. Ninguém é nada. Um virou meio psicopata. Uns outros dez morreram de tanto beber. Esse perdeu a mulher. Esse a mulher corneou. Esse o filho virou viciado. Esse a filha virou puta. Se todos pudesse falar a verdade, você iria ouvir: 'Seu eu pudesse voltar no tempo, eu não teria entrado naquela casa. Na rua Tutóia. A OBAN.'"

"Capitão Lisboa" - em "Mulheres que foram à luta armada", de Luiz Maklouf Carvalho

a dupla Bolsonaro/Mourão representa a vingança de seu herói torturador Ustra.

o revanchismo dos porões da Ditadura Civil-Militar contra uma "abertura lenta, gradual e segura", que embora até hoje mantenha intocado o entulho autoritário desmontou de vez com o próspero negócio da tortura executado pelos DOI-Codi.

mas não apenas isto.

o ultra-liberalismo selvagem de seu formulador de política econômica, Paulo Guedes, vem a ser uma outra vingança: contra Geisel e o II PND.

a lumpenburguesia brasileira e seus sócios majoritários transnacionais jamais se conformaram com a criação de diversas estatais, a consolidação da indústria pesada e da infraestrutura energética e de telecomunicações, o fim do tratado militar com os EUA e o acordo nuclear com a Alemanha.

afinal, o ditador Ernesto Geisel jamais se dignou a pisar em solo dos EUA...

quanto mais se aproximam, prestes a ocorrer, ainda assim as Eleições de 2018 parecem inexoravelmente distantes.

ficará 2018 para sempre como um ano longe demais? uma eleição viciada sob estreita tutela jurídico-militar, cuja única função é legitimar o Golpe de 2016?

corte rápido.

patente é posto: sai Bolsonaro entra Mourão?

eleição sem Lula é fraude? eleição com Haddad é farsa?

e Ciro? como bem sabemos desde os tempos do homem de Nender, o Tal: Ciro é um cara "que não inspira confiança nem mesmo quando sinceramente declara estar sendo falso!".

assim como Boulos seria a candidatura perfeita para o PT, Haddad é um excelente candidato... para o PSDB.

Haddad representa a perene ilusão da viabilidade de um pacto civilizatório com a lumpenburguesia brasileira - aquele mesmo grande empresariado financiador dos DOI-Codi.

tipo: "tortura, mas não mata". ou: "já deram o golpe mesmo, quer que eu faça o quê?",

muitos estão certos de que vai dar tudo certo, Haddad será eleito. o único risco é um novo golpe... não fosse por este mísero detalhe, até poderíamos estar numa Democracia.

a Ditadura iniciada em 1964 nunca foi "dos militares", sendo estes apenas os ferozes cães de guarda dos interesses do grande capital transnacional, a quem sempre serviram mansamente.

a aplicação das “medidas impopulares”, rejeitadas por quatro vezes nas urnas, só podia se dar através de um golpe de Estado.

contudo, a superação de suas consequências sociais, econômicas, políticas e institucionais, só se viabiliza, paradoxalmente, pela aplicação de “medidas populares”.

ou seja, fazer o grande Capital pagar o pato de uma crise por ele gerada.

para os golpistas não há opção: vão ter que fechar de vez o regime. percorrer mais uma vez o percurso entre 1964 e 1968, indo de 2016 a 2018.

tudo se repete, se repete, se repete. exasperantemente.

mas quase todos insistem em agir como se fosse apenas a primeira vez.

dizem ter o Alzheimer o seu lado positivo, pois todo dia se conhece gente nova e se faz coisas diferentes.

de algo devemos ter certeza: Deus já não tem qualquer misericórdia desta Nação.

para cada um de nós, não haverá nenhuma facada sem sangue...


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