14 setembro 2018

Brasil em Transe: com cartas marcadas, a banca sempre vence

14/09/2018

o transe se aprofunda. haverá algum retorno possível dele?

mal se inicia a transferência de votos de Lula para "Andrade", marcada por um vídeo simplesmente genial, o delírio também se propaga: a onda Haddad ira gerar um irrefreável tsunami de Norte a Sul, de Leste a Oeste, com o povo todo aprendendo a soletrar o nome do ungido pelo encarcerado Cavaleiro da Esperança.

como no caso emblemático de Bolsonaro, cujo apelo em seu material de campanha ao corte rápido da faca Tramontina foi premonitório, todo cuidado ainda será insuficiente.

Lula e Bolsonaro, os dois candidatos preferidos pelo eleitor, estão "removidos" diretamente das respectivas campanhas.

tanto o outro quanto o um vão ter que realizar o mesmo temerário milagre: protagonizar uma campanha sem estar de corpo presente.

ambos foram capturados pela História, esta velha toupeira, em suas ardilosas ironias.

Lula por sua inacreditável insistência em "acreditar na Justiça" - cfe. declarou em seu último comício em S. Bernardo. e Bolsonaro pela agressiva apologia da violência para superar divergências políticas.

a Justiça arrancou Lula das ruas. e a violência enfiou Bolsonaro no hospital.

o Judiciário enquanto instituição é venal, corporativo, seletivo, classista e partidarizado. e a violência sempre redunda numa faca de dois gumes.


todo cuidado então ainda é muito pouco. tanto com o que se prega quanto com aquilo em que se acredita.

fosse um script de filme seria considerado inverossímil, mas no Brasil a realidade sempre foi mais estranha do que qualquer ficção.

se Lula sempre teve Haddad como uma manjada carta na manga, qual será o Plano B de Bolsonaro? Mourão e sua Constituinte sem povo?

mesmo se a mais bem-aventurada profecia se realizar, com Haddad ameaçando vencer no primeiro turno, os golpistas simplesmente enfiarão os rabo entre as pernas, e irão sair de cena se arrastando e ganindo baixinho?

num jogo sujo, com cartas marcadas e jogadores viciados: a banca sempre vence.

se numa Democracia Liberal Representativa as eleições mudassem alguma coisa, com certeza elas seriam proibidas.


antes tarde do que ainda mais tarde, "Andrade" está precisando "tomar um banho de povo". mas como fazer isto imerso nas agendas fechadas com núcleos de poder?

entre o terno caro de professor do ultraliberal Insper ou com chapéu de cangaceiro e vestindo camiseta vermelha com estampa de "Lula Livre", qual a verdadeira identidade secreta de Haddad?

em relação a Haddad, pouco importa quantas máscaras de Lula possa vir a exibir, atrás delas sempre estará a mesma velha, conhecida, repetida e absolutamente suicida ilusão do Lulismo: a viabilidade de algum pacto civilizatório com necrófilos.

já não há retorno deste Brasil em Transe.

apesar de tanto Twitter e WhatsApp, é num improvável e anacrônico telegrama, como uma mensagem dentro de alguma garrafa entregue ao mar, que nos chega uma lúcida reflexão vinda de um lugar que já não há:

"Para o bem ou para o mal, o mito Lula prevaleceu. Tudo isso me faz chorar. Tanto capital político desperdiçado. Um enorme contingente de pessoas que têm resistido ao assédio da mídia e do ódio, mas que tem sua percepção de realidade limitada por um sonho de volta de um inclusivismo capenga e sujeito a outros tantos golpes."
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