28 agosto 2006

o pensamento interditado

parte da intelectualidade Brasileira já sucumbira com FHC no conveniente esquecimento do que antes haviam escrito.

por decisão espontânea se renderam ao slogan de não existir alternativa possível, exceto o alinhamento incondicional com o pensamento único.

prevista para se estender por 20 anos gloriosos, a era FHC encerrou-se, a rigor, com a crise cambial no primeiro mês do segundo governo. alguns dos principais ideólogos tucanos sequer conseguiram se manter vivos até o final do mandato.

o Presidente intelectual operou no limite da irresponsabilidade para promover uma privataria selvagem que destroçou o patrimônio público nacional, fruto de várias décadas de esforço desenvolvimentista.

já Lula, apesar de eleito com a bandeira da ética, não fez a menor concessão à coerência e sua política de “mãos sujas” arrasou os 23 anos de lutas populares para construir o PT e levá-lo até a Presidência da República.


assim como os intelectuais tucanos se encarregaram de fornecer o suporte teórico que legitimou a transformação do PSDB em linha auxiliar do PFL, sua contraparte petista assistiu a falência do PT entregando-se à omissão e a conivência, enquanto Lula aprofundava o modelo econômico herdado de FHC.

na recente política Brasileira, o partido oposicionista ao chegar ao poder migra inexoravelmente para a Direita e acaba executando o programa derrotado nas urnas.

a cada vez que o processo histórico desemboca numa crise, se restabelece no Brasil um acordo de cúpula, pactuado pelas elites, e a mudança se reduz a um rearranjo que tudo muda para que nada fique diferente.

intelectuais tucanos e petistas satisfazem-se com o papel subalterno de avalistas de políticas partidárias, sem assumir jamais sua função de consciência crítica da sociedade.

como qualquer cidadão, o intelectual pode ser filiado a um partido, desde que isto não implique em abdicar de sua independência, condição fundamental para que o pensamento não seja interditado.

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