a foto do Mídia Ninja dá a dimensão do comparecimento ao ato desta noite nos Arcos da Lapa, no centro do Rio de Janeiro.
mas ainda assim é preciso considerar que as
ruas e bares da Lapa estavam tomadas por uma outra multidão quase tão grande quanto.
pela própria característica do ato, a presença
foi majoritariamente de setores médios, mas com uma parte da juventude vinda de
subúrbios, favelas e periferias.
quanto a composição etária, dividiu-se entre
jovens e a geração das Diretas Já, mas com predomínio de jovens - o que
é um bom sinal.
ao menos 30% dos participantes eram LGBT, que
compõe hoje a linha de frente das transformações sociais, sendo também os
primeiros atingidos pela onda fascista BolsoNazi.
o clima geral é de que a virada é possível.
há uma razoável percepção de que o fascismo
deveria ter sido barrado em suas origens. ou ao menos quando Bolsonaro dedicou
seu voto pelo impeachment ao torturador Ustra.
ainda assim, as intervenções dos oradores
foram bastante despolitizadas, em consonância com a maior parte dos que
pretendem se opor a ascensão do fascismo, inclusive aqui neste Blog.
embora o atual processo político tenha um
conteúdo altamente pedagógico, a resistência face a este inevitável aprendizado
parece ser insuperável.
foi exatamente por esta postura que nos
tornamos cúmplices desta descida aos infernos. sem superar a tendência em negar
a realidade continuaremos ladeira abaixo, seja qual o for o resultado das
eleições.
Haddad não tem nem longinquamente o perfil de
liderança apta a enfrentar o acirramento da crise do Capitalismo no Brasil.
neste sentido, pode-se afirmar que tem na
verdade o perfil oposto. pior: pretende enfrentar a crise com medidas que vão
apenas aprofundá-la.
caso não seja eleito, a relevância de Haddad
desaparecerá, assim como o PSDB entrou em processo de extinção.
seja como for, por um bom tempo não se terá
mais qualquer espaço para centro político no Brasil. não haverá nenhuma
pacificação. ao contrário, a guerra civil de baixa intensidade tende a se
agravar.
há relatos de votos na Zona Oeste do Rio sob
coação das milícias para beneficiar Bolsonaro. tragicamente, o mesmo voto que
em eleições anteriores somou para Lula, Dilma Sérgio Cabral, Eduardo Paes e depois
Crivella.
o fascismo não pode ser derrotado com
eleições. muito menos ser pacificado. ou reconhecemos isto de antemão pelas
várias lições que a História já ensinou, ou vamos aprender pela experiência na
base da porrada.
"Os indígenas tzeltal de Chiapas têm uma teoria da pessoa em que
sentimentos, emoções, sonhos, saúde e temperamento de cada um são regidos pelas
aventuras e desventuras de todo um monte de espíritos que habitam ao mesmo
tempo nosso coração e o interior das montanhas, e que passeiam por aí.
Nós não somos belas completudes egóticas, Eus bem unificados, somos
compostos de fragmentos, estamos repletos de vidas menores.
A palavra "vida", em hebreu, é um plural, assim como a palavra
"rosto". Porque em uma vida há muitas vidas e porque em um rosto há
muitos rostos.
Os vínculos entre os seres não se estabelecem de entidade a entidade.
Todo vínculo se dá de fragmento a fragmento de ser, de fragmento de ser a
fragmento de mundo, de fragmento de mundo a fragmento de mundo.
Ele se estabelece aquém e além da escala individual.
Esta continuidade entre fragmentos é o que se sente como 'comunidade'"
"Agora, Motim e Destituição" - Comitê Invisível
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