06 outubro 2018

Brasil em Transe: 24 horas

06/10/2018


"Uma eleição engraçada disputada por duas maluquices:

- Um preso que controla seu preposto da cadeia, e outro "esfaqueado", que teve como melhor opção se manter longe da campanha!

Isso não tem nada a ver com anti-política, ou antissistema!

Isso é a nova conformação da noção de representatividade (ou da falta de) nesses tempos pós-modernos onde a principal tarefa da Política é negar a si mesma, como a Economia, que tem por missão principal ser tudo aquilo que nega a Economia.

Tempos de buraco negro!"


quem semeia despolitização, colhe Bolsonaro.

quem por duas vezes elegeu o poste Dilma e agora pretende eleger o poste Haddad, nada fica a dever aos eleitores de um "coiso".

para quem declara com orgulho "votar em quem Lula indicar", não se justifica tanto espanto e indignação com aqueles que julgam fazer opção própria ao votarem em Bolsonaro.

qual a diferença entre a bolha dos atuais apoiadores de Bolsonaro e a bolha do Lulismo?

ao serem confrontados com dados e fatos demolindo o mito dos festejados milagres dos programas sociais do Lulismo, qual a reação de seus apoiadores? exatamente a mesma dos atuais apoiadores de Bolsonaro: mentira, fake-news, agente infiltrado da CIA, esteja repreendido e não empreste tua boca para Satanás!

{
- o Lulismo faz o marketing da recuperação do Salário Mínimo, sem deixar claro que em 8 anos de FHC a recomposição foi de 6,52 pp, enquanto nos 13 anos de Lulismo apenas 5,69 pp;

- “[na década de 2000, os “anos dourados do Lulismo”] 95% das vagas abertas tinham remuneração mensal de até 1,5 Salário mínimo.  [...]  e com  rendimento acima de três salários mínimos mensais, houve redução no nível de enprego.”, em “Nova Classe Média?“, Márcio Pochmann;

- um pleno emprego que jamais existiu. nas pesquisas do IBGE o item relativo ao “sub-emprego” sempre permaneceu tão alto quanto o nível da taxa de juros real, por uma direta relação de consequência e causa, respectivamente;

- a “nova classe média” e os “milhões arrancados da miséria” foram muito mais uma manipulação estatística de um economista neoliberal vinculado a um think-tank conservador, do que melhora estrutural e sustentável das condições de vida da população pobre e carente;

- o índice de GINI caiu ao mais baixo índice em 2013, apenas para voltar ao patamar de 1960;

- o endividamento das famílias aumentou absurdamente, de 18% em 2005 para 45% em 2015;

- o Lulismo produziu um Brasil sem industrialização. em 2014 a participação da indústria no PIB já recuara para 10,9%. abaixo dos 11,9% em 1947. a importação de manufaturados atinge 81,7% em 2014, acima dos 80,8% de 1930;
}

agora chegou mais uma vez a hora da verdade, como já ocorrera antes com o Golpeachment. e qual a resposta? novamente aprofundar o transe, afundar de vez nos delírios.

não vivemos nenhuma batalha épica entre civilização e barbárie, representada pela disputa eleitoral Haddad x Bolsonaro.

os dois candidatos não tem diferenças de projeto, nada além de dois modelos de gestão de um mesmo projeto neo-liberal. Haddad com o social-liberalismo, Bolsonaro com o ultra-liberalismo.

não apenas a barbárie Bolsonaro é a expressão autêntica da barbárie promovida pela classe dominante no Brasil, como, o mais importante, aquilo que apelidamos de "civilização" nunca passou do triunfo da barbárie.

Bolsonaro não é o candidato da barbárie. Bolsonaro é a cara enfim exposta do projeto de "civilização" da classe dominante.

não há como combater Bolsonaro sem combater o grande empresariado. não há como combater a ascensão do fascismo sem combater o Capitalismo.

e não há como combater o Capitalismo sem um outro modo de viver.

{
- o Capital Financeiro é o Capital em seu estágio superior. dinheiro gera dinheiro sem passar pelo estágio de sua concretização como mercadoria ou serviço. uma mágica executada pelo Imposto. sendo o confisco o estágio terminal do sistema tributário: a violenta expropriação da renda, do patrimônio e dos direitos coletivos;

- o ciclo do Capitalismo se inicia com o confisco, na acumulação primitiva, e atinge seu estado mais avançado também retornando a ele, numa forma de acumulação sintomática de sua senilidade;
}

o ultra-liberalismo de Bolsonaro é concretização no Brasil da necropolítica de uma lumpenburguesia global. é a "solução final" para erradicar a todos os goys! é uma sociedade de castas, na qual alguns são os "eleitos" enquanto os demais se tornaram obsoletos e descartáveis!

neste sentido, Bolsonaro não é o atraso, mas sim o progresso. não é uma volta ao passado, mas a Ponte para o Futuro. não é o arcaico, mas o pós-moderno.

é o espectro da dominação total, de uma Nova Ordem Mundial que através da estratégia da Guerra sem Fim já não pode mais dissimular sua palavra de ordem: viva la muerte!

nenhuma pax nos salvará. ou lutamos ou não sobreviveremos. ou se devora ou se é devorado. só a Antropofagia nos une.

gracias à la vida! muera la muerte!

"A tradição dos oprimidos nos ensina que o “estado de exceção” em que vivemos é na verdade a regra geral. Precisamos construir um conceito de história que corresponda a essa verdade.

Nesse momento, perceberemos que nossa tarefa é originar um verdadeiro estado de exceção; com isso, nossa posição ficará mais forte na luta contra o fascismo.

Este se beneficia da circunstância de que seus adversários o enfrentam em nome do progresso, considerado como uma norma histórica.

O assombro com o fato de que os episódios que vivemos no séculos XX “ainda” sejam possíveis, não é um assombro filosófico.

Ele não gera nenhum conhecimento, a não ser o conhecimento de que a concepção de história da qual emana semelhante assombro é insustentável."

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