04/10/2018
- Bolsonaro está vencendo politicamente a
eleição porque encarnou, pela Direita, o candidato anti-sistema e assim domina
sozinho a pauta do debate;
- pela Esquerda, há apenas um perigoso vácuo,
sem nenhuma candidatura anti-sistema. Haddad não quer sê-lo, para não
comprometer sua disponibilidade para o "pacto civilizatório" com a
classe dominante. Boulos afunda na insignificância estatística, após se rebaixar
como linha auxiliar do Lulismo;
- a demanda política do eleitorado por um
candidato anti-sistema é resultado do cruzamento da crise de
representação com a crise econômica;
- Bolsonaro é a resposta vindo das profundezas
de um tecido social marcado a ferro e fogo, literalmente, pelas relações
escravagistas e coloniais ainda hoje dominantes no Brasil. está agora cristalizada
politicamente a nossa antiga e conhecida barbárie, para poder caminhar soberba
pelas ruas e pelas redes;
- para derrotar este "movimento", como o prefere chamar Toffoli, só há uma arma:
a politização do debate político. mas não pode estar restrita à campanha. tanto
o resgate do "VOTE CONSCIENTE!", desde vez abandonado pelo "Vote
em quem Lula indicar", como sua necessária ampliação em "VIVA
CONSCIENTE!";
{militar é viver. não existe militância
política separada da vida. é em nossa própria forma de viver que fazemos
política. e só é possível fazer política em comunidade.}
- circunstancialmente rachada, a classe
dominante vaga grotescamente em busca de algum candidato para chamar de seu.
sua derradeira e patética quimera foi o parto de último momento da "AlCiriNa". uma criatura monstruosa com 3 faces (Ciro, Alckmin e Marina) mas sempre
a mesma cabeça: o grande empresariado e os mega interesses globais;
- assim como foi Collor em 1989, Bolsonaro é a
última cartada eleitoral atual para a classe dominante. contudo, do mesmo modo
que antes foram o PSDB e o PT, Bolsonaro é um gestor não totalmente confiável
porque não tem o devido pedigree. e nisto a classe dominante sempre foi muito
criteriosa;
{a classe dominante no Brasil além de colonial e escravocrata, é também
anti-Republicana e Monarquista. os "coisos" se julgam nobres, a casta
mais alta, uma raça superior. seus protótipos de candidatos são: Meirelles,
Amoedo, Dória, Luciano Huck...}
- Bolsonaro é despreparado demais, inflexível
demais e com acesso demais ao poder militar. seu governo trará mais
imprevisibilidade do que as agências de risco julgam ser razoável. se vencer,
será descartado oportunamente pela classe dominante assim como foi Collor, em
prol de um sucessor mais adequado, como foi FHC - ou de um sucessor
"puro-sangue";
- a classe dominante jamais será capaz de
solucionar a crise. pois ela é a crise;
{a crise da
Democracia brasileira é a crise da Esquerda brasileira: uma
crise de identidade. é a crise de nossas
velhas e moribundas lideranças. principalmente, a crise de um modelo de
liderança.}
- esta é a crise mais perigosa e mais
destrutiva na sucessão de crises periódicas do Capitalismo. esta crise não é
nossa. mas só nós podemos apresentar e construir uma alternativa para ela. esta
perspectiva só pode se viabilizar num horizonte pós-capitalista.
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