05 outubro 2018

Brasil em Transe: 48 horas

05/10/2018


- fracassou a terceira via: a "AlCiriNa". esta criatura monstruosa com 3 faces (Alckmin, Ciro e Marina) mas sempre com a mesma cabeça no comando: o grande empresariado no Brasil e os mega interesses globais;

- teremos o segundo turno ideal planejado pela mórbida estratégia do Lulismo: civilização versus barbárie? mas quando escovada a contrapelo a História já nos ensinou: nunca houve um monumento da cultura que não fosse também um monumento da barbárie. apelidamos de "civilização" aquilo que tem sido apenas o triunfo da barbárie;

- nas Eleições de 2014 o Lulismo também teve o seu segundo turno ideal. até hoje padecemos suas consequências. então, mais uma vez foi a binária polarização anti-Lulismo x Lulismo a estratégia para a vitória eleitoral. como perverso efeito colateral, o anti-Petismo serviu de chocadeira para o ovo da serpente do proto-fascismo;

- o grande Capital começa a convergir para o apoio a Bolsonaro, seguindo seus setores assumidamente lumpen. como os endividados milionários sonegadores e os CEO dos empreendimentos da teologia da prosperidade. seja na fogueira santa da fé ou nas lojas de departamentos dublê de financeiras, no grande comércio varejista reciclam-se as mega jogadas do atacado;

- a classe dominante no Brasil passa não apenas por um reposicionamento político, o qual inclui um retumbante NÃO ao social-liberalismo e ao presidencialismo de coalizão, como também por sua recomposição interna, esta iniciada com a demolição das empreiteiras pela Lava Jato & Associados e a condução da JBS ao abatedouro;

- sujeitas a todo tipo de manipulações flagrantes e grosseiras, as Eleições de 2018 expõe de forma pedagógica os estreitos limite da via eleitoral/institucional como opção de transformação social;

- ao papel tradicional da grande mídia superpõe-se um flood contínuo de fake-news, as bolhas da pós-verdade, o reestabelecimento da censura-prévia, as pesquisas eleitorais como psi-op, a intervenção direta do Judiciário e das FFAA para influenciar o resultado eleitoral. e se tudo isto ainda for pouco: o golpe militar sempre está na ordem do dia;

- longe de ser o acesso a uma redenção emancipatória, a hiper-conectividade das redes sociais é a mais visível característica on-line da migração de uma governamentalidade sob o modelo da economia política para um paradigma cibernético;

{ assim como a economia política reinou sobre os homens deixando-os livres para cuidarem de seus interesses, e a cada negócio que faziam se tornavam menos livres, a cibernética estimula a comunicação: quanto maior for nossa conectividade mais deixamos de interagir uns com os outros.}

- sim:"Eleição sem Lula é fraude!", mas é preciso ir além: "Eleição é farsa!";

- a forma de governo assim denominada Democracia Liberal Representativa foi concebida para ser um instrumento de controle da população. para se evitar que as amplas camadas oprimidas viessem a ter autêntico protagonismo, mas se conservando uma aparência de participação. por isto, a medida da participação de fato aumentar, acirrando a contradição intrínseca ao modelo, o fino véu da farsa democrática é rasgado para se exibir a face grotesca do Estado de Exceção;

- o Lulismo opera com uma polarização binária para reduzir a luta de classe a antagonismos primários. "nós" e "eles". Lula x FHC. PT x PSDB. Lulismo x anti-Lulismo. golpismo x conciliação. civilização x barbárie. é preciso um brutal esforço para cortar e recortar a complexidade social, até reduzi-la a uma diminuta dimensão capaz de ser encaixada na moldura de uma conveniente análise simplificadora;

- muito além deste reducionismo, agora está escancaradamente exposta a autêntica polarização: aquela entre irreconciliáveis modos de viver. uma Guerra de Mundos. sem nenhuma síntese possível, apenas uma coexistência mais ou menos pacífica. uma trégua continuamente provisória, viabilizada pela certeza do mútuo aniquilamento, no caso de ser rompida.
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