as Eleições de 2018 marcam o
esgotamento de um modelo de representação política, com amplas parcelas do
eleitorado votando no #EleNão.
seja contra Bolsonaro ou pelo anti-Petismo, medo e ódio definem o voto a
partir de seu oposto.
a crise de representação atinge
seu clímax num Brasil em busca de perspectivas e opções, mas só encontrando a
negação deste desejo e nunca sua afirmação.
nenhum projeto político se sustenta tendo como alicerce o #EleNão.
quando todo um arco de alianças se abraça em torno da palavra de ordem "Ditadura nunca mais!", é mais
do que necessário ter a coragem de indagar: mas qual Democracia queremos ter?
o pacto democrático de 1988, da "Constituição Cidadã"? cujo
"republicanismo" permitiu o entulho autoritário ser depositado no
porão, preservando-o intacto para emergir na primeira oportunidade...
não se combate o fascismo senão como "a face mais sincera e mais eficaz do
capitalismo!". para isto devemos ser a face mais sincera e mais
eficaz do anti-capitalismo.
a boca do jacaré das ondas de intenção de votos se fechou. Haddad e
Bolsonaro convergem para um empate técnico. com a vantagem do viés de alta para
o candidato do PT.
a contra-ofensiva do exército de robôs
bolsonarianos, via WhatsApp, perdeu o ímpeto da blitzkrieg
deflagrada no 1o. turno.
a linha do apoio neopentecostal já não tem a
mesma solidez e foi rompida em diversos pontos.
nenhuma esfakeada na barriga seria
capaz de manter a boca de Bolsonaro fechada. a cada vez que ela se escancara, BolsoNazi
se desmascara. entre o ame-o ou deixe-o, as defecções sobem e cai a
intenção de voto.
muitos dos bots propagadores de fake-news
entraram em loop num curto-circuito existencial: pessoas reduzidas a
máquinas ou máquinas transformadas em pessoas?
as Eleições de 2018 foram
configuradas para serem um diabólico Teste
de Turing, frente ao qual todos falham miseravelmente. nem humanos, tampouco
replicantes. já não somos senão ciborgues.
seja qual for o resultado das urnas, há esperanças para um day-after?
é possível ser feliz de novo? algum falso Messias nos conduzirá pelo deserto do real até a Terra Prometida
sem corrupção e insegurança?
ou os mais urgentes de nossos problemas são pouca renda e muita
inadimplência?
mal oculto na extrema polarização da reta final da campanha, nos espreita
um estelionato eleitoral por antecipação.
nem Haddad, e muito menos Bolsonaro, demonstraram serem capazes de
atender minimamente o imenso desafio colocado pela intercessão da crise econômica com a crise de representação.
seja como social-liberalismo ou ultra-liberalismo, não será mais do mesmo
que fará diferença neste precipício no qual prosseguimos caindo.
Haddad eleito será nada mais do que uma leve e
momentânea desaceleração na queda neste abismo, cujo fundo parece não ter fim.
e se o abismo for a solução? nem mesmo esta última ilusão já podemos
ter...
é na heróica luta de um povo sem
medo, ocupando as ruas em múltiplas batalhas pela reversão de votos, que
mais uma vez se encontra a autêntica opção e perspectiva de um projeto político
emancipador.
é a luta que gera a consciência. é na luta que
novas formas de organização são geradas.
é a luta quem constitui novas coletividades não existentes até então.
se há algum day-after, ele
estará na continuidade desta luta pelo voto numa luta permanente, transformada
em modo de viver.
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