01/04/2018
"Se alguém vem a mim e não odeia seu pai, sua mãe, sua mulher, seus
filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu
discípulo."
Lucas, 14:26
Lucas, 14:26
um processo cognitivo
dissonante é um dos graves distúrbios manifestados atualmente neste Brasil em
Transe.
até mesmo pessoas com alto grau de percepção e de capacidade de análise
entram em estado de negação política, ao se defrontarem com inevitáveis
conclusões que se chocam contra suas crenças e valores longamente estabelecidos.
assim, a crise da Democracia brasileira vem a ser a
crise da Esquerda brasileira: uma crise de identidade.
sem uma rigorosa e implacável análise crítica dos dados e dos fatos, e
sem se defrontar com as conclusões e consequências desta análise, é impossível
construir auto-conhecimento. sem auto-conhecimento nenhuma auto-transformação
se concretiza.
é pela recusa em se lançar neste processo de ressurreição, que a
Esquerda brasileira jaz morta, sem qualquer vitalidade para derrotar o Golpe
de 2016.
você pode ter certeza de já estar derrotado quando a única coisa que
faz é mover-se unicamente dentro de uma pauta alheia, elaborar hipóteses além
de sua capacidade de testá-las, focar em variáveis fora de seu controle,
conjecturar a respeito dos próximos passos do inimigo.
é impossível a menor possibilidade de vitória quando se joga com as
cartas do inimigo, no tabuleiro do inimigo e de acordo com as regras impostas
pelo inimigo.
a derrota já está garantida de antemão quando se abandonou qualquer
intenção de protagonismo, reduzindo uma estratégia dinâmica a uma questão
pontual: as Eleições de 2018, das quais a realização nunca passou de
mera suposição.
uma derrota se consuma no momento em que se abdica da potência
criadora, de se estabelecer uma agenda capaz de surpreender o inimigo, formular
uma estratégia que não seja apenas reativa, de atrair o inimigo para um campo
de batalha onde as condições de luta sejam favoráveis para si mesmo.
jamais haverá reconstrução da Democracia no
Brasil sem ter como alicerces:
- a nulidade do impeachment;
- a revogação de todos os atos e contratos do
governo golpista;
- a punição de todos os responsáveis pelo
golpe.
para começar a assentar esta base é preciso
partir de três pontos:
- não se derrota um golpe de estado pela via
eleitoral e parlamentar, ao contrário este é o caminho para legitimá-lo;
- o campo majoritário da Esquerda, orbitando
em torno do Lulismo, jamais se empenhou na luta contra o Golpe de
2016, sem nunca ter deixado de mirar nas Eleições de 2018;
- um golpe só pode ser derrotado por um contragolpe, por um amplo e
capilarizado movimento de massas.
todo processo cognitivo precisa ser
associativo, e não dissonante. toda crise de identidade deve ser
transformadora, e não suicida.
toda ressurreição começa com a morte.
"Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz,
mas a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a
mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua
própria casa. Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a mim, não é digno de mim.
Quem ama seu filho mais que a mim, não é digno de mim. Quem não toma a sua cruz
e não me segue, não é digno de mim. Aquele que tentar salvar a sua vida,
perdê-la-á. Aquele que a perder, por minha causa, reencontrá-la-á."
Mateus, 10:34,39
Mateus, 10:34,39
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