20/04/2018
o homem velho espera. sentado e apoiado em sua
bengala. com sua barba branca, com seus cabelos brancos, ele espera.
pacientemente. espera por algo que não vai acontecer. ele sabe disto. ainda
assim, ele espera. pacientemente. solitariamente.
enquanto o homem velho espera, o Brasil se fragmenta. como um cadáver
abandonado em meio a caminho algum, o tecido social apodrece.
o homem velho sabe disto. mas ele espera. solitariamente.
pacientemente.
espera pela redenção reunificadora de uma
unidade que jamais existiu. espera pela ressurreição do que jamais esteve vivo.
espera por um futuro que já desabou. espera
num presente interditado pelo desmascaramento da cumplicidade entre o medo e a
esperança.
toda e qualquer expectativa se tornou fútil, e
mesmo desnecessária, pois já surge como quebra e reversão de si mesma.
mas ele espera. não vai acontecer. ele sabe
disto. ainda assim, espera. pacientemente. solitariamente.
espera, espera e espera.
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