"O
senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui."
déjà-vu.
após seis meses de
sua retirada estratégica do governo Bolsonaro, o General Santos Cruz avalia como confirmados
TODOS os sinais de alertas
por ele emitidos enquanto ocupava a Secretaria de Governo.
nas Eleições de 2018, os Generais
entraram em êxtase com o mito Bolsonaro, pois lhes daria algo que nunca
tiveram: o salvo-conduto necessário para chegarem ao poder pelo voto das
urnas, e não com as tropas e os tanques nas ruas.
ainda nos primeiros dias de governo do Capitão-Presidente, foi do próprio Villas Boas o agradecimento
entusiasmado: "O senhor traz a necessária renovação e a liberação das
amarras ideológicas que sequestraram o livre pensar, embotaram o discernimento
e induziram a um pensamento único e nefasto."
02/01/2019: capitaneados triunfalmente de volta ao governo
montados num cavalo chucro, e já com o restante da cavalaria devidamente
empossada no Planalto, cabe agora aos Generais considerarem: em se tratando de
montaria, sempre resta saber quem de fato monta em quem...
em 1985, o último Ditador-General saiu
pela porta dos fundos do Palácio do Planalto, recusando-se a passar a faixa
para o sucessor, mas Figueiredo jamais escondera que ao cheiro do povo,
preferia o das cavalgaduras.
agora o cavalo corcoveia, se empina e escoiceia. afinal, por que um mau militar, um indisciplinado
tenente, poderia ser docilmente adestrado como Capitão-Presidente?
em 1987, Bolsonaro e outros militares
planejaram explodir bombas em quartéis do Exército, na Vila Militar, na Academia de Agulhas
Negras e na adutora do Guandu, que abastece de água a cidade do Rio. batizado
de "Beco sem
Saída", o plano não
chegou a ser concretizado.
com mais de uma centena de militares ocupando cargos federais, num aparelhamento aprofundado ao 3º escalão, e a medida em que se avolumam as evidências de ligação do clã
BolsoNazi com as milícias, um espectro sinistro ronda as FFAA: o brutal
e inesperado retorno do reprimido, do qual o Bolsonaro é apenas um dos
sintomas.
se após 35 anos os Generais ainda se
recusam a fazer seu acerto de contas com a História, agora é a História ela
mesma quem vem para fazer seu acerto de contas com eles.
a constante apologia do Capitão-Presidente
à tortura, aos grupos de extermínio e às milícias é uma óbvia consequência das
FFAA manterem até hoje ocultos nas trevas os crimes perpetrados nos Porões
da Ditadura.
mais e mais golpeados pelo karma
instantâneo, os Generais pouco a pouco vão
se encontrando perdidos em seu labirinto. negando-se a compreender a insidiosa armadilha
por eles próprios construída ao seu redor. a morada de uma monstruosa criatura
novamente por eles liberada. o monstro criado por Golbery está de volta.
ao que nosotros imediatamente não podemos deixar de remeter
a Ditadura Empresarial-Militar (1964/1989), quando então era dito, e sempre
redito, dentro e fora dos quartéis, vindo tanto do mais fundo dos porões,
quanto dos elegantes escritórios do grande empresariado, e como mesmo dos
austeros gabinetes presidenciais: "Aos amigos,
tudo. Aos indiferentes, a Lei. Aos inimigos, a tortura."
num diagnóstico correto, os
Generais vêem um
Brasil à deriva e sem projeto para o futuro. ao que nosotros mais uma vez retrucaríamos: e qual Brasil projetam os Generais?
“Estivemos
juntos em três Guerras Mundiais e é essa parceria que estamos dando
continuidade”.
os Generais acalentam o sonho impossível
de pertencer à OTAN, para assim ficarem "protegidos" e
terem as FFAA "modernizadas". nenhum escrúpulo é suficiente em seu
alinhamento incondicional aos EUA, o qual ainda concebem como suprema potência
hegemônica e não Imperium decadente
em decomposição.
manterem-se perenemente como Capitães do
Mato encarregados locais da implementação da Doutrina Monroe no quintal brasileiro?
permanecerem mais uma vez impenitentes como o
braço armado do grande capital? a Garantia da Lei, da Ordem e do Progresso
para uma lumpenburguesia historicamente especializada na pilhagem de nossos recursos humanos e
naturais?
enquanto Bolsonaro bate continência à ordem de um Imperium em disrupção, a macro-economia global jaz em profunda
disfuncionalidade, com a mãe de todas as
bolhas dando sinais de estar prestes a outra vez catastroficamente estourar.
ironicamente, se foi por causa de uma crise global que os Generais anteriormente começaram a
perder a solidez de seu chão, é no bojo
de uma outra crise iminente que marcham de novo ao comando do poder político.
muito mais do que pelo voto anti-PT, Bolsonaro
foi eleito por uma profunda e generalizada rejeição "contra tudo que
está aí". um voto eminentemente anti-sistema.
e o que o sistema tem a
oferecer? senão ainda mais endividamento e ainda menos renda, justo para quem
demanda medidas urgentes para superar pouca renda e muita dívida...
os Generais
supunham ter chegado novamente o seu momento. e chegou. o
momento de sua mais temida encruzilhada, que não será superada pelos super-generais com tuites e socos na mesa.
com sua doutrina militar ainda congelada na
Guerra Fria, os Generais se vêem face a face
com um impasse:
- ou se limitam a um desmoralizante papel de tropa de ocupação em seu
próprio pais;
- ou encaram o impensável: o ressurgimento de um autêntico nacionalismo
nas FFAA brasileiras, com suas inevitáveis consequências em relação à
geopolítica mundial.
para os Generais já não há nenhuma
outra escolha a ser feita: ou uma Ditadura aberta
ou o alinhamento com a Nação e o Povo.
déjà-vu.
"Desde o
primeiro dia colocou os militares no centro de suas prioridades. Logo ao início
de seu mandato realizou uma reunião com todos os generais, coronéis e sargentos
do Exército.
Porque, na
realidade, "Ditadura Nunca Mais" é uma bela palavra de ordem, mas a
única garantia de que isso realmente ocorra é que a cabeça dos oficiais reflita
a realidade política do país, mais ou menos.
Quando a divisão
política da sociedade não entra na cabeça dos oficiais, eles ficam na mão de
lojas, de grupos.
Lamentavelmente,
dei de cara com uma esquerda pacata que tem medo de fazer política com os
milicos. Eu tenho medo do fato de não haver milicos no meu partido político."
"Uma Ovelha Negra no Poder. Confissões e
Intimidades de Pepe Mujica",
Andrés Danza e
Ernesto Tulbovitz
"Desde o
primeiro dia colocou o Movimento Popular no centro de suas prioridades. Logo ao
início do governo realizou uma reunião com todas as organizações de base dos
trabalhadores.
Porque, na
realidade, "Brasil Acima de Tudo" é uma bela palavra de ordem, mas a
única garantia de que isso realmente ocorra é que a cabeça dos grandes
empresários reflita a realidade política do país, mais ou menos.
Quando um projeto
de Nação não entra na cabeça dos grandes empresários, a sociedade fica na mão
de lojas, de grupos.
Lamentavelmente, deu
de cara com milicos soberbos e empresários anti-nacionalistas que tem ojeriza
de fazer política com o Povo. Ele tinha ojeriza do fato de não haver Movimento
Popular em seu projeto político."
"Um Lobo Verde-Oliva na Contra-Hegemonia.
Confissões e Intimidades de um General", autor ainda desconhecido
.
anteriormente em Hy-Brazil:
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário