esta
crise se tornou maior do que tudo e do que todos. é a crise de todos nós.
não
é apenas uma crise política, agravamento de uma crise financeira e econômica,
tornando-se uma crise institucional.
numa
camada mais profunda, há uma inédita e incontornável crise climática
desencadeando uma crise da civilização.
este
modelo, em sua totalidade, está em colapso. dele nada se espere, somente a
certeza de que não sobreviveremos.
- gerado pelo cruzamento da crise
econômica com a crise de representação, e apesar de eleito como candidato anti-sistema, Bolsonaro já não tem
como mascarar com fake news a verdade
de ser nada menos do que ainda muito mais do mesmo: mais inadimplência, menos
renda, mais desemprego, menos trabalho formal;
- como resultado inevitável do aprofundamento
do austericídio, via contra-reformas e privatizações, se agrava exponencialmente
tanto a crise econômica quanto a crise de representação;
- nem mesmo em relação a segurança e
corrupção o governo Bolsonaro é capaz de atender as justas e urgentes demandas
da população brasileira;
- a violência gerada pela violência de um estado de exceção econômica não
pode ser superada prioritariamente pela via penal e policial;
- do mesmo modo, "a corrupção nossa de cada dia" não passa do
efeito epidérmico de um modelo de negócio altamente oligopolizador, no qual as
vantagens comparativas não passam de uma concorrência pela inovação e
eficiência quanto ao mérito de se estabelecer como o melhor corruptor;
- para a Ex-querda 2018 ficou para
sempre como um ano longe demais, nada lhe restou ao se dissiparem suas últimas
quimeras eleitorais, a não ser, é claro, amaldiçoar o "pobre de
Direita": esta ingrata, e imaginária, criatura que teria imperdoavelmente
rejeitado Haddad, o poste sem alça ungido pelo Lulismo para ser sob
medida o "bom moço" palatável ao setor dominante;
- as Eleições
de 2018 marcaram o esgotamento de um modelo de representação
política, com amplas parcelas do eleitorado votando no #EleNão: a votação de Bolsonaro foi de 39,2% do total de eleitores,
enquanto o não-voto (nulos,
brancos e abstenções) atingiu 28,8% e Haddad 31,9%;
- viciadas e sob estreita tutela
jurídico-militar, a função primordial das Eleições
de 2018 foi legitimar o Golpe de 2016 e conduzir
à Presidência um candidato comprometido em aplicar as “medidas
impopulares”, anteriormente rejeitadas por 4 vezes nas urnas;
- mais de um ano após sua posse, Bolsonaro prossegue
sem nenhuma proposta para sequer mitigar a crise econômica, colocando dinheiro
no bolso do povo e repactuando a inadimplência;
- mais de um ano
depois de sua derrota, a Ex-querda jaz deitada em seu
caixão, rodeado de velas roxas e coroas
de flores apodrecidas, mas negando-se a baixar ao túmulo ainda na esperança de
algum messias para ressuscitá-la;
- como nunca desnudado está agora que Haddad nunca quis de fato ganhar as Eleições
de 2018,
assim
como Lula capitulou voluntariamente na última semana do 2o. turno em 1989;
assim
como o Lulismo jamais pretendeu resistir ao Golpe de 2016;
assim como nunca se empenhou em lutar pela nulidade do Golpeachment;
assim
como Lula negou-se a oferecer qualquer tipo de resistência à sua prisão;
- assim como uma oposição docilmente
circunscrita aos limites do consentido, tornou Haddad tão relevante para o cenário atual
quanto Dilma o foi após o impeachment: nulidades irrelevantes.
- coerente com o
lento, gradual e seguro fechamento do regime, o Gal. Heleno dá um foda-se para o Congresso
e Bolsonaro convoca seu povo às ruas, cabendo mais uma vez a Ex-querda seu patético
papel defensor de uma ordem institucional em profunda e irrecuperável desordem,
enquanto de novo aponta para a miragem do calendário eleitoral.
determinando a conjuntura, uma questão de
fundo insolúvel: a crise sistêmica do Capitalismo.
"A marca registrada de uma crise sistêmica,
distinta de uma crise cíclica ou esporádica do capitalismo, é que todo esforço
para resolver a crise dentro dos limites vastos do sistema, definido em termos
da sua configuração de classe predominante, apenas agrava a crise. É neste
sentido que o capitalismo neoliberal entrou agora numa crise sistêmica. Esta
não pode ser resolvida por meros remendos; e as tentativas de ir além de meros
remendos só agravará a crise."
quando o Carnaval passar, os abutres prosseguirão
na folia voraz de seu pic-nic.
os abutres implementam suas contra-reformas
regressivas, nós somos as multidões dormindo nas calçadas.
os abutres saqueiam o patrimônio público, nós
financiamos as privatizações com os fundos de pensão.
os abutres ganham a autonomia do Banco
Central, nós perdemos a soberania nacional.
os abutres aprovam a reforma tributária, nós bancamos as isenções e
desonerações fiscais.
para os abutres é sempre Carnaval, para nós é uma perene Quarta-Feira de
Cinzas.
enquanto escrevia, o aplicativo continua recebendo mensagens, seguindo
num monólogo estéril com o Big Data,
esta interface muda incapaz de interlocução.
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