17 fevereiro 2020

Hy-Brazil




não adianta procurar por motivos, depois dos barcos queimarem, das bolhas estourarem e, como sempre, mais uma vez perderem-se as cabeças...

de nada então serviram os repetidos sinais de alerta. havia uma ilha a ser descoberta, mas passou-se ao largo...

como era mesmo no nome daquela ilha? Hy-Brazil...

lugar encantado, visão do paraíso. magicamente surgindo de repente, apenas para logo desaparecer nas brumas, em águas ainda desconhecidas de um vasto oceano.

tudo e todos merecem uma segunda chance. mas só se vive uma vez. para a vida, a primeira é também sempre a última chance.

“Consta o New York Herald Tribune ter publicado em 15 de Março de 1958 um estudo do seu correspondente em Londres sobre uma série de mensagens enigmáticas publicadas nos pequenos anúncios do Times.
Essas mensagens tinham chamado a atenção dos especialistas da criptografia e das diversas polícias, pois era óbvio terem um segundo sentido. Mas foi impossível decifrá-las.
A teoria geral da informação e a semântica mostram bastante bem que é possível redigir textos com duplo, triplo ou quádruplo sentido. Existem textos chineses com sete significações encerradas umas nas outras.”

06/02/2020: estejamos certos: nossas vidas são como espirais. a cada vez que algo fica por resolver, o ciclo da espiral nos faz retornar ao mesmo lugar. e assim também ocorre com nossas vidas coletivas, na sociedade e na política.

28/10/2017: uma espiral cuja fase inicial é de agregação, em seu movimento se expande para acumular forças até desembocar numa depuração, a partir da qual pode haver um salto qualitativo para um patamar superior. ou o processo entra em refluxo e decai.

chegou a hora de renascer? mas qual a primeira condição para isto? deixar morrer o que morto já está?

o fim... e o começo? ou o começo... e o fim?

"Se o homem se encontra consigo mesmo no mais profundo do mais baixo, do pior e, encontrando face a face com o Dragão que existe no fundo dele mesmo, é capaz de abraçar esse Dragão, de unir-se a ele, então surge o divino e é a ressurreição !" 

mas cobra que não come cobra, não se torna dragão. dragão que não queima dragão, não ressurge como fênix.

seremos aniquilados pelo fogo destruidor do dragão? ou das cinzas renasceremos como fênix flamejante? como enfrentamos nossos desafios de crescimento?

18/05/2016: a realidade se liquefaz e a sociedade experimenta a História enquanto acontecimento do agora. com o público e o privado entrelaçados no cotidiano e a História se construindo à vista de todos, a intensidade do momento leva os indivíduos a delirarem o campo social. os surtos se tornam endêmicos.


quem você pensa que é? acha mesmo que está no controle? abençoadas sejam nossas almas. talvez eu seja louco. talvez você seja louco. talvez sejamos todos loucos. provavelmente. e meu único conselho é: pense duas vezes.

não faça assim. não faça nada por mim. não vá pensando que eu sou seu.

todo este tempo agnus sei que sou também. mas ovelha negra me desgarrei. o meu pastor não sabe que eu sei da faca oculta em sua mão. responderei: não!

fazer de um homem um Cavaleiro, o faz lutar melhor? pelo que lutamos? lutamos pelas pessoas.

mesmo com o espelho quebrado e a confiança partida, ainda se pode ver no reflexo aquela fdp rachadura.

nada mais a dizer. nada mais o que fazer. tôu fora. me esquece. ainda assim: missão cumprida.

um palimpsesto consiste de várias reescritas superpostas ao texto inicial, formando uma densa textura de camadas entrecruzadas.

um texto sempre é um tecido de citações. palavras só podem explicar-se através de outras palavras.

a única criatividade de um texto é seu poder de misturar outros textos,  de contrariá-los uns aos outros, sem nunca se apoiar em qualquer deles, para fazer com que estes outros textos entrem em diálogo.

a linguagem, longe de servir para descrever o mundo, ajuda-nos sobretudo a construir um. não há movimento revolucionário sem uma linguagem capaz de exprimir, simultaneamente, a condição que nos é apresentada e nossa ação para superá-la.

a linguagem está no âmago da questão política.

este é o thriller semiótico-linguístico no qual vivemos e ao mesmo tempo somos os autores. a mais dramática meta-história jamais escrita na História do Brasil.

qual a linguagem da luta contra o Golpe de 2016? qual a linguagem da Revolução? qual a linguagem para nos tornarmos quem poderemos vir a ser?

aqui e agora, os sa­pos, os insetos incessantes e as maritacas estão sempre presentes.
e num semitom abaixo: atenção!

e  Hy-Brazil mais uma vez dissipa-se em meio às névoas. sempre tão perto e mais do que nunca inalcançável.

abraços a todos.
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anteriormente em Hy-Brazil:


era uma vez em Hy-Brazil:

- uma contra-revolução permanente.
- América Latina e a Revolução negada.
- o colapso como sistema.
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