30 novembro 2018

Brasil em Transe: SitRep BolsoNazi - 01

30/11/2018

- renda, emprego, inadimplência, insegurança e corrupção são as principais, urgentes e justas demandas da população brasileira;

- frente a estas demandas Bolsonaro nada tem até o momento a oferecer, apenas diversionismo e cortinas de fumaça (transferência da Embaixada brasileira para Jerusalém, "Escola sem Partido"), além de medidas fadadas as agravar ainda mais (Contra-Reforma da Previdência, privatizações, fim do programa "Mais Médicos");

- como o poder não muda as pessoas, apenas revela quem elas realmente são, Bolsonaro ainda nem iniciou seu governo e o slogan de campanha "Brasil acima de tudo" já se revelou como um boné de apoio a "Trump 2020" e continências para sub-autoridades norte-americanas;

- sendo um homem sem qualidades, cuja excelência se restringe a expor a banalidade do mal, Bolsonaro acredita piamente não apenas em tudo que diz e que prega, mas principalmente em tudo que lhe dizem e que lhe pregam: idéias e valores de uma classe dominante cujo projeto para o Brasil nunca deixou de ser neo-colonial e semi-escravagista;

- o exercício do poder lhe trará inexoráveis revelações, a mais trágica de todas a respeito de seu próprio desmascaramento: tateando na cegueira de um labirinto, apanhado num jogo de poder muito além de sua limitada compreensão, sujeito à traição de pessoas próximas e sob ameaça permanente de morte;

- dentro do Palácio o Capitão-Presidente estará cercado pelos quatro lados: os Generais da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para o Grande Capital, o Imperador da Economia Rentista (Paulo Guedes), o Xerife da Colônia Exportadora de Commodities (Sérgio Moro), além de, é claro, por seu próprio clã (os Três Primeiros-Filhos);

- no front interno forças terríveis assolam seu corpo, fustigam sua saúde e debilitam seu estado geral. após a colostomia, o apologista da força bruta e defensor da solução final para seus opositores se apresenta instantaneamente envelhecido e visivelmente fragilizado;

- com aliados como os CEO da Teologia da Prosperidade, Bolsonaro não precisará de inimigos. úteis para ganhar as eleições, pelo poder de fogo na captação dos votos dos fiéis, serão base de incessante instabilidade, e não de apoio sólido, devido a seu projeto próprio de poder e  suas intrincadas ramificações com o mercado negro da economia subterrânea;

- como indicador de ministros e conselheiro político, Olavo de Carvalho é um péssimo astrólogo. rapidamente os Três Primeiros Filhos aprenderão que o deserto do real se expande muito além do play-ground dos condomínios fechados, das bolhas do FaceBook e dos grupos privados do WhatsApp;

- para ter algum resultado na Guerra à Corrupção, Sérgio Moro precisará invadir o coração das trevas do sistema financeiro. limite jamais ultrapassado em 5 anos de Lava Jato & Associados, uma investigação concebida para ser arbitrária, seletiva, partidária e, portanto, venal e corrupta;

- mesmo se tentar, não há qualquer chance de Paulo Guedes viabilizar uma economia rentista com desenvolvimento e inclusão social. ao contrário de 1964, Brother Sam já não dispõe nem de vontade, tampouco dos recursos, para bancar a conta de alavancar o crescimento econômico em alguma colônia com mais de 200 milhões de habitantes;

- excitados com seu retorno ao centro do tabuleiro do wargame no Brasil, mas sempre nada cônscios de sua real competência (mesmo após o atoleiro do Haiti e o lodaçal da ocupação das favelas cariocas), aos Generais caberá sucessivas sessões de choque e pavor;

- paralisados no tempo e no espaço, com sua doutrina militar ainda congelada na Guerra Fria, os Generais da GLO para o Grande Capital se verão face a face com um inesperado impasse. ou se limitam a um desmoralizante papel de tropa de ocupação em seu próprio pais. ou encaram o impensável: o ressurgimento de um autêntico nacionalismo nas FFAA brasileiras, com suas inevitáveis consequências em relação à geopolítica mundial;

- o regime BolsoNazi presta uma enorme serviço ao país. tudo agora está exposto como é. como sempre foi. e como precisa deixar de ser. desde uma classe dominante tosca, grotesca, inculta, incompetente, violenta, servil aos interesses externos e com seu imenso ódio ao Povo e à Nação. até uma Esquerda pelega, institucional, eleitoreira, obsoleta, incapaz de inteligência estratégica para encarar a Guerra na Era da Informação;

- num Brasil colocado no epicentro de uma Guerra Mundial Híbrida, rapidamente ultrapassando os limites de Guerra de 4a. e 5a. Geração, os Generais irão, de uma forma ou de outra, atualizar sua doutrina militar para incluir o incontornável conceito de Guerra de Mundos;

- estamos todos condenados. ou nos tornamos uma grande potência, viabilizando a multipolaridade dos BRICS, ou sucumbimos na extinção;

- um outro mundo é possível? ou é preciso sempre ir além? o que precisamos é de um outro fim de mundo.


vídeo: Primavera Fascista - Bocaum, Leoni, Adikto, Axant, Mary Jane, Vk Mac & Dudu

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15 novembro 2018

Brasil em Transe: paralisia progressiva (2)

15/11/2018

"Eu pensei... Estamos aqui apontando armas para a população brasileira. Nós somos uma sociedade doente!"
(sobre a Ocupação do Complexo da Maré - Rio de Janeiro)

a cabeça ordena, mas o corpo recusa-se a obedecer a voz de comando. a mente permanece lúcida, mas a carne jaz entorpecida. o pensamento viaja veloz, mas a musculatura se entreva na  imobilidade.

progressivamente a paralisia se impõe às funções motoras. é imperativo agir. mas como se colocar em ação sem deflagrar rupturas? como suportar rupturas se tudo deve mudar apenas para permanecer o mesmo?

10/07/2018: situações-limites expõe a necessidade de se romper com aquilo que já está morto, para poder renascer para a vida, rompendo com a paralisia progressiva imposta pela estagnação e pelo impasse de uma morte em vida.

pensei. pensei. pensei. então, acabou sendo tudo o que conseguia fazer...

"Apuradas todas as opiniões e vontades do oficialato, Villa Boas, com dificuldades notórias até para falar, naquela noite, altas horas, buscou aplacar os ânimos, porque já tinha oficial graduado pronto para pôr a tropa na rua em direção à Brasília.
Passava das altas horas quando a solução provisória foi sugerida por um pequeno colegiado de militares moderados:
Colocar um general da reserva, porque se fosse da ativa, ofenderia e o clamor seria muito maior, que conhecesse a tropa e o oficialato, e fosse calmo, convincente, culto, político e cerebrino, no seio do STF, recaindo a escolha sobre Fernando Azevedo e Silva."

em mais um Dia da Proclamação da República o que há para comemorar? uma quartelada de oligarcas? uma Independência que nunca houve? uma redemocratização incompleta? uma soberania tutelada?

uma Democracia de poucos, para poucos e por poucos? a Res-pública dos homens de bens?

não há nenhuma onda reacionária, assim como não haverá nenhuma Democracia a restaurar. estamos onde sempre estivemos. nunca tivemos de fato relações sociais democráticas. e sempre estivemos mergulhados num oceano reacionário, violento, misógino, homofóbico, racista, elitista, autoritário...

"Tem mais presidente dos EUA nome de rua aqui no Brasil que no país natal deles! Tem general da ditadura em cada canto do pais eternizado em prédios, ruas, pontes e monumentos!!!!"

contemplai o crepúsculo de uma era. em seu último por do sol surge uma terrível mensagem: o Brasil precisa passar por Bolsonaro.

quem quer avançar para além de neo-colônia semi-escravocrata, tem que passar por uma Guerra de Independência. algo sim que jamais tivemos. não obstante uma História repleta de levantes populares e rebeliões dos oprimidos.

a soberania e a independência só podem ser conquistadas e nunca outorgadas.

02/10/2018: Bolsonaro não é um caso isolado, não é um ponto fora da curva, não é uma aberração materializada do nada. Bolsonaro encarna fidedignamente as idéias e valores não apenas do grande empresariado, como de seus associados e serviçais, deixando exposta a face horrenda da lumpenburguesia brasileira.

com a chegada do Capitão não é mais possível fingir não estarmos em plena grande extinção. nenhuma paralisia progressiva conduzirá a qualquer descanso em paz. nenhuma pax nos salvará. só a Antropofagia nos une.

em 1971, a ALN e o MRT efetuaram uma operação até hoje pouco conhecida: a captura do então comandante do II Exército. o grupo chegou a render o general e sua escolta. mas foram traídos. a informação vazara e quatro viaturas do DOI-Codi os cercaram.

com todos sob a mira de armas, o sucessor de Marighela e Toledo, Carlos Eugênio Paz ponderou apontando um fuzil: "- General, vai morrer muita gente hoje aqui. E a primeira rajada será no seu peito."

ao que o General Humberto de Souza Melo retruca por duas vezes em voz alta, num tom de comando para os soldados: "- Hoje não vai morrer ninguém aqui."


o "diálogo" e a "negociação" com a lumpenburguesia no Brasil só se viabiliza por uma coexistência nada pacífica garantida por uma permanente dissuasão "armada".

a força só entende a linguagem da força. o poder só teme o poder. a hegemonia só pode ser derrotada pela contra-hegemonia.

fora disto, continuaremos em paralisia progressiva.

“E é assim que a consciência nos transforma em covardes, é assim que a força inicial de nossas resoluções se debilita na pálida sombra do pensamento e é assim que as empreitadas de maior alento e importância deixam de ter o nome de ação.”
em algum trecho de “Hamlet”, eis a questão: poderíamos ter sido, mas nunca seremos.

12 novembro 2018

Brasil em Transe: a grande extinção

12/11/2018


a rendição sem resistência de Lula e a eleição consagradora de Bolsonaro são os dois grandes marcos do fim de uma era.

não apenas chega ao fim a Nova República, junto com ela se acaba a dupla gerência PTucana de um mesmo projeto neoliberal periférico.

mas resta uma Ditadura que perdura.

ao longo do tempo sempre se impondo a uma inconsistente redemocratização. de modo lento, gradual e seguro o Estado policial levanta-se redivivo de seus porões, para de novo caminhar orgulhoso entre nós.

há uma grande extinção em marcha.

a geração das Diretas Já se despede humilhada por um definitivo fracasso e acompanhada de suas últimas quimeras.

confirma seu falecimento uma quase totalidade de analistas políticos, jornalistas, sociólogos, artistas, filósofos, ativistas e militantes.

um cortejo fúnebre de melancólicas auto-ilusões e reincidentes negações da realidade. quanto mais dá errado, maior a teimosia quanto a seguir o mesmo rumo em direção ao fundo de um abismo de abismos...

restará alguém?

mesmo aquela juventude insurrecta de Junho de 2013, agora jaz cativa das pautas identitárias e confortavelmente anestesiada pelo empoderamento do lugar de fala.

a voz rebelde se deixou domesticar pelas malditas elecciones, que ficam para sempre longe demais.

a interdição da crítica promovida pelo Lulismo gerou as condições acríticas necessárias para a ascensão de Bolsonaro.

despolitização e desorganização. individualismo e consumismo. moralismo e autoritarismo. teologia das prosperidade e falência institucional.

há uma grande extinção em marcha.

trata-se de uma grande extinção de formas-de-vida. de modos de viver. de maneiras de se relacionar. portanto, vivemos no Brasil o fim de um mundo.

não haverá retorno. nenhuma pax nos salvará.

04/02/2017: uma extinção em massa povoara aquele vale dos mortos com criaturas bizarras e monstruosas. corpos sem almas vagando por uma escuridão sem forma. os anteriormente chamados de brasileiros padeciam de vários os tipos de patologias. diversas enfermidades físicas e múltiplos transtornos mentais.

se todos experimentam, de uma forma ou de outra, dissolução de seu ego denominado de “normal”, num mundo surreal e numa sociedade hiper-normalizada pode aquilo denominado de “loucura” ser um processo em direção a cura natural?

tudo que havia para ser dito, dito já o foi. tudo que havia para ser escrito, escrito já está.

11/01/2018: a criação de outros modos de viver, não encapsulados pelas formas-de-vida, implica em ficar face a face com o caos. sem passar pela fase do caos nenhuma criação é possível. para criar a si mesmo e inventar sua própria vida, é preciso enfrentar os perigos da loucura, da prisão, da doença e da morte.

25/10/2017: há também uma potência no caos. se é através da arquitetura do caos que pretendem nos destruir, é deste mesmo caos que ergueremos nossa criação.

03/08/2016: sob o peso do asfixiante sol negro da nova ditadura que desponta, enquanto os necrófilos saboreiam seu banquete, somente os antropofágicos atravessarão o vale dos mortos.

17/05/2016: quando o velho já morreu e novo ainda não conseguiu nascer, surgem os sintomas mórbidos, os fenômenos bizarros e as criaturas monstruosas.

ainda perambulamos sem direção no interior de um interregno.

jamais sairemos deste labirinto sem nos desvencilharmos por completo das correntes, como invertidos fios de Ariadne, mantendo-nos atados ao centro da armadilha: o Minotauro do Lulismo.

não há qualquer futuro para a Esquerda no Brasil caso não rompa toda e qualquer vinculação com Lula e o Lulismo.

deixemos que os mortos enterrem seus mortos. e nos dediquemos a construir coletivamente um novo modo de viver.


vídeo: Sweet Child o' Mine - Capitão Fantastico (LEGENDADO)

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08 novembro 2018

Brasil em Transe: o Capitão chegou

08/11/2018


quem está mais atônito com a vitória da onda BolsoNazi?

uma Ex-querda perdida no tempo e no espaço, arrastada ao buraco negro por seu abraço de suicidas com o Lulismo?

ou o próprio Bolsonaro? perplexo em ter chegado lá, enquanto tudo sempre não passara de bravatas de tapas e tiros...

sim, o Capitão chegou, mas nem mesmo ele sabe com certeza ao que veio.

ao menos sabe que nada sabe. não é o mais capacitado. mas com a certeza de ter sido eleito, não apenas pelo povo como por um chamado do D-us de Israel.

sem plano de governo, sem equipe, sem experiência de gestão.

cercado de filhos bajuladores, "irmãos" bajuladores, generais de pijama bajuladores do país alheio, Chicago's Boy temporão bajulador de Wall Street e bispos neo-pentecostais bajuladores da Terra Prometida do Sionismo.

rodeado de tanta bajulação, o "mito" se defrontará com uma dura realidade que não o bajulará de modo algum. o mundo virtual da pós-verdade fica em definitivo nas telas restritas e diminutas dos aparelhos celulares.

demandas urgentes  incapazes de serem resolvidas na base do "prendo e arrebento". fatos e dados insubmissos à prisão nas bolhas de fake-news. uma crise global do Capitalismo muito além de qualquer solução do tipo "cadeia ou exílio".

se Bolsonaro expressa o encontro tardio de um Brasil genocida e com forte viés fascista consigo mesmo, o Capitão-Presidente passará por seu encontro inexorável com o Brasil - algo que nunca esteve de fato em seus propósitos.

embora acredite piamente ser ele mesmo o autor do script que representa, não sem certa dificuldade,  Bolsonaro prossegue dentro do labirinto, apanhado num jogo de poder muito além de sua limitada compreensão.

como parte de um processo de desmascaramento, no qual tudo e todos são obscenamente expostos, Bolsonaro se descobrirá como apenas mais um personagem em busca de algum autor, o qual para ele permanecerá sempre desconhecido.

neste sentido, a facada foi apenas o início de um enredo complexo feito de muitas camadas entrelaçadas, misturando dissimulação, engodo, jogo duplo, chantagem, traições, mortes, reviravoltas.

déjà-vu. tudo isto já aconteceu muitas vezes. Castelo Branco e Costa e Silva. JK, Jango e Lacerda. Eduardo Campos e Teori Zavascki. Sérgio Fleury e Baumgartem. eles, vós, nós, ele, tu, eu...

tão ou ainda mais aturdida que Bolsonaro, a Esquerda Lulista recusa-se a se render à realidade de seu fracasso, de sua incompetência, de sua capitulação, de seus erros repetidos, de seus exaustivos colapsos.

completamente cativa de suas narrativas tão falsas quanto os zaps bolsonarianos, oscila entre a síndrome de pânico e o surto de fúria.

morta de raiva do "pobre de Direita" que não sabe votar. morta de medo de um Estado policial que afinal nunca deixou de sê-lo. morta! morta, mas que se recusa enfim a morrer, para poder renascer.

impossível ser feliz de novo. não haverá retorno. data de validade vencida, só lhe resta reinventar a si mesma. mas isto é tudo que nunca pretendeu fazer.

dada sua completa falta de vocação para ser "opositor", Haddad jamais se tornará "líder da oposição", conforme foi nomeado por Lula - este pai de postes que não param em pé.

Haddad será tão relevante daqui para a frente quanto Dilma foi após o Golpeachment.

seu protagonismo na luta contra o fascismo e o Estado policial será equivalente ao imenso vazio da contribuição somada por Fernando Pimentécio ou pelo exército de Stédile - para não citar Wagner Freitas e sua conclamação: "às armas, miltância".

são duas as pedras fundamentais de uma outra Esquerda a se erguer no Brasil:

- o exercício constante e inclemente do pensamento e da postura crítica;

- o compromisso inexpugnável com a organização autônoma da população.

sem uma rigorosa e implacável análise crítica dos dados e dos fatos, e sem se defrontar com as conclusões e consequências desta análise, é impossível construir auto-conhecimento. sem auto-conhecimento nenhuma auto-transformação se concretiza.

foi exatamente o contrário aquilo que se tornou hegemônico na Esquerda: não se pode criticar o próprio campo!

esta é uma inversão causadora de nossas derrotas reincidentes, de nossos fracassos repetidos.

denúncias e críticas aos nossos inimigos são inócuas. eles não vão mudar por causa disto! nenhum efeito produzem a não ser uma catarse estéril.

só podemos mudar a nós mesmos e ao nosso campo.

aos nossos inimigos, devemos conhecê-los, aos seus objetivos, suas estratégias e táticas, para melhor combatê-lo - mas não com críticas e denúncias, e sim com ações.

por outro lado, só com a retomada imediata de um processo massivo de organização popular autônoma pela base, nos locais de moradia, trabalho e convivência (incluindo a web) seremos capazes de derrotar os golpes que sobre nós venham a se abater.

contudo, nenhuma base social jamais ganhou consciência por causa de belos discursos, mesmo com as mais sólidas argumentações e as mais exortativas palavras de ordem.

não se trata de "fazer a cabeça do povão", como se fôssemos missionários catequistas evangelizando pagãos para convertê-los em militantes organizados.

é em seu processo de auto-organização, na luta por melhores condições de vida, que a sociedade transforma a si mesma.

cabe a vanguarda ser catalisadora deste processo, sempre se colocando a serviço dele. pois nele a consciência política dá saltos gigantescos.

assim, não há nenhum "povo" a conscientizar. quem gera consciência é a luta. é na luta que se estabelecem outras relações sociais. portanto é a luta quem cria o seu Povo.

com a chegada do Capitão, nos encontramos todos frente a frente com as consequências de uma inadiável constatação: nunca antes neste país tivemos algo o mais remotamente assemelhado a uma Guerra de Independência.

agora estamos diante daquele que sempre foi o projeto de Brasil em conformidade com a classe dominante: uma neo-colônia semi-escravocrata.

se desejamos soberania e liberdade, só nos resta lutar por elas.
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30 outubro 2018

Brasil em Transe: descansem em paz

30/10/2018

a violência disseminada por BolsoNazi rapidamente se tornará um tiro pela culatra, porque será inevitável a frustração do eleitorado com mais um estelionato eleitoral.

renda, inadimplência, insegurança e corrupção são as principais e urgentes demandas da população. perante elas o modo de ser BolsoNazi vai se somar às causas, sem nunca fazer parte da solução.

Bolsonaro não tem nenhuma proposta para sequer mitigar a crise econômica, colocando dinheiro no bolso do povo e repactuando a inadimplência. e nem poderia ter, posto ser  representante do grande Capital.

exatamente como Lula fez em 2003, e como também Haddad já se comprometera caso fosse eleito, o ato de inauguração do regime Bolsonariano será mais uma contra-reforma da previdência. seus eleitores assistirão a tudo, bestificados.

como fica patente na intervenção militar na área de segurança pública do Rio de Janeiro, a violência gerada pela violência de um estado de exceção econômica não pode ser superada prioritariamente pela via penal e policial.

do mesmo modo, "a corrupção nossa de cada dia" não passa do efeito epidérmico de um modelo de negócio altamente oligopolizador. no qual as vantagens comparativas não passam de uma concorrência pela inovação e eficiência quanto ao mérito de se estabelecer como o melhor corruptor.

para quem sempre desfraldou a bandeira da força bruta, do tapa e do tiro, apologista da ditadura, defensor da tortura e da eliminação física dos opositores, a imagem de Bolsonaro em seu primeiro pronunciamento após ser eleito é a de um homem combalido, instantaneamente envelhecido e com baixa efusividade num momento de vitória consagradora.

diante da evidente fragilidade, fica impossível não questionar qual a real condição de saúde do Presidente eleito.

seja pelo medo do fascismo ou pelo ódio do PT o vencedor foi o #EleNão. como não  há projeto político fundamentado pela exclusão, fomos todos derrotados e o grande Capital segue sendo sempre o grande vencedor.

conforme exasperadamente anunciado, para o Lulismo as Eleições de 2018 ficam para sempre longe demais. um previsível e melancólico desfecho de uma estratégia de enfrentar o Golpe de 2016 pela via eleitoral e institucional, acabando por somente legitimá-lo.

Haddad nunca quis ganhar as Eleições de 2018, assim como Lula capitulou voluntariamente na última semana do 2o. turno em 1989.

assim como o Lulismo jamais pretendeu resistir ao Golpe de 2016. assim como nunca se empenhou em lutar pela nulidade do Golpeachment. assim como Lula negou-se a oferecer qualquer tipo de resistência à sua prisão.

assim como após a derrota Haddad se comportará docilmente como uma oposição consentida ao regime BolsoNazi. e o twitter de Haddad felicitando Bolsonaro é disto a grotesca antecipação.

a Ex-querda que começou a morrer em Junho de 2013,  agora jaz deitada em seu caixão, rodeado de  velas roxas e coroas de flores apodrecidas.

mas não só o Lulismo.

o PSOL afunda junto com Boulos, convertido em Esquerda de estimação do Lulismo. Marcelo Freixo se consagra como aquele que poderia ter sido, mas nunca será.

em MG, após o desastre anunciado de Pimentécio e a humilhação de Dilma nas urnas, um grande potencial se fossiliza na via parlamentar: Beatriz Cerqueira.

numa extinção em massa, confirma seu falecimento toda uma geração de analistas políticos, jornalistas, sociólogos, artistas, filósofos, ativistas e militantes, etc...

todos com a data de validade há muito vencida, agora inexoravelmente recolhidos ao passado de um Brasil que já não existe, muito menos voltará a existir. não haverá retorno.

se Bolsonaro é a Direita enfim se orgulhando de si mesma, Haddad nunca foi além de uma Esquerda sempre envergonhada em dizer seu nome.

se Bolsonaro é enfim a cara nua e exposta da lumpenburguesia no Brasil, Haddad é o desmascaramento definitivo do Lulismo.

no final, quem tirou a máscara foi Lula. e surgiu a face de Haddad: a oposição gentil, bem comportada, prudente, elegante, simpática, culta, civilizada e completamente inócua.

Haddad será tão relevante para o cenário pós-eleitoral quanto Dilma o foi após o impeachment: nulidades irrelevantes.

alguns evocam as platitudes da resistência.

qual resistência? aquela que nunca houve, não há e jamais haverá. tão fake quanto a campanha Bolsonariana.

o golpe? que golpe... golpe se confirmou pela boca de Haddad uma palavra um tanto dura.

Sérgio Moro? está fazendo no geral um bom trabalho.

BC? autonomia!

o agro? é pop!

Bolsonaro? seja feliz companheiro.

não precisamos de resistência. precisamos re-existir.

descansem em paz.

mas saibam: não conseguirão. não esquecemos. não temos misericórdia.
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27 outubro 2018

Brasil em Transe: Eleições de 2018 - 27/10/2018

27/10/2018


as Eleições de 2018 marcam o esgotamento de um modelo de representação política, com amplas parcelas do eleitorado votando no #EleNão.

seja contra Bolsonaro ou pelo anti-Petismo, medo e ódio definem o voto a partir de seu oposto.

a crise de representação atinge seu clímax num Brasil em busca de perspectivas e opções, mas só encontrando a negação deste desejo e nunca sua afirmação.

nenhum projeto político se sustenta tendo como alicerce o #EleNão.

quando todo um arco de alianças se abraça em torno da palavra de ordem "Ditadura nunca mais!", é mais do que necessário ter a coragem de indagar: mas qual Democracia queremos ter?

o pacto democrático de 1988, da "Constituição Cidadã"? cujo "republicanismo" permitiu o entulho autoritário ser depositado no porão, preservando-o intacto para emergir na primeira oportunidade...

não se combate o fascismo senão como "a face mais sincera e mais eficaz do capitalismo!". para isto devemos ser a face mais sincera e mais eficaz do anti-capitalismo.

a boca do jacaré das ondas de intenção de votos se fechou. Haddad e Bolsonaro convergem para um empate técnico. com a vantagem do viés de alta para o candidato do PT.

a contra-ofensiva do exército de robôs bolsonarianos, via WhatsApp, perdeu o ímpeto da blitzkrieg deflagrada no 1o. turno.

a linha do apoio neopentecostal já não tem a mesma solidez e foi rompida em diversos pontos.

nenhuma esfakeada na barriga seria capaz de manter a boca de Bolsonaro fechada. a cada vez que ela se escancara, BolsoNazi se desmascara. entre o ame-o ou deixe-o, as defecções sobem e cai a intenção de voto.

muitos dos bots propagadores de fake-news entraram em loop num curto-circuito existencial: pessoas reduzidas a máquinas ou máquinas transformadas em pessoas?

as Eleições de 2018 foram configuradas para serem um diabólico Teste de Turing, frente ao qual todos falham miseravelmente. nem humanos, tampouco replicantes. já não somos senão ciborgues.

seja qual for o resultado das urnas, há esperanças para um day-after?

é possível ser feliz de novo? algum falso Messias nos conduzirá pelo deserto do real até a Terra Prometida sem corrupção e insegurança?

ou os mais urgentes de nossos problemas são pouca renda e muita inadimplência?

mal oculto na extrema polarização da reta final da campanha, nos espreita um estelionato eleitoral por antecipação.

nem Haddad, e muito menos Bolsonaro, demonstraram serem capazes de atender minimamente o imenso desafio colocado pela intercessão da crise econômica com a crise de representação.

seja como social-liberalismo ou ultra-liberalismo, não será mais do mesmo que fará diferença neste precipício no qual prosseguimos caindo.

Haddad eleito será nada mais do que uma leve e momentânea desaceleração na queda neste abismo, cujo fundo parece não ter fim.

e se o abismo for a solução? nem mesmo esta última ilusão já podemos ter...

é na heróica luta de um povo sem medo, ocupando as ruas em múltiplas batalhas pela reversão de votos, que mais uma vez se encontra a autêntica opção e perspectiva de um projeto político emancipador.

é a luta que gera a consciência. é na luta que novas formas de organização são geradas. é a luta quem constitui novas coletividades não existentes até então.

se há algum day-after, ele estará na continuidade desta luta pelo voto numa luta permanente, transformada em modo de viver.
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26 outubro 2018

Brasil em Transe: Eleições de 2018 - 26/10/2018

26/10/2018


bem cedo pela manhã, escuto uma movimentação na rua. imediatamente distingo o som característico de tropas marchando.

chego até a janela. um pelotão de soldados do batalhão de choque desce a rua. uniformizados, com toca-ninja, fuzis de assalto e carregando a bandeira da caveira.

entoam aqueles seus tradicionais hinos à morte, acompanhados de uma forte escolta e um carro de apoio.

antes que eu pudesse pegar o celular para gravar, no prédio em frente uma janela se escancara. e dela surge um sujeito descabelado e muito agitado.

começa a gritar: "- Vai morrer muita gente. Mas vai ser do lado de vocês também."

diante do inusitado da cena, congelei. não sabia como reagir, como hipnotizado pelo que presenciava.

e o cara prosseguiu: "- O povo está sendo enganado! Querem matar bandido? Vão matar desembargador, empresário, deputado e senador. Só sabem matar preto e pobre na favela."

só podia pensar numa coisa. aquilo ía dar merda. ainda mais quando vi os soldados da escolta encarando fixamente aquele alucinado vociferando: "- Não tenho medo de polícia fascista!".

nem tive tempo de me esconder, antes do cara insistir aos berros: "- Meu nome é arkx! Meu nome é arkx!".

é fogo, né. esses homônimos acabam matando a gente...


vídeo: General Mourão - Novo Hamurgo (RS) - 24/10/2018


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25 outubro 2018

Brasil em Transe: Eleições de 2018 - 25/10/2018

25/10/2018


- como há muito tempo não se via, ambulantes do centro do Rio de Janeiro voltam a usar adesivos do PT, em apoio a Haddad. se antes Bolsonaro era o nome correndo de boca em boca para quase todos, agora aqui e ali se espalham gritos de "Vai virar!";

- enquanto a doença mastiga os intestinos de Bolsonaro, o jacaré das ondas eleitorais começou a fechar a boca. de sua mordida nenhum de nós restará poupado, pouco importa o resultado das urnas;

- os cemitérios vivos estão por toda a parte. mortos ainda vivos. vivos já mortos. espectros jogados nas sarjetas. sem emprego, sem renda, sem saúde, sem dignidade. sem visibilidade. sem esperança. sem medo. nenhum presente, passado ou futuro. apenas uma danação que dura, sem nunca passar;

- em meio a legião zumbi de fake-news, necrófilos e antropófagos se defrontam nas ruas e nas redes. repete-se a heróica dinâmica ocorrida no segundo turno das Eleições de 2014. o povo sem medo se ergue para enfrentar a ascensão do fascismo;

- não será Haddad quem vencerá estas eleições, serão os Manos. Brows e todo um arco-íris de insubmissos muito putos com "tudo que está aí". contra o "Viva la Muerte!" bradam ainda mais alto: "Muera la Muerte! Gracias a la Vida!";

- os LGBT são hoje o que as mulheres foram nas grandes lutas do passado: a linha de frente das transformações sociais, sendo também os primeiros a serem atingidos pelo impacto da onda fascista;

- o Brasil tal qual o pensávamos conhecer, acabou em Junho de 2013. então a multidão estava clamando por um passo à frente. como a construção do futuro foi interditada, giramos aprisionados numa mortal encruzilhada. a cada volta cavamos um abismo sob nossos pés;

- o pacto Constitucional de 1988 faliu. não há retorno. não há saída. é preciso que não fique pedra sobre pedra. será com este escombro, com as pedras desta ruína, que coletivamente construiremos nosso futuro. ou não haverá qualquer futuro;

- não é com amor que se vence o fascismo. é com o ódio. não será com a paz. será com a guerra. não somos nós quem fazemos as escolhas. elas nos são impostas por circunstâncias da História. nossa única escolha foi passar por esta luta.
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24 outubro 2018

Brasil em Transe: Eleições de 2018 - 24/10/2018

24/10/2018


"O diálogo não é a conversa entre iguais, mas sim a conversa real e concreta entre diferenças que evoluem na busca do conhecimento e da ação que dele deriva. Diálogo é resistência."

o que se aprende ao conversar com um eleitor de Bolsonaro?

na Av. Rio Branco, em frente a entrada do metrô, centro do Rio de Janeiro, o grupo de apoiadores de Haddad distribui adesivos e panfletos. no renhido corpo a corpo com os transeuntes, se empenha para reverter votos.

um pouco adiante, alguns atores executam uma performance exortativa contra a violência: #EleNão.

para compor o cenário improvisado, estão colocadas ao longo do passeio várias peças de roupas pintadas de vermelho, com pétalas de rosas por cima delas.

um eleitor de Bolsonaro se aproxima. argumenta com alguns dos apoiadores de Haddad. em poucos instantes o diálogo se trunca. mas sem qualquer violência ou mesmo grande exaltação.

em seguida, ele ergue seu celular e grava um depoimento. afirma que tentara debater, mas não houve condição, pois "eles" não tinham argumentos, nem mesmo disposição para conversar.

jovem e com expressão simpática, aparenta uns 26/27 anos, embora já tenha 32. empregado num escritório ali perto, mora em Mesquita, Baixada Fluminense, periferia distante.

eleitor por duas vezes de Lula, em 2002 e 2006, não repetiu o voto no PT nas eleições de Dilma.

evangélico, estuda a Bíblia, assim como política. autodidata, usa a web para pesquisar e se informar.

enquanto conversa, rapidamente posta no Facebook o vídeo que acabara de gravar.

pondera que Lula fora eleito com base na proposta de melhoria de vida da população. ele mesmo se reconhece de classe média baixa, num país com grandes desigualdades e muita miséria.

mas Lula tendo usado a carência e as demandas do povo para se eleger, em seguida  logo se abraçara com a corrupção, a qual prometera combater.

apesar de alguma melhoria, o objetivo principal fora o enriquecimento pessoal e de seu grupo político, o PT.

por trás de tudo, o plano insidioso de implantar o socialismo no Brasil.

segundo afirma, o PT não permite de modo algum Haddad fazer uma autocrítica para reconhecer os erros cometidos. quanto a isto, concorda com o discurso de Mano Brown no ato de ontem (23/10/2018), realizado nos Arcos da Lapa.

declara-se contra as políticas identitárias, porque ao se dividir a população em minorias se perde o sentido da maioria.

também não pode concordar com o ensino infantil estimular uma criança de 5/6 anos a se tocar nos órgãos sexuais. muito menos aceita alguém mal entrando na adolescência já ter maturidade para escolher o próprio gênero e "mudar de sexo".

seu entusiasmo atual com Bolsonaro vem deste ser capaz de abordar com franqueza e objetividade alguns dos principais clamores da população: corrupção e segurança.

aliás, em relação a isto indigna-se por Haddad, e seus apoiadores, terem pouco a propor e a falar.

não se conforma com a situação do país. aponta em direção aos cantos das calçadas, tomados por pessoas deitadas no chão em cima de pedaços de papelão.

"- Cadê a justiça?", desabafa com ênfase, erguendo os dois braços.

complementa: "- É por isto que quando o filho do Bolsonaro falou em fechar o STF, logo a Globo e a Esquerda se uniram para condená-lo...".

por culpa do "comunismo satânico", estamos ficando igual a Venezuela. tanto aqui como lá,  a sociedade não se beneficia dos riquezas naturais do país.

o celular vibra seguidamente. mais e mais mensagens chegandos via WhatsApp. ele as lê rapidamente. responde algumas, teclando enquanto fala.

despede-se com um sorriso aberto e um forte aperto de mão. acabara sua hora de almoço. tinha que voltar ao trabalho.

ainda comenta: "- Foi a primeira vez que consegui conversar com um Esquerdista...".


vídeo: Mano Brown detonando o PT no showmício nos Arcos da Lapa


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23 outubro 2018

Brasil em Transe: Eleições de 2018 - 23/10/2018

23/10/2018

a foto do Mídia Ninja dá a dimensão do comparecimento ao ato desta noite nos Arcos da Lapa, no centro do Rio de Janeiro.

mas ainda assim é preciso considerar que as ruas e bares da Lapa estavam tomadas por uma outra multidão quase tão grande quanto.

pela própria característica do ato, a presença foi majoritariamente de setores médios, mas com uma parte da juventude vinda de subúrbios, favelas e periferias.

quanto a composição etária, dividiu-se entre jovens e a geração das Diretas Já, mas com predomínio de jovens - o que é um bom sinal.

ao menos 30% dos participantes eram LGBT, que compõe hoje a linha de frente das transformações sociais, sendo também os primeiros atingidos pela onda fascista BolsoNazi.

o clima geral é de que a virada é possível.

há uma razoável percepção de que o fascismo deveria ter sido barrado em suas origens. ou ao menos quando Bolsonaro dedicou seu voto pelo impeachment ao torturador Ustra.

ainda assim, as intervenções dos oradores foram bastante despolitizadas, em consonância com a maior parte dos que pretendem se opor a ascensão do fascismo, inclusive aqui neste Blog.

embora o atual processo político tenha um conteúdo altamente pedagógico, a resistência face a este inevitável aprendizado parece ser insuperável.

foi exatamente por esta postura que nos tornamos cúmplices desta descida aos infernos. sem superar a tendência em negar a realidade continuaremos ladeira abaixo, seja qual o for o resultado das eleições.

Haddad não tem nem longinquamente o perfil de liderança apta a enfrentar o acirramento da crise do Capitalismo no Brasil.

neste sentido, pode-se afirmar que tem na verdade o perfil oposto. pior: pretende enfrentar a crise com medidas que vão apenas aprofundá-la.

caso não seja eleito, a relevância de Haddad desaparecerá, assim como o PSDB entrou em processo de extinção.

seja como for, por um bom tempo não se terá mais qualquer espaço para centro político no Brasil. não haverá nenhuma pacificação. ao contrário, a guerra civil de baixa intensidade tende a se agravar.

há relatos de votos na Zona Oeste do Rio sob coação das milícias para beneficiar Bolsonaro. tragicamente, o mesmo voto que em eleições anteriores somou para Lula, Dilma Sérgio Cabral, Eduardo Paes e depois Crivella.

o fascismo não pode ser derrotado com eleições. muito menos ser pacificado. ou reconhecemos isto de antemão pelas várias lições que a História já ensinou, ou vamos aprender pela experiência na base da porrada.

"Os indígenas tzeltal de Chiapas têm uma teoria da pessoa em que sentimentos, emoções, sonhos, saúde e temperamento de cada um são regidos pelas aventuras e desventuras de todo um monte de espíritos que habitam ao mesmo tempo nosso coração e o interior das montanhas, e que passeiam por aí.

Nós não somos belas completudes egóticas, Eus bem unificados, somos compostos de fragmentos, estamos repletos de vidas menores.

A palavra "vida", em hebreu, é um plural, assim como a palavra "rosto". Porque em uma vida há muitas vidas e porque em um rosto há muitos rostos.

Os vínculos entre os seres não se estabelecem de entidade a entidade. Todo vínculo se dá de fragmento a fragmento de ser, de fragmento de ser a fragmento de mundo, de fragmento de mundo a fragmento de mundo.

Ele se estabelece aquém e além da escala individual.

Esta continuidade entre fragmentos é o que se sente como 'comunidade'"

"Agora, Motim e Destituição" - Comitê Invisível


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