12/11/2018
a rendição sem resistência de Lula e a eleição consagradora de Bolsonaro
são os dois grandes marcos do fim de uma era.
não apenas chega ao fim a Nova
República, junto com ela se acaba a dupla gerência PTucana de um mesmo projeto neoliberal periférico.
mas resta uma Ditadura que perdura.
ao longo do tempo sempre se impondo a uma inconsistente redemocratização.
de modo lento, gradual e seguro o
Estado policial levanta-se redivivo de seus porões, para de novo caminhar
orgulhoso entre nós.
há uma grande extinção em marcha.
a geração das Diretas Já se
despede humilhada por um definitivo fracasso e acompanhada de suas últimas
quimeras.
confirma seu falecimento uma quase totalidade de
analistas políticos, jornalistas, sociólogos, artistas, filósofos, ativistas e
militantes.
um cortejo fúnebre de melancólicas auto-ilusões e reincidentes negações
da realidade. quanto mais dá errado, maior a teimosia quanto a seguir o mesmo
rumo em direção ao fundo de um abismo de abismos...
restará alguém?
mesmo aquela juventude insurrecta de Junho
de 2013, agora jaz cativa das pautas identitárias e confortavelmente
anestesiada pelo empoderamento do lugar de fala.
a voz rebelde se deixou domesticar pelas malditas
elecciones, que ficam para sempre longe demais.
a interdição da crítica promovida pelo Lulismo gerou as condições acríticas necessárias para a ascensão de
Bolsonaro.
despolitização e desorganização. individualismo e consumismo. moralismo e
autoritarismo. teologia das prosperidade e falência institucional.
há uma grande extinção em marcha.
trata-se de uma grande extinção de formas-de-vida.
de modos de viver. de maneiras de se relacionar. portanto, vivemos no Brasil o fim de um mundo.
não haverá retorno. nenhuma pax
nos salvará.
04/02/2017: uma extinção em massa povoara aquele vale
dos mortos com criaturas bizarras e monstruosas. corpos sem almas vagando por
uma escuridão sem forma. os anteriormente chamados de brasileiros padeciam de
vários os tipos de patologias. diversas enfermidades físicas e múltiplos
transtornos mentais.
se todos experimentam, de uma forma ou de outra, dissolução de seu ego
denominado de “normal”, num mundo surreal e numa sociedade hiper-normalizada
pode aquilo denominado de “loucura”
ser um processo em direção a cura natural?
tudo que havia para ser dito, dito já o foi. tudo que havia para ser
escrito, escrito já está.
11/01/2018: a criação de outros
modos de viver, não encapsulados pelas formas-de-vida, implica em ficar face a
face com o caos. sem passar pela fase do caos nenhuma criação é possível. para
criar a si mesmo e inventar sua própria vida, é preciso enfrentar os perigos da
loucura, da prisão, da doença e da morte.
25/10/2017: há também uma potência
no caos. se é através da arquitetura do caos que
pretendem nos destruir, é deste mesmo caos que ergueremos nossa criação.
03/08/2016: sob o peso do asfixiante sol negro da nova ditadura que desponta,
enquanto os necrófilos saboreiam seu banquete, somente os antropofágicos
atravessarão o vale dos mortos.
17/05/2016: quando o velho já morreu e novo
ainda não conseguiu nascer, surgem os sintomas mórbidos, os fenômenos bizarros
e as criaturas monstruosas.
ainda perambulamos sem direção no interior de um interregno.
jamais sairemos deste labirinto sem nos desvencilharmos por completo das
correntes, como invertidos fios de Ariadne, mantendo-nos atados ao centro da
armadilha: o Minotauro do Lulismo.
não há qualquer futuro para a Esquerda no Brasil caso não rompa toda e
qualquer vinculação com Lula e o Lulismo.
deixemos que os
mortos enterrem seus mortos. e nos dediquemos a construir coletivamente um novo
modo de viver.
vídeo: Sweet Child o' Mine - Capitão
Fantastico (LEGENDADO)
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