08/11/2018
quem está mais atônito com a vitória da onda BolsoNazi?
uma Ex-querda perdida no tempo
e no espaço, arrastada ao buraco negro por seu abraço de suicidas com o Lulismo?
ou o próprio Bolsonaro? perplexo em ter chegado lá, enquanto tudo sempre
não passara de bravatas de tapas e tiros...
sim, o Capitão chegou, mas nem mesmo ele sabe com certeza ao que veio.
ao menos sabe que nada sabe. não é o mais capacitado. mas com a certeza
de ter sido eleito, não apenas pelo povo como por um chamado do D-us de Israel.
sem plano de governo, sem equipe, sem experiência de gestão.
cercado de filhos bajuladores, "irmãos"
bajuladores, generais de pijama bajuladores do país alheio, Chicago's Boy temporão bajulador de Wall Street e bispos
neo-pentecostais bajuladores da Terra Prometida do Sionismo.
rodeado de tanta bajulação, o "mito" se defrontará com uma dura
realidade que não o bajulará de modo algum. o mundo virtual da pós-verdade fica
em definitivo nas telas restritas e diminutas dos aparelhos celulares.
demandas urgentes incapazes de serem
resolvidas na base do "prendo e arrebento". fatos e dados insubmissos
à prisão nas bolhas de fake-news. uma
crise global do Capitalismo muito além de qualquer solução do tipo "cadeia
ou exílio".
se Bolsonaro expressa o encontro tardio de um Brasil genocida e com forte viés fascista consigo
mesmo, o Capitão-Presidente passará por seu encontro inexorável com o Brasil -
algo que nunca esteve de fato em seus propósitos.
embora acredite piamente ser ele mesmo o autor do script que representa,
não sem certa dificuldade, Bolsonaro prossegue dentro do labirinto,
apanhado num jogo de poder muito além de sua limitada compreensão.
como parte de um processo de desmascaramento, no qual tudo e todos são
obscenamente expostos, Bolsonaro se descobrirá como apenas mais um personagem
em busca de algum autor, o qual para ele permanecerá sempre desconhecido.
neste sentido, a facada foi apenas o início de um enredo complexo feito
de muitas camadas entrelaçadas, misturando dissimulação, engodo, jogo duplo,
chantagem, traições, mortes, reviravoltas.
déjà-vu. tudo isto já aconteceu muitas vezes. Castelo Branco e Costa e Silva. JK, Jango e
Lacerda. Eduardo Campos e Teori Zavascki. Sérgio Fleury e Baumgartem. eles,
vós, nós, ele, tu, eu...
tão ou ainda mais aturdida que Bolsonaro, a Esquerda Lulista recusa-se a se render à realidade de seu fracasso,
de sua incompetência, de sua capitulação, de seus erros repetidos, de seus
exaustivos colapsos.
completamente cativa de suas narrativas tão falsas quanto os zaps bolsonarianos, oscila entre a
síndrome de pânico e o surto de fúria.
morta de raiva do "pobre de Direita" que não sabe votar. morta
de medo de um Estado policial que afinal nunca deixou de sê-lo. morta! morta,
mas que se recusa enfim a morrer, para poder renascer.
impossível ser feliz de novo. não haverá retorno. data de validade
vencida, só lhe resta reinventar a si mesma. mas isto é tudo que nunca
pretendeu fazer.
dada sua completa falta de vocação para ser
"opositor", Haddad jamais se tornará "líder da oposição", conforme
foi nomeado por Lula - este pai de postes que não param em pé.
Haddad será tão relevante daqui para a frente
quanto Dilma foi após o Golpeachment.
seu protagonismo na luta contra o fascismo e o
Estado policial será equivalente ao imenso vazio da contribuição somada por Fernando
Pimentécio ou pelo exército de Stédile - para não citar Wagner Freitas e
sua conclamação: "às armas,
miltância".
são duas as pedras fundamentais de uma outra
Esquerda a se erguer no Brasil:
- o exercício constante e inclemente do
pensamento e da postura crítica;
- o compromisso inexpugnável com a organização
autônoma da população.
sem uma rigorosa e implacável análise crítica dos dados e dos fatos, e
sem se defrontar com as conclusões e consequências desta análise, é impossível
construir auto-conhecimento. sem auto-conhecimento nenhuma auto-transformação
se concretiza.
foi exatamente o contrário aquilo que se
tornou hegemônico na Esquerda: não se pode criticar o próprio campo!
esta é uma inversão causadora de nossas
derrotas reincidentes, de nossos fracassos repetidos.
denúncias e críticas aos nossos inimigos são
inócuas. eles não vão mudar por causa disto! nenhum efeito produzem a não ser uma
catarse estéril.
só podemos mudar a nós mesmos e ao nosso
campo.
aos nossos inimigos, devemos conhecê-los, aos
seus objetivos, suas estratégias e táticas, para melhor combatê-lo - mas não
com críticas e denúncias, e sim com ações.
por outro lado, só com a retomada imediata de
um processo massivo de organização popular autônoma pela base, nos locais de
moradia, trabalho e convivência (incluindo a web) seremos capazes de derrotar
os golpes que sobre nós venham a se abater.
contudo, nenhuma base social jamais ganhou
consciência por causa de belos discursos, mesmo com as mais sólidas
argumentações e as mais exortativas palavras de ordem.
não se trata de "fazer a cabeça do
povão", como se fôssemos missionários catequistas evangelizando pagãos
para convertê-los em militantes organizados.
é em seu processo de auto-organização, na luta
por melhores condições de vida, que a sociedade transforma a si mesma.
cabe a vanguarda ser catalisadora deste
processo, sempre se colocando a serviço dele. pois nele a consciência política
dá saltos gigantescos.
assim, não há nenhum "povo" a
conscientizar. quem gera consciência é a luta. é na luta que se estabelecem
outras relações sociais. portanto é a luta quem cria o seu Povo.
com a chegada do Capitão, nos encontramos todos frente a frente com as
consequências de uma inadiável constatação: nunca antes neste país tivemos algo
o mais remotamente assemelhado a uma Guerra
de Independência.
agora estamos diante daquele que sempre foi o projeto de Brasil em
conformidade com a classe dominante: uma neo-colônia semi-escravocrata.
se desejamos soberania e liberdade, só nos resta lutar por elas.
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