23 março 2020

COVID-19: já estávamos mesmo mortos


«a humanidade está sendo forçada a encarar sua inelutável finitude,
por conta da mais ínfima forma de vida: um vírus.»

naqueles tempos de mórbida "normalidade", quanto de vitalidade nos restara?

assolados pelo desemprego estrutural e escravizados pela uberização da vida, não éramos mais do que mortos-vivos perenizando o purgatório de uma existência sem sentido e sem perspectivas...

mesmo antes da pandemia do COVID-19, o apocalipse zumbi já acontecera.

agora tanto medo de morrer... mas qual era antes a vontade de viver?

então, por que todo este pânico se esta é uma oportunidade única para ressurgirmos?

qual o motivo de tanta angústia para "isto" passar e tudo voltar a ser como antes? "isto" não vai passar, nada voltará a ser como antes.

não há nenhuma outra desgraça catastrófica acontecendo, a catástrofe desgraçada já era aquela vidinha infernal a que nos condenaram.

nos asfixiávamos numa insuficiência respiratória crônica, chegou a hora dos suspiros de alívio.

se antes mal conseguíamos respirar, sem tempo para nada, por que agora, engolfando ar a plenos pulmões, não dispomos deste tempo extra de sobre-vida para enfim começarmos a ter uma vida?

não estamos em nenhuma experiência de quase-morte, vivemos uma chance de recuperação daquele estado de anomia, um entorpecimento crônico suportado às custas de uma epidemia de ansiolíticos.

longe de ser um insidioso invasor alienígena, o COVID-19 é a potente resposta imunológica de um debilitado organismo em avançado estágio de infecção: a tentativa derradeira de evitar a septicemia.

o COVID-19 vem a ser o anti-corpo liberado para combater os agentes patogênicos responsáveis pela grande extinção em massa atualmente em curso no planeta.

em pouco mais de 200 anos, desde a Revolução Industrial, a mais letal arma biológica já produzida triturou no giro de seus moinhos satânicos um gigantesco volume de recursos minerais e biológicos, algo sem precedente em nenhuma outra época.

habitats inteiros foram arrasados. espécies desapareceram para sempre. mundos foram dizimados.

a pandemia nos confronta com uma brutal evidência, cuja admissibilidade nos aterroriza: não há nenhuma humanidade! há uma Guerra de Mundos.

uma auto-intitulada "civilização" promovendo bárbara e sistematicamente o extermínio dos  Seres da Terra: os Humanos contra todos os tipos de Terráqueos.

nesta guerra de extermínio, como havemos de lutar para sobreviver?

desacelerar a aceleração do contágio é necessária, mas insuficiente.

evitar o colapso dos sistemas hospitalar e funerário não é dar continuidade à vida, mas gerir a incidência da morte.

as vacinas possivelmente irão garantir mais o lucro da Big Pharma do que nossa imunidade. os medicamentos provavelmente terão confiabilidade questionável e efeitos colaterais garantidos.

clamamos é pela cura! mas não há qualquer cura sem a erradicação das causas primárias da doença.

mas "isto" é exatamente o que as medidas governamentais visam a proteger. e "nisto" se converterá o seu fracasso.

a estratégia de enfrentamento ao COVID-19 jamais se pautou pelo bem-estar da população.

o objetivo prioritário sempre foi: "Salvem o Capital!", sob o cínico argumento de assim decorrer naturalmente a sobrevivência das pessoas.

o suposto atraso da China em agir quando a epidemia se iniciou em Wuhan, se deve ao mesmo motivo da imobilidade inicial na Itália. um padrão repetindo-se agora nos EUA.

a intenção era deixar o livre contágio indiscriminado gerar uma "imunidade em massa", com a enorme quantidade decorrente de óbitos se constituindo em dano colateral perfeitamente aceitável.

frente a possível magnitude dos prejuízos causados aos negócios e ao mercado, proporcionalmente a perda de vidas vulneráveis é considerada como irrelevante.

só que o COVID-19 tem seus próprios planos.

a combinação da velocidade de seu contágio com o índice de necessidade de assistência hospitalar aos infectados, não concede tempo suficiente para surgir alguma "imunidade em massa".

a quarentena da população e a paralisação dos negócios se impõe como única opção.

portanto, de um jeito ou de outro a Economia sempre sofrerá graves danos.

os mercados prosseguem urrando histericamente: "Salvem o Capital!". 

para isto será necessário primeiro salvar as pessoas. desta vez quem deverá arcar com a conta serão os mercados. caso contrário, quando "isto" passar, nenhuma Economia então haverá...

eis que o COVID-19 nos coloca ao pé da encruzilhada tacitamente estruturando nossas existências: a Economia ou a Vida.

com plena consciência de que antes já estávamos mesmo mortos, nosotros devemos mais uma vez tornar a repetir: “a vida só é bela para os ressuscitados”.

este é o espírito deste momento.

"É no fundo desta situação e no fundo de cada um de nós que havemos de procurar o espírito de nossa época. É aí que “nós” nos encontramos, é aí que se fazem os verdadeiros amigos, dispersos pelos quatro cantos do globo, mas que anseiam por caminharem juntos.
"Merry Crisise Happy New Fear", Comitê Invisível


vídeo: 


.

Nenhum comentário: