02 julho 2007

c'est moi

no vácuo político brasileiro tudo parece se desmanchar no ar. como retomar a construção nacional interrompida? ainda faz sentido existir algum Brasil?

quem é o Brasil? o que quer o Brasil?

como Madame Bovary estamos condenados a uma vida medíocre e provinciana de um Estado periférico? nossas aspirações de grandeza e desenvolvimento não passam de sonhos românticos?

desejamos um destino para o qual nos faltam condições objetivas? o que precisamos para mudar de vida? nos bastam nossos próprios recursos? a mesma realidade que nos oprime também nos mostra o caminho de saída?

na ânsia de viver nossos sonhos, apenas nos frustramos com o desânimo e a decadência.

pode ser que tenhamos perdido definitivamente o bonde da história, fadados a um inexorável processo de favelização, com perda da unidade nacional, e mesmo territorial.

um país a serviço do tráfico. drogas, armas, órgãos, pessoas... um arquipélago desordenado de minúsculos guetos de luxo, protegidos por segurança privada e cercados de imensas áreas populares controladas por milícias.

a cada vez que o processo histórico desemboca numa crise, impondo a necessidade de mudanças, se restabelece no Brasil um acordo de cúpula, pactuado pelas elites, e a mudança se reduz a um rearranjo que tudo muda para que nada fique diferente.

desta vez não há mais âncoras institucionais disponíveis. o país vaga ao sabor dos escombros.

países também se suicidam?

haverá outro caminho para o Brasil? ou permaneceremos reféns do carisma e popularidade de Lula...

é possível se captar a silenciosa movimentação social que marca o inicio de novos tempos? qual o exato início da mudança? o momento em que os velhos personagens se debatem ao serem todos tragados pela escuridão...

quem é o Brasil? o que quer o Brasil?

o Brasil somos nós. o que nós queremos.

talvez a época dos lobos e dos chacais esteja chegando ao fim. e nossa exasperante tradição de mudanças lentas, seguras e graduais se aproxime vertiginosamente do ponto de ruptura.

na década de 80 o futuro era dominar o conhecimento do que seria conhecido posteriormente como Tecnologia da Informação.

hoje, o futuro está em descobrir como estabelecer relação cooperativa com o meio-ambiente, para gerar desenvolvimento sustentável e includente. quem dominar este conhecimento estará na liderança mundial nas próximas décadas.

estamos destinados a ser a primeira biocivilização da história?

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