01 março 2007

pela paz

as grandes cidades Brasileiras não estão só dominadas pela violência, o subjacente é o tráfico: a droga.


seja em qual de suas formas, a droga já penetrou em todos os poros e camadas do tecido social, invadiu todos os lares, desestabilizou todos os relacionamentos, violou todos os corpos. contaminou a tudo. e ninguém está imune.


somos uma população drogada, refém do vício. em cada esquina, um grupo se reúne em torno de algumas garrafas de cerveja. um gole. uma dose. um tapa. um teco. just in time.


prozac, viagra, calmantes, remédios prá dormir, emagrecer...

narcóticos. narcotráfico. drogas legais. farmácias. muitas farmácias...


assim como todos são contra a criminalidade e pela paz, é também incessante o movimento nas bocas-de-fumo.


dependentes químicos anseiam por comprar saúde, enquanto apenas financiam morbidamente a indústria farmacêutica transnacional.


o desejo, tal como deseja a vida, também deseja a morte.


os homens se rendem tão intensa e voluntariamente à servidão, que não lhes basta a querer apenas para si, precisam também a impor para os outros.


como fazer para se ter paz ?


quantas vinganças implacáveis ? quantos olhos e quantos dentes arrancados com as próprias mãos ? quantas punições exemplares ? as mais demoradas, as mais sofridas. quantos linchamentos ? quantas execuções ? quantos cadáveres ?


o que é preciso para se ter paz ?


quantos policiais ? quantos presídios de segurança máxima ? quantas câmeras de vigilância ? quanta escuta telefônica ? quanta perda de privacidade ?


como se reencontrar com a paz ? em qual refúgio ? atrás de que grades ? de qual muro ? com que blindagem se protegeu a paz ? quais códigos e leis a regulamentam ? quanto custa a paz ? onde se vende ? como se compra ?


e já tivemos, por acaso, algum dia a paz ?


e haverá paz algum dia nesta terra de tanta injustiça ?

há paz sem justiça ?

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