09 outubro 2006


os olhos de quem vè

após o primeiro debate do segundo turno, eleitores de Alckmin não conseguiam conter a euforia e entraram em estado de êxtase. para eles, não restava a menor dúvida, o candidato do PSDB massacrara Lula. uma vitória completa e inquestionável, anunciando o nascimento de um Presidente.

o eleitorado do PT, por sua vez, também festejava. sem fogos de artifício, entretanto.

os petistas sonhavam em liquidar as eleições no primeiro turno. estavam agora um tanto inseguros, desacostumados que ficaram do confronto direto de idéias e propostas.

apesar das ironias de Lula durante o debate, tão a gosto de sua turma, a mudança de estilo de Alckmin deixara a cúpula petista desorientada. como se tocado por alguma pedra filosofal, o candidato alckmista transmutou-se de "xuxu" em "pimenta". tão cheio de som e fúria que parecia uma HH calva e engravatada.

como se vê, dependendo de quem olha o debate teve vencedores diferentes.

o tucano entrou em cena decidido a vencer por nocaute logo no início do primeiro round. estratégia correta e surpreendente. porém, tática equivocada e previsível.

escolheu o tema óbvio, para o qual Lula ensaiara exaustivamente. muito embora o petista deixasse suspensa no ar a pergunta que não quer se calar, sua resposta, mesmo insuficiente, não o comprometeu com seu próprio eleitorado.

empolgado com o papel inédito como gladiador, em contradição com a imagem construída ao longo de sua carreira política, o ex Governador de SP acabou exagerando. mostrou o que não devia: a cara nua do conservadorismo à Brasileira. por exemplo, quando Lula o comparou a Bush, só faltou agradecer o elogio.

a partir de então, Alckmin foi aos poucos retornando à sua habitual condição de Geraldo. do ímpeto inicial restou a agressividade ensaiada e uma indignação caricatural.

seja como for, a performance de Alckmin atendeu de forma impecável a expectativa de seus eleitores cativos. uma platéia com sede de sangue que ganhou um momento catártico. mais do que aplaudir Lula apanhando, vibraram mesmo foi com aquilo pelo que tanto ansiaram: os rugidos de seu candidato.


cruel paradoxo. quanto mais Alckmin agrada a seu eleitorado convicto, mais se afasta daqueles que precisa conquistar para vencer a eleição. como a disputa é pelos votos dados à HH e Cristovam, os alckmistas deveriam adiar a festa. a não ser, é claro, que pretendam comemorar apenas entre eles mesmos.

além disto, Alckmin também deve perder apoio entre os que nele votaram com intenção de forçar um segundo turno. tratou-se muito mais de um protesto contra a arrogância lulista do que um aval à santa aliança entre PSDB e PFL.

assim que vier a ressaca, os alckimistas estarão chegando a uma desesperadora conclusão: Alckmin perdeu o debate.

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