07 outubro 2006
à esquerda
mesmo com o fraco desempenho nacional, menos de 7%, HH teve no estado do Rio de Janeiro 17% dos votos, alcançando 20% na capital.
apesar da mediocridade de sua política local, dividida entre Césares e Molequinhos, os cariocas mostraram, mais uma vez, vocação de alcance nacional e uma orientação nitidamente à esquerda.
numa eleição polarizada, HH e Cristovam dividiram 25% do eleitorado do RJ. sem qualquer prejuízo para Lula, que obteve mais de 49%.
Juscelino foi mesmo um visionário ao transferir a capital para os ermos do planalto central do país. isolou a casta política do contato direto com as massas numa cidade sem raízes e povoada por burocratas e lobistas. até hoje Brasília não tem a menor característica de caixa de ressonância, quanto mais de vanguarda. militares ditadores, tecnocratas e economistas neo-liberais devem muito a Kubitschek.
embora tenha cometido erros básicos que minaram sua chance real de tornar-se a terceira via nas eleições de 2006, a campanha de HH conquistou uma grande vitória para todos os Brasileiros. a realização do segundo turno, para o que a candidatura de HH contribuiu como fator decisivo, permitirá ao país se questionar e amadurecer.
infelizmente, a frente de apoio a HH, formada pelo P-SOL, PSTU e PCB, mostrou-se coerente com o insuperável talento da esquerda em sucumbir a seus próprios conflitos internos. nem ao menos um programa de governo foram capazes de produzir.
sempre se critica o aspecto multifacetado da Esquerda como um de seus mais graves problemas. este tipo de análise é um erro monumental. multiplicidade e diversidade são inerentes a Esquerda e uma vacina infalível contra todos os tipos de totalitarismos. como somos grupúsculos todos nós, que os grupos se multipliquem ao infinito, ao invés de se devorarem uns aos outros.
nascido da falência do PT, e tendo como um dos lemas de campanha que PSDB e PT são como irmãos siameses, o P-SOL se vê diante da encruzilhada de um segundo turno, que possivelmente não aconteceria sem a candidatura de HH.
alguns de seus dirigentes declaram ser inaceitável uma "neutralidade insossa". afirmam também que não se faz política com o fígado, não se importando em ser ou não coerentes. exatamente o mesmo rumo que o PT tomou para se converter no que é hoje em dia. só que demorou mais tempo...
não se trata de mera coincidência que os defensores de um apoio a Lula no segundo turno são os mesmos que permaneceram agarrados ao PT até o último instante. enquanto aqueles que foram expulsos por se manterem fiéis ao programa petista traído por Lula, são também os que fundaram o P-SOL e se mantém firmes às posições assumidas pela campanha de HH.
talvez nunca tenha sido tão necessário quanto agora assumir posições claras e conservar princípios inabaláveis. para resgatar a ética na política o país precisa superar um cenário no qual a Direita sempre vence eleições com candidatos de aluguel; e a Esquerda se conforma em seguir a reboque, condenando-se a optar entre o péssimo e o muito ruim.
sob o disfarce desta encruzilhada se esconde um beco sem saída. é sempre melhor seguir o próprio caminho.
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