22 outubro 2006

giro no vazio

na passagem para o segundo turno havia a percepção de Alckmin estar em superioridade estratégica.

enquanto os tucanos, acomodados no ninho, cantavam vitória, Lula não perde tempo em reagrupar suas forças e lança a contra-ofensiva. a vertiginosa recuperação da campanha do PT deixa tonta a cúpula alckmista.

ao conduzir com brilhantismo a arte da guerra política, ganhando primeiro para só então iniciar a batalha, Lula reconquista a iniciativa e assume a pauta das eleições.

como um exército derrotado que primeiro luta para depois tentar a vitória, a campanha de Alckmin tarda em se dar conta que, pelos fatos em curso, se inclina ao fracasso.

numa pronta, e inédita, autocrítica, Lula reconhece publicamente o erro de faltar ao último debate, reformula sua relação com os meios de comunicação, afasta os envolvidos com o dossiegate e desnuda as vulnerabilidades do adversário, trazendo a eleição para um terreno em que não pode perder.

Alckmin não tem como exorcizar a maldição que herdou de FHC.

à medida que nas pesquisas se amplia a vantagem do PT, também se intensifica na mídia a campanha contra Lula. as primeiras páginas dos jornais e as capas de revistam rivalizam na disputa pela publicação da matéria com poder para, enfim, fulminar a imagem do Presidente.

muito barulho, pouca repercussão. há muito que o quarto poder sucumbira a si próprio. por reduzir informação e crítica à publicidade, já não forma opinião e atinge apenas audiência cativa.

mesmo que Lula e seu governo de “aloprados” tenham fornecido todos os argumentos para a oposição de grande parte da mídia, na verdade esta precisa de apenas um único motivo: o próprio Lula. caso não houvesse nenhuma das razões de fato existentes, a mídia agiria do mesmo modo. o que incomoda não são os inúmeros defeitos, mas as poucas virtudes do Presidente-candidato.

as oligarquias regionais tentam a todo custo manter acesas as chamas do caso dossiegate. fogo que não se apaga, consome-se por si mesmo. a tática das denúncias gira no vazio.

não que haja ilusão e ingenuidade no eleitorado. voto não é absolvição. pesquisa indica Lula como o mais "corrupto", entretanto Alckmin é visto como o que "mais defenderá os ricos”.

certas armas são instrumentos de má sorte. empregá-las por muito tempo produz calamidades.

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