28 outubro 2006

aniversário

27/10/2006. no dia de seu aniversário, que melhor presente poderia Luiz Inácio desejar?

as pesquisas apontavam que ele abrira uma dianteira de mais de 20 pontos sobre seu adversário. ao soprar as 61 velinhas já poderia comemorar antecipado a realização de seu pedido. a faixa do segundo mandato estava ao alcance da mão.

para aquela noite se esperava, no último debate das eleições, uma exibição de afável bom-humor do vencedor magnânimo. mesmo se Alckmin ressuscitasse alguma vocação de guerreiro, não valia a pena Lula aceitar provocação e chutar uma candidatura morta.

havia mesmo a expectativa que, no melhor estilo “paz e amor”, Lula lançaria, no clímax do debate, um apelo conciliatório à oposição.

entretanto, como nos velhos tempos das greves de metalúrgico, naquele dia Lula não estava bom.

muito embora Alckmin mantivesse todo o tempo sua inofensiva postura leguminosa, Lula o golpeou com tanta agressividade, não dispensando inclusive o contato físico, que faltou muito pouco para uma intervenção do mediador a fim de evitar as vias de fato.

ao invés de sorrisos de um feliz aniversário, uma carrancuda irritação. o Presidente-candidato contrariou todas as boas-maneiras do marketing político. deixando de lado o manual do politicamente correto, extravasa espontaneidade e emoções. não que passasse descontrole, e sim um total desinteresse em reprimir a tensão.

com sua atitude, Lula desdenha por completo as consequências eleitorais. já não é o voto que importa. algo o perturbava, mas nada tinha a ver com a certeza da vitória.

quem poderá dizer o que vai no coração de um homem?

talvez Lula já se sentisse à distância, e que distância, sobrevivendo a si mesmo, sem saber como ter esperança, ao se ver, enfim, com uma nitidez que cega, como foi no tempo em que festejavam o dia dos seus anos.

como parar um coração? para que não pense. como fazer para que não vendam a casa? e que os dias não se somem... e que já não se faça anos...

quem sabe Lula apenas pensasse em quando não mais festejarem os dias dos seus anos. mais nada...

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