22/03/2018
CARTA ABERTA ÀS MULHERES DO MST
Nós, os povos das águas da Mantiqueira,
agradecemos às 600 mulheres militantes do MST pelo apoio à nossa causa e que,
por isso, vieram à Nestlé em São Lourenço/MG, reiterar o que há alguns anos
estamos dizendo: água é direito humano, bem comum!
O direito ao protesto pacífico é assegurado
pelas nossas Leis, inclusive pela Constituição Federal. O Estado, por meio das
forças policiais, não pode impedir a livre manifestação, nem o direito de ir e
vir dos manifestantes. Por isso, solidarizamo-nos com as corajosas mulheres que
vieram se manifestar a favor de nossa causa e repudiamos os atos da Polícia
Militar, que tentou cercear esse direito constitucionalmente garantido!
Compreendemos que o dano ao patrimônio privado
é crime e a empresa deve, se quiser, buscar a devida recuperação através da
Justiça. Se comprovada a culpa, os que picharam a fábrica ou destruíram algum
equipamento devem indenizar a empresa na exata proporção do dano causado e
responder perante a Justiça por outros crimes que possam ter praticado.
Contudo, ainda mais, compreendemos que os
danos causados pela Nestlé ao patrimônio natural dos brasileiros, como a
contaminação e esgotamento das fontes de água mineral, devem ser severamente
punidos e a empresa responsabilizada, na exata proporção dos danos causados. A
Nestlé já é ré em vários processos e reafirmamos a necessidade de que ela
continue sendo investigada por outros crimes.
A diferença entre essas duas situações está no
enorme contingente de policiais postos antecipadamente a serviço da proteção do
patrimônio da empresa privada e a inércia das autoridades em apurar os crimes
praticados por aquela empresa. Crimes esses fartamente denunciados e
documentados. A diferença está também no grande número de pessoas "de
bem" que se levantam ferozmente para proteger os direitos (legítimos) da
poderosa empresa multinacional, mas se calam e fingem não ver os gravíssimos
crimes que essa mesma empresa pratica, há anos, contra o nosso país e, em
particular, contra os Povos das Águas da Mantiqueira. É esse comportamento de
subserviência ao capital estrangeiro e desprezo pelo nosso patrimônio natural
que se chama 'subdesenvolvimento'.
Hoje, no dia 22/03, a Nestlé iria realizar uma
cerimônia de entrega das medalhas do projeto que eles nomearam "Guardiões
das Águas 2018", em clara usurpação do movimento que cada vez mais cresce,
os legítimos Guardiões das Águas das Estâncias Hidrominerais de Cambuquira/MG,
Caxambu/MG, Lambari/MG, São Lourenço/MG, dentre outras, consistente na união
dos povos das águas da Mantiqueira em defesa de seus recursos hídricos. Não
bastante sugar e roubar as nossas águas, tentaram, de forma ilegítima, usurpar
o nome que é, em última análise, a identidade do nosso movimento, que cada vez
mais se fortalece! Contudo, graças a ação das mulheres do MST, o evento foi
cancelado!
Os verdadeiros Guardiões das Águas suspiram e
agradecem!
PORQUE MULHERES E ÁGUA NÃO SÃO MERCADORIAS!
Guardiões das Águas, 22/03/2018 - Dia Mundial
da Água
Em carta de apoio às mulheres do MST, que ocuparam a empresa para
denunciar os perigos da privatização, ambientalistas mineiros lembram que a
empresa é ré em processos e defendem novas investigações
vídeo: Os Guardiões das Águas: Beatriz Cerqueira
vídeo: Os Guardiões das Águas: Situação Jurídica - 03/2108
vídeo: Participação na Audiência Pública - Câmara Municipal de Caxambu
(MG)
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