23/01/2018
em artigo sobre a Operação Mãos Limpas, Sérgio Moro
demonstra plena consciência de um grotesco desdobramento político daquela ação
judicial:
“Tendo ou não Berlusconi alguma
responsabilidade criminal, não deixa de ser um paradoxo que ele tenha atingido
tal posição na Itália mesmo após a operação mani pulite.”
“Considerações sobre a operação Mani Pulite”, Sérgio Moro - 2004
com efeito, assim como
acabou sendo na Itália também foi o mesmo no Brasil.
aqui jaz um cadáver putrefato
em meio ao caos: uma seletiva Lava Jato tendo como resultado anunciado conduzir
à Presidência do Brasil um político impopular, inelegível e incapaz de resistir
a qualquer investigação isenta, repetindo os mesmo catastrófico desdobramento
da “Mãos Limpas” italiana, em cujo
rastro Berlusconi chegou ao poder.
a Lava Jato é um
processo imbricado inevitavelmente com a política, sem poder ser reduzida a
seus aspectos puramente técnicos jurídicos. trata-se fundamentalmente de
financiamento empresarial de campanha eleitoral, com objetivo de apropriar-se
de recursos públicos.
os grandes
empreiteiros financiam as campanhas eleitorais como um investimento cujo
retorno se dá por inúmeros favorecimentos em concorrências, aditivos de
contratos, superfaturamentos. este mecanismo foi exposto pela Lava Jato.
os banqueiros obtém
o retorno de seu investimento nas campanhas eleitorais através da Selic, dos swaps cambiais, do spread bancário e da
política econômica voltada para os interesses do mercado financeiro. seus operadores são o Copom, o BC e o Ministério
da Fazenda, levando ao desvio de 42% do orçamento público para o rentismo sob a
cínica rubrica de "pagamento de juros".
apesar disto, a Lava
Jato jamais ousou penetrar no coração das trevas da corrupção no sistema
financeiro, para investigar também as doações eleitorais vindas dos banqueiros.
ao contrário, disto sempre se esquivou insidiosamente, sem nunca cruzar o
limite de uma investigação concebida para ser arbitrária.
após quase 4 anos de
Lava Jato os banqueiros ainda se mantém como os verdadeiros “donos” de uma
política econômica anti-democrática, claramente lesiva aos interesses da maioria
da população e mesmo à própria soberania nacional. trata-se da contrapartida
por conta de seu financiamento de campanhas eleitorais, sem fazerem distinção
de partidos e favorecendo vários candidatos.
após quase 4 anos de
Lava Jato a corrupção continua escancarada, com a compra de votos à vista de
todos no plenário da Câmara Federal. com objetivo de manter a qualquer custo Temer
e sua quadrilha no governo, aprovar as contra-reformas regressivas e converter
o Brasil numa neo-colônia semi-escravocrata.
a Lava Jato prometeu passar a limpo o Brasil,
e tão somente reproduziu um secular Judiciário fora da lei. anunciou-se como
instrumento de superação de um capitalismo de cumpadrio, e gerou a infame
indústria das delações premiadas.
seu resultado final será a total descrença popular no Judiciário
brasileiro, fornecendo o argumento definitivo para a necessidade de sua
democratização.
a Lava Jato é a filha bastarda da Satiagraha, para fazer eclodir o
retorno do reprimido daquilo enterrado pela maldita aliança
entre Lula, Gilmar Mendes, Daniel Dantas e a Editora Abril.
a Lava Jato transformou um processo absolutamente necessário para o
avanço da Democracia Brasileira, numa arma política apropriada pela Direita
para servir mais uma vez aos interesses da plutocracia.
a cada vez que a Esquerda recua, o vácuo é ocupado pelo avanço da
Direita.
a Lava Jato fornece a blindagem jurídica da Democracia sem voto. na qual
todo poder emana de um Judiciário venal, classista, corporativo e
partidarizado.
através de sua interpretação arbitrária das leis ficam cassadas as
garantias individuais, para cumprir a nova Constituição pela qual está garantida
a intocabilidade dos juros pagos aos especuladores.
o limite da
investigação efetuada pela Lava Jato são as contradições intrínsecas do Capitalismo:
financeirização e oligopolização. a contradição interna da Lava Jato é sua
investigação desembocar na constatação da corrupção sistêmica ser endógena ao Capitalismo.
a corrupção não pode
ser corrigida, portanto, pela via policial ou judicial. requer uma solução
política.
“Além disso, a ação judicial não pode
substituir a democracia no combate à corrupção.”
“Considerações sobre a operação Mani Pulite”, Sérgio Moro - 2004
ao pretenderem purificar a política com seus 10 Mandamentos anti
corrupção, os Cruzados de Curitiba
conduziram ao poder um condomínio de gangues patrimonialistas. com um
impeachment sem crime de responsabilidade rasgou-se a Constituição, na maior de
todas as corrupções: a corrupção da soberania popular.
a medida que uma
investigação avança, todos os envolvidos são paulatinamente desmascarados. mas sempre
há um passo a frente. o momento no qual o investigador, ao se encarar perplexo
no espelho, finda por involuntariamente desmascarar a si mesmo.
enfim, a força tarefa da Lava Jato fica exposta como meros marionetes de um jogo fora da
alçada de sua jurisdição.
a Lava Jato & Associados é uma arma de
destruição em massa, dentro da estratégia da Guerra sem Fim promovida pelo Império do Caos. é uma operação
montada de fora, comandada de fora, para atender a interesses de fora. portanto,
é “muito maior” do que nós.
mas ainda assim incondicionalmente apoiada pelo insidioso inimigo interno:
uma lumpenburguesia hereditariamente sócia-minoritária do mega capital
transnacionalizado. cujo projeto de Brasil se restringe a uma plataforma de
valorização do capital financeiro ancorada num porto concentrador de exportação
de commodities.
a tragédia dos
gigantescos prejuízos econômicos, sociais e políticos acarretados pela Lava
Jato & Associados são a consequência inevitável e proporcional
de sua farsa no combate à corrupção. e disto nenhum de seus participantes, seja
em qual nível for, estará isento de ser responsabilizado.
24-JAN-2018. não
esqueceremos. não temos misericórdia. já estamos aqui. a terra treme. são as massas que
movem a História. mais uma vez, elas estão em movimento!
link: Lava Jato e
Associados
.
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