05 outubro 2017

os Brasis: anotações sobre um futuro sem presente

05/10/2017


o golpeachment é contra os BRICS. o Golpe de 2016, como todo fato social complexo, tem muitas causas entrelaçadas. contudo, a determinante é justamente o maior e inegável êxito do Lulismo: uma política externa alinhada com o projeto de tornar o Brasil um fundamental tijolo dos BRICS. o Império jamais poderia aceitar impunemente um mundo multipolar, no qual o Brasil teria papel de destaque, daí a afirmação de Janot: “A Lava Jato é muito maior do que nós”. sem compreender este decisivo fator geopolítico mundial, não se pode estabelecer a estratégia eficaz para a superação do golpe;

2018 é uma miragem no deserto do Lulismo. a superação do Golpe de 2016 não passa por eleições. não pode haver eleições democráticas e legítimas numa Ditadura, como é de fato o regime que vivemos hoje no Brasil, com os três poderes e as instituições sem qualquer compromisso com o poder constituinte. um golpe só pode ser derrotado por um contra golpe. através de um movimento de massas em torno de três eixos: a nulidade do impeachment, a revogação de todos os atos e contratos do governo golpista e a punição de todos os responsáveis pelo golpe;

as intenções de voto em Lula são racionais e coerentes, mas o Lulismo não o é. uma coisa são as intenções de voto declaradas em pesquisa pré eleição. outra coisa bem diferente, é  a capacidade de se honrar as expectativas destes possíveis votos. é preciso muita clareza e sabedoria para distinguir estes dois pontos. as intenções de voto em Lula são racionais e coerentes. o que não é racional e coerente, e aqui se revela como o Lulismo se tornou uma seita de fanáticos, é supor que Lula, por conseguinte o Lulismo enquanto doutrina política, será capaz de honrar as expectativas daqueles que hoje nele declaram seus votos. Lula não tem nem o vigor físico, nem o perfil psicológico, nem a postura política e muito menos a estatura ética para liderar a guerra pela libertação do Brasil;

o ciclo se fechou num retorno ao grau zero da representação. 37 anos depois, fechou-se uma volta completa da espiral para se voltar ao mesmo ponto da fundação do PT, em 1980. então havia consenso quanto a via eleitoral e institucional não ser a prioritária para superar a Ditadura Civil-Militar. por que agora seria diferente, muito embora as características das respectivas ditaduras não sejam similares? então, como hoje, partia-se do grau zero da representação. nenhum dos partidos e associações existentes possuía legitimidade popular. assim nasceram o PT e a CUT. tudo isto terá que ser reconstruído. não será com as hipotéticas, mas certamente viciadas, eleições de 2018 que será feito. e sim, como naquele tempo, com um poderoso movimento de massas;

o melancólico óbito da Ex-querda como vivandeira dos quartéis. o fracasso da Esquerda brasileira pode ser medido por seu patético apelo para as FFAA intervirem para restaurar a Democracia no Brasil. para assinar o atestado de óbito, só falta declarar também ser preferível o cheiro dos coturnos ao cheiro do povo. como se não bastasse o atoleiro do estupro do Haiti, com a versão desonrosa de "suicídio" sobre o Gal. Urano e o infarto fulminante do Gal. Jaborandy, e o lodaçal das favelas cariocas, onde são usadas como força de ocupação aplicando o modelo dos campos de concentração da Faixa de Gaza. em pleno capitalismo global, financeirizado e cognitivo, com uma guerra mundial híbrida deflagrada e o planeta novamente à beira do armagedon termonuclear, setores inteiros do comando das FFAA brasileiras persistem no anacrônico paradigma da Guerra Fria;

o presente é o passado. após reconhecer seu equívoco com uma solução militar para a crise,  Moniz Bandeira chega a óbvia conclusão que a Ex-querda de tudo faz para negar: "a revolução como única saída". dito com outras palavras: só um amplo e capilarizado movimento de massas será capaz de derrotar o Golpe de 2016. nenhum futuro, apenas o que for construído no intenso tempo do agora. às redes e às ruas!
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