Imperium:
o Estado moderno se ergueu sobre os escombros medievais e da queda do Soberano, para recompor a unidade
perdida através do princípio da representação, ficticiamente fazendo como que
uma parte da sociedade encarnasse sua totalidade.
o Estado moderno se concebe como essa parte da sociedade que dela não faz
parte, justamente por isto tem legitimidade para representá-la.
a passagem do Estado absolutista para o moderno apenas liquidou o Rei,
mas conservou a Soberania.
a gênese do Imperium remonta a
I Guerra Mundial, quando as duas práticas infra-institucionais do Estado Liberal dão à luz aos dois polos
super-institucionais do Imperium: a
polícia se torna o Biopoder e a
publicidade transmuta-se em Espetáculo.
a partir deste momento o Estado torna-se secundário em relação ao
conjunto transnacional de práticas autônomas de disciplina, vigilância e
controle.
se antes no Estado absolutista a soberania era fictícia e pessoal, no Imperium ela se exerce de modo
pragmático e impessoal.
o Imperium não tem e jamais
terá existência jurídica, institucional, pois
ele não precisa disto.
enquanto o Estado Moderno opera com a Lei e a Instituição, para o Imperium importam mais as Normas e os
Dispositivos.
o Imperium não é e não saberia
ser um poder separado da sociedade, ele é a "sociedade" enquanto esta é um poder. o Imperium não admite o fora, sendo impossível dele se excluir
completamente.
no Imperium o Estado de Exceção
é o regime normal da Lei, a crise é a
forma normal de governar e a rede
global de contra-insurreição o princípio normal
de governo.
o Imperium não sobrevém ao
final de um processo ascendente de civilização, como seu coroamento, mas ao
termo de um processo involutivo de degradação, a qual tenta frear ou
imobilizar.
o Imperium é o último estágio
antecedendo o caos, a última parada da civilização antes de seu término. o momento no qual o que denominamos
de civilização enfim se desmascara definitivamente como barbárie.
o homem do ressentimento, o intelectual, o imunodeficiente, o humanista,
o transplantado ou o neurótico oferecem o modelo do cidadão do Imperium.
a vida mutilada não aparece somente como uma consequência do avanço do Imperium, mas é, em primeiro lugar, uma condição deste.
cada cidadão do Imperium pode,
a todo instante, revelar-se um policial, o que tende a fazer também de cada
qual um suspeito.
na medida em que nosotros se
mantém em contato com sua própria potência, mesmo que seja apenas pensando
sobre sua experiência, nosotros
representa um perigo no seio das metrópoles do Imperium.
o Imperium não se opõe a nosotros como um sujeito, e sim como um meio
hostil, no qual nosotros tende a ser
aniquilado.
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