- o Golpe de 2016 é um processo ainda
em curso, aprofundando-se sem qualquer possibilidade de estabilização, dadas as
insanáveis contradições que gerou;
- a aplicação das “medidas
impopulares”, rejeitadas por quatro vezes nas urnas, só podia se dar
através de um golpe de Estado. contudo, a superação de suas consequências
sociais, econômicas, políticas e institucionais, só se viabiliza,
paradoxalmente, pela aplicação de “medidas populares”. ou seja, fazer o grande
Capital pagar o pato de uma crise por ele gerada;
- a Crise de 2008 foi uma fratura
estrutural, da qual o Capitalismo só se recicla com violenta e gigantesca
destruição de forças produtivas. para superar o Crash de 1929 o New
Deal foi insuficiente, apenas com o holocausto da II Guerra Mundial
abriu-se um novo ciclo dourado de expansão do Capital;
- é neste contexto de crise estrutural do
Capital que o Golpe de 2016 deve ser compreendido e enfrentado;
- para a luta contra o Golpe de 2016 há
duas propostas, que podem, e devem, ser complementares: a via
institucional/eleitoral e uma amplo de capilarizado movimento de massas;
- o foco na via institucional/eleitoral exige
o não acirramento do movimento de massas, para não trazer ainda mais
instabilidade a um cenário já bastante conturbado, o que poderia comprometer a
realização das Eleições de 2018;
- o Lulismo trabalha com um cenário de
Lula confirmado como candidato, vencendo ainda provavelmente no 1o. turno. ou
no caso de alguém indicado por Lula, recebendo maciça transferência de votos. assim
sendo, quanto menor a instabilidade melhor, pois a vitória eleitoral já estaria
literalmente assegurada;
- o foco no movimento de massas exige a
imediata retomada da organização pela base, acompanhada de uma constante
participação e disputa em todos os movimento sociais e políticos, pois nada
garante as Eleições de 2018, assim como o mandato de um governo popular,
senão o Poder Popular: a população organizada pela base e lutando por
melhores condições de vida;
- o foco no movimento de massas não prescinde
da via institucional/eleitoral. ao contrário, considera que esta tem importância
insubstituível, somente não pode ser o eixo principal da luta;
- o setor dominante no Brasil é neo colonial,
semi escravocrata e sócio minoritário do Capital Financeiro Global,
tendo como seu projeto global um Estado Pós-Democrático. fundamentado num
regime de exceção permanente, sua garantia é dada por um Judiciário venal,
corporativo, seletivo, classista e partidarizado. neste projeto não há lugar
para a Democracia Liberal Representativa, e muito menos o Estado de
Bem Estar Social;
- mesmo num cenário de novo governo de Lula,
ou alguém indicado por ele, não há mais espaço para a reedição de um modelo no
qual os banqueiros e grandes empresários ganhem muito dinheiro, como nunca
antes neste país, e ainda assim alguns benefícios sejam concedidos para a
maioria da população. para dar a amplos setores sociais será necessário tirar
privilégios de uma minoria;
- é neste descompasso entre as circunstâncias
da realidade e o projeto político do setor majoritário da Esquerda (Lulismo)
que o Brasil se deixou voluntariamente capturar numa paralisia progressiva.
a imagem de Lula sendo carregado nos ombros do povo para se entregar à PF é o
símbolo deste projeto: preso, mas na liderança das intenções de voto em todas
as pesquisas;
- a paralisação do transporte terrestre de
cargas, sobretudo por toda sua complexidade, expõe as contradições causadoras deste estado de paralisia
progressiva, também aponta sua única chance de cura: através de um amplo e
capilarizado movimento de massas.
em meio a uma acentuada crise econômica, tudo sob o céu está mergulhado
no caos. os de cima já não podem governar como antes. enquanto os de baixo já não
suportam sê-lo, sendo empurrados para
uma ação histórica independente.
todas as razões para uma revolução estão aí.
mas não são as razões que fazem as revoluções. são as pessoas. e seus
corpos estão imobilizados à espera. esperando o quê? talvez pela revolução...
ou, certamente, pelas Eleições de 2018.
p.s.: monster truck, a conjuntura
alucinada de Mad Max na BR-2018.
vídeo: BR-3 - Tony Tornado e Trio Ternura - 1970
.
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