05 maio 2018

Brasil em Transe: unidade na ilusão

05/05/2018


Wolfgang Schäuble, citado por Yanis Varoufakis

a medida em que as contradições fazem o Lulismo desabar moribundo sob o peso insustentável de suas propostas ocas e de sua prática política vazia, suas correntes internas se soltam, canibalizando-se em disputa pelo espólio do capital eleitoral de Lula.

é cobra mordendo cobra. abutre bicando abutre.

ébrios pelo odor nauseabundo, hienas e urubus não conseguem cessar de girar em torno de um cadáver adiado que procria, obcecados por se apossarem da herança em vida.

muito embora não se possa discordar da palavra de ordem "Eleição sem Lula é fraude!", é preciso ir além: "Eleição é farsa!";

- a forma de governo assim denominada Democracia Liberal Representativa foi concebida para ser justamente um instrumento de controle da população. para se evitar que as amplas camadas oprimidas viessem a ter autêntico protagonismo, mas se conservando uma aparência de participação. por isto, a medida da participação de fato aumentar, acirrando a contradição intrínseca ao modelo, o véu da farsa democrática é rasgado para se exibir a face do Estado de Exceção. afecremovida para o golpe de estado entra na ordem do dia. este é o beco sem saída da Democracia Liberal Representativa;


nunca como antes neste país, estiveram tão expostos os estreitos limites deste cárcere conhecido pela alcunha de: Democracia Liberal Representativa.

em meio a derrota e ao fracasso, com tudo ao redor em acelerado processo de putrefação, ainda circula incólume o espectro de uma última quimera: a união das Esquerdas.

mas a união não se trata de uma palavra inspiradora, facilmente disponível a ser arrancada do dicionário para ser brandida em nome das boas intenções e da paz na terra.

união é o resultado de relações construídas, e mantidas, tanto através de opções quanto das ações coerentes destas decorrentes.

ao contrário de se constituir em princípio fundador, de causa deflagradora, ou pré requesito indispensável, a união é consequência de ações concretas levadas a cabo coletivamente.

como tudo hoje no jogo de espelhos no qual a quase totalidade da Esquerda brasileira se encontra perdida, a perspectiva está invertida.

não é a união que gera a luta. é de uma luta imposta por condições incontornáveis que nasce a união.

para haver união, deve haver luta. para haver luta, ela deve ser travada prioritariamente por fora das instituições.

para haver luta travada prioritariamente por fora das instituições, seu foco não pode ser jurídico-eleitoral.

o Lulismo continua afundando dentro de um abismo, que ele mesmo escava ao correr atrás do próprio rabo. com todos se unindo numa ilusão, mesmo no fundo sabendo não haver saída deste poço no qual se atiraram.

e nenhuma Frente Ampla no gueto da cúpula será capaz de dentro dele arrancar o Brasil. apenas pelas bases, com um amplo e capilarizado movimento de massas se constrói este poder.

somente a luta muda a vida.
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